Contas do setor público tem o pior mês desde 2001

De janeiro a setembro, superávit cai 64,5% e continua abaixo da meta

|
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

O setor público consolidado, formado pelo governo, pelos estados, municípios e empresas estatais, registrou um déficit primário de R$ 5,76 bilhões em setembro deste ano, o pior resultado para o mês em oito anos, ou seja, desde 2001. Os números foram divulgados pela autoridade monetária nesta sexta-feira (30).

O resultado do mês de setembro foi influenciado pelo forte déficit do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que registrou um rombo de R$ 9,17 bilhões no mês passado. O fraco resultado se deve ao pagamento de metade do 13º salário dos aposentados e pensionistas.

O resultado das contas do setor público só não foi pior em setembro porque os estados e municípios contribuíram com um superávit de R$ 1,72 bilhão no mês passado, enquanto que as empresas estatais registraram um resultado positivo de R$ 535 milhões no último mês.

Acumulado do ano No acumulado dos nove primeiros meses deste ano, ainda segundo informações do BC, foi contabilizado um superávit primário, ou seja, a economia feita para pagar juros da dívida pública e tentar manter sua trajetória de queda, de R$ 37,71 bilhões, o equivalente a 1,7% do Produto Interno Bruto (PIB).

Isso representa uma queda de 64,5% em relação ao mesmo período do ano passado, quando houve um resultado positivo de R$ 106,42 bilhões, ou 3,68% do PIB. Em doze meses até setembro deste ano, ainda segundo o Banco Central, o superávit primário totalizou R$ 34,66 bilhões, ou 1,17% do PIB.

A queda do superávit primário neste ano está relacionada, principalmente, com a crise financeira internacional, que gerou recuo na arrecadação de tributos. Ao mesmo tempo, segundo mostram números do Tesouro Nacional, os gastos do governo continuaram subindo em 2009 - assim como o registrado nos últimos anos. De janeiro a setembro, os gastos já avançaram quase R$ 60 bilhões, enquanto as receitas líquidas do governo recuaram R$ 6,72 bilhões.

Meta de superávit de 2009 Em ambos os períodos de comparação, ou seja, no acumulado de janeiro a setembro deste ano, ou em doze meses até setembro de 2009, o setor público está abaixo da meta de superávit primário, já revisada, para todo este ano - que é de 2,5% do PIB. A meta, entretanto, só vale para o ano inteiro. Mas a trajetória das contas públicas mostra que o governo terá de gastar menos, ou arrecadar mais, de outubro a dezembro deste ano, para cumprir a meta.

Ou então, se utilizar da prerrogativa de abater parte dos gastos do PPI (projeto-piloto de investimentos), que são os gastos em infraestrutura (portos, aeroportos e estradas, entre outros) no resultado primário - possibilidade que já existe há vários anos, mas nunca foi utilizada pelo governo. O secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, informou nesta quinta-feira (29) que, em 2009, por conta da crise, o governo poderá usar esse artifício pela primeira vez na história.

Impacto na dívida pública

O reflexo imediato da redução da economia feita para pagar juros é o aumento da dívida pública - indicador que é olhado com atenção por investidores internacionais, pois indica a capacidade de pagamento do país. De agosto para setembro, a dívida subiu de R$ 1,28 trilhão (44% do PIB) para R$ 1,32 trilhão (44,9% do PIB). No acumulado de janeiro a setembro deste ano, a dívida avançou 6,1 pontos percentuais, uma vez que estava em 38,8% do PIB no final de 2008.

Também contribuiu para o crescimento da dívida neste ano, e para a redução do superávit primário, a exclusão da Petrobras das contas públicas. Somente este fator elevou a dívida em três pontos percentuais.

Déficit nominal

Após contabilizar todas as despesas com juros, que somaram R$ 124,9 bilhões nos nove primeiros meses deste ano, contra R$ 126,5 bilhões em igual período do ano passado, o déficit das contas públicas (pelo conceito conhecido como "nominal") somou R$ 87,26 bilhões até setembro, ou 3,9% do PIB. Em igual período do ano passado, o déficit nominal das contas do setor público foi bem menor: de R$ 17,07 bilhões, ou 0,80% do PIB. Segundo a instituição, isso representa um aumento de 411% no déficit das contas públicas, após a contabilização dos juros, nos nove primeiros meses deste ano.



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES