BC retira R$ 61 bi do mercado para controlar oferta de crédito

O depósito compulsório é a quantia que os bancos são obrigados a colocar em uma conta no BC

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O Banco Central (BC) e o Conselho Monetário Nacional (CMN) anunciaram nesta sexta-feira uma série de medidas para enxugar a liquidez da economia e evitar o surgimento de "bolhas", em um momento de inflação em alta e a menos de uma semana da próxima reunião o Copom. O governo elevou o compulsório sobre depósitos à vista e a prazo e tornou mais caro o crédito de longo prazo das pessoas físicas. O "efeito líquido do processo" referente aos compulsórios

será de um recolhimento adicional de R$ 61 bilhões.

O depósito compulsório é a quantia que os bancos são obrigados a colocar em uma conta no BC. Com isso, a autoridade monetária controla o nível de dinheiro em circulação, influenciando a oferta de crédito e as taxas de juros. Durante a crise financeira de 2008, o governo aliviou o valor do compulsório para aumentar a disponibilidade de crédito e retomou os níveis normais depois que o mercado obteve a liquidez (oferta) necessária.

"Essa medida que tem um caráter macroprudencial, portanto, reduz a liquidez no mercado financeiro e inibe o surgimento de trajetórias não sustentáveis, as bolhas no crescimento do volume de crédito e a assunção de riscos que podem ser negativos para a economia", disse a jornalistas o presidente do BC, Henrique Meirelles, após o anúncio.

Segundo Meirelles, o recolhimento total ficará R$ 10 bilhões acima do que prevalecia antes da crise e representa um ajuste devido à inflação e à expansão do crédito no período. O presidente do BC afirmou que as medidas são prudenciais, mas terão impacto macroeconômico no nível de atividade e na inflação.

Ele lembrou ainda que há uma equivalência entre medidas macroprudenciais e as ações convencionais de política monetária. Ressaltou, porém, que "não são substitutas perfeitas, mas devem ser aplicadas com finalidades específicas". A poucos dias da próxima reunião do Comitê de Pollítica Monetária (Copom), a leitura inicial dos mercados parece ter sido de

que uma alta dos juros ficou mais distante.

Repercussão

De acordo com Luciano Rostagno, estrategista-chefe da CM Capital Markets, essa medida dará mais tempo apra o próximo governo pensar em uma política monetária. "Ele (Meirelles) usa este tipo de medidas e aguarda para ver qual é o impacto desse medida sobre a demanda e sobre a própria inflação. Eu já esperava que os juros seriam mantidos na semana que vem, então isso reduz bastante a chance de haver uma alta de juros na semana que vem. O País está com problema de excesso de demanda e essa é uma medida que pega mais sobre a demanda. Ele deixa a porta aberta, dá uma flexibildade para a próxima equipe fazer o que ela achar que é mais prudente - se sobe juros ou não em janeiro."

"Estas medidas deverão ter impacto sobre o ritmo de crescimento da demanda recente, adiando, por algum tempo, a necessidade de elevação de juros - muito possivelmente, o Copom vai analisar os impactos destas medidas sobre o crédito e a demanda antes de reiniciar um ciclo de alta de juros. Deve-se ter em mente, também, que as medidas tomadas têm caráter prudencial, tendo em vista o forte crescimento do crédito nos meses recentes. Os impactos, contudo, deverão ocorrer tanto nos aspectos qualitativos do crédito - prazo e juros -, como quantitativos, isto é, a disponibilidade de crédito ao consumidor deve ser reduzida", afirma um relatório da Rosenberg & Associados.



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