Ano de seca global gera temor de nova crise na produção agrícola

Neste ano, os Estados Unidos passaram pela sua pior seca em mais de meio século.

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Uma onda de secas nos países de maior produção agrícola está provocando o aumento dos preços dos alimentos em todo o mundo, despertando temores de uma crise semelhante à que ocorreu há quatro anos.

Neste ano, os Estados Unidos passaram pela sua pior seca em mais de meio século. Grandes extensões de terra da Rússia também não tiveram chuva suficiente. Até mesmo a temporada de monções na Índia foi seca. Na América do Sul, o índice pluviométrico ficou abaixo da média histórica.

Como resultado, algumas colheitas desabaram, provocando uma disparada, por exemplo, nos preços de cereais, que estão quase no seu patamar mais alto. Em 2008, um fenômeno semelhante provocou tumultos em 12 países e fez com que a ONU convocasse uma reunião especial para lidar com a crise da alta do preço dos alimentos.

A falta de chuva neste ano é o principal fator de risco para que uma crise de natureza semelhante se repita. O foco principal está na produção de milho nos Estados Unidos, mas a produção mundial de soja e de grãos também caiu.

Apesar da seca em diversos países e da queda na produção de commodities como o milho, outros elementos apontam para um cenário menos preocupante.

Exportações e biocombustíveis

Até agora, a crise não se agravou porque - ao contrário do que ocorreu em 2008 - países que são grandes produtores rurais, como a Rússia, não impuseram restrições à exportação de alimentos para beneficiar os preços em seus mercados domésticos.

"Grandes produtores estão sofrendo com a seca, mas eles estão honrando seus contratos de exportação", diz James Walton, economista-chefe da empresa de especialistas em alimentos IGD.

Especialistas dizem que o Sistema de Informações do Mercado Agrícola, que foi criado no ano passado para troca de dados de produção rural no mundo, tem tido um papel importante na prevenção de uma nova crise.

"Os governos estão evitando tomar medidas restritivas. A oferta não está tão ruim e os estoques também não", diz Abdolreza Abbassian, economista da FAO, a agência da ONU para alimentos e agricultura.

Segundo ele, mesmo a baixa colheita mundial de arroz não está provocando escassez do alimento. Já o trigo está até mesmo superando o nível de 2007. A produção de açúcar no Brasil também está acima do esperado, e a China teve boas colheitas de diversos produtos.

Outra diferença em relação a 2008 é que, hoje, há menos pressão dos mercados de biocombustíveis - um dos fatores relevantes na última crise. Naquela ocasião, preços recordes do barril de petróleo levaram a um aumento na demanda por combustíveis alternativos.

Milho e açúcar, por exemplo, passaram a ser comprados por usinas. Nos Estados Unidos, cerca de 40% do milho é usado para produzir etanol.

Agora, o preço do petróleo está bem abaixo dos picos de 2008, e a ONU diz que menos alimentos estão sendo usados na produção de biocombustíveis.



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