Bancos privados têm lucros recordes, diz levantamento feito pelo Banco Mundial

O aumento das receitas só no que se refere a investimento de renda fixa e variável foi de 41% em média, nos quatro principais bancos analisados

Bradesco foi um dos bancos que se destacaram na pesquisa de lucros | Divulgação
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As atividades dos bancos privados tiveram um primeiro semestre excepcional em 2013 - o aumento das receitas só no que se refere a investimento de renda fixa e variável foi de 41% em média, nos quatro principais bancos analisados (Itaú, Bradesco, Santander e BTG). Os dados são parte de um levantamento feito com informações repassadas pelo Banco Mundial.

Para se ter uma ideia, os ganhos do maior banco privado brasileiro - o Itaú - apenas nos primeiro trimestre do ano, são de cerca de US$ 3,11 bilhões, números que incrivelmente são maiores do que o Produto Interno Bruto (PIB) de cerca de 33 países mais pobres do mundo, ficam principalmente na África, Oceania, Ásia e América Central. O ranking do Banco Mundial compara a economia de 190 países.

Boa parte do excelente desempenho dos bancos privados, para o economista Luís Oliveira, advém de pontos bastante criticados, tanto por clientes consumidores quanto pelo próprio Banco Central, que vem cobrando juros menores e a redução dos spreads bancários também nos bancos privados.

?Nós temos números muito positivos pra comparar, a economia brasileira foi considerada a sétima maior do mundo. Se a economia brasileira tem tido um bom desempenho, o Banco Central vem cobrando dos bancos privados que os spreads no país não sejam o maior do mundo também. Já vimos o posicionamento de bancos públicos como o Banco do Brasil, e da Caixa Econômica Federa, que já vem reduzindo juros e são os que mais financiam programas que atendem às classes menos favorecidas economicamente?, reflete o economista.

O especialista lembra que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, tem batido forte contra os bancos privados para que esta redução também ocorra entre eles e o argumento é que, se os bancos públicos que têm rentabilidade tão alta quanto os bancos privados e baixa inadimplência tem feito isso, portanto, não há risco para que os mesmos repitam o posicionamento de queda nos juros.

?Contudo o que vemos é um cenário ainda complicado e isso não reflete apenas na economia de forma ampla, mas também na economia local. Em especial no Piauí, onde temos muitos aposentados e pensionistas, funcionários públicos que recorrem ao crédito cedido por estes bancos - sejam públicos ou privados - para financiar imóveis, veículos e bens mais caros que, involuntariamente por uma questão de prática financeira, demanda a cobrança de juros?, explica.

Com faturamento de R$ 10,03 bilhões, Banco do Brasil supera Itaú e tem lucro histórico

Com informações da Agência Brasil confirmadas por dados recentes divulgados pelo Banco Central, o Banco do Brasil divulgou que, nos primeiros três meses de 2013, o lucro líquido somou R$ 2,55 bilhões. De acordo com balanço divulgado pela instituição na segunda-feira(13), no primeiro semestre o lucro líquido foi recorde e pouco superior a R$ 10 bilhões.

O resultado teve alta de 148,4%, comparado a 2012, impulsionado pela venda de ações de sua área de previdência, seguros e capitalização. Outro fator positivo e bastante comemorado por ser um bom indicador para a saúde da economia financeira do país é o fato da inadimplência também ter diminuído.

O BB divulgou que os índices de inadimplência do banco mantiveram-se em queda. Em junho último, o índice de operações vencidas há mais de 90 dias representou 1,87% da carteira de crédito, abaixo dos 2% registrados em março deste ano. Esse foi o menor valor registrado nos últimos 11 anos.

Já o crédito imobiliário atingiu saldo de R$ 17,3 bilhões em junho, o que representa uma expansão de 76,3% em 12 meses. Destaque para a carteira de pessoa física, com crescimento de 78,8% em um ano, encerrando o período com saldo de R$ 13,7 bilhões e 39.596 operações contratadas. Em relação ao volume contratado no semestre, as pessoas físicas responderam por R$ 5,2 bilhões, enquanto as pessoas jurídicas representaram R$ 4,1 bilhões.

No semestre, o BB ainda alcançou a marca de 170 mil unidades habitacionais contratadas nas faixas 1, 2 e 3 do Programa Minha Casa, Minha Vida, sendo 85.192 unidades para famílias com renda familiar mensal até R$ 1.600. Os ativos da instituição financeira alcançaram R$ 1,21 trilhão no primeiro semestre de 2013, crescimento de 15,5% em 12 meses, favorecido, principalmente, pela expansão da carteira de crédito.

O faturamento total com cartões atingiu R$ 49,7 bilhões no segundo trimestre de 2013, crescimento de 22,5% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Destaque para o faturamento com cartões de crédito, que alcançou R$ 29,4 bilhões, evoluindo 24,2% em relação ao mesmo período de 2012.

O crescimento da utilização dos cartões como meio de pagamento e instrumento de acesso às linhas tradicionais de crédito tem ampliado o faturamento da modalidade, especialmente no segmento empresarial, que cresceu 28,9% na comparação com o mesmo período do ano anterior. (M.R. com informações da Agência Brasil)

Bancos brasileiros estão entre os que mais lucram

De acordo com os analistas do mercado financeiro, é justamente a alta taxa dos juros cobrados pelos bancos brasileiros que faz com que as instituições financeiras daqui tenham lucros cada vez maiores.

A título de comparação, o Itaú, apesar de ser só o 39º maior banco do mundo no ranking geral da revista britânica ?The Banker?, é o 13º quando o assunto é cobrança de juros. O conglomerado financeiro recebeu US$ 27,687 bilhões com empréstimos no ano passado.

Os três maiores bancos do país (Itaú, Banco do Brasil e Bradesco) ganharam, juntos, US$ 72 bilhões com juros em 2012. Segundo declarações recentes do ministro da Fazenda, os bancos privados captam recursos a 9,75% ao ano e emprestam a 30, 40, 50 ou 80% ao ano, dependendo das linhas de crédito. Para ele, essa situação não se justifica.

O governo vem há algum tempo tentando estabelecer um acordo com os bancos privados para reduzir o spread bancário. A negociação começou a ser costurada, mas esbarra na resistência da equipe econômica em atender uma das principais reivindicações do setor: a diminuição da carga tributária e dos compulsórios embutidos no custo dos empréstimos, que respondem por 26% do spread.

A cúpula da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) apresentou uma lista de 22 itens que seriam necessários, na visão dos banqueiros, para derrubar esses encargos financeiros. Os bancos argumentam, por exemplo, que cerca de 66% do spread corresponde a custos (tributos e compulsórios, inadimplência e custos administrativos). Enquanto a margem de lucro seria em torno de 34%. Enquanto o impasse não se resolve entre governo e bancos privados, o consumidor brasileiro segue pagando os juros mais caros do mundo e se surpreendendo a cada trimestre com números que demonstram cada vez um melhor desempenho das instituições financeiras privadas.



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