Emprego formal segue em queda, mas renda do trabalhador é quase recorde

A renda média de R$ 1.473,70 foi a maior para o mês de setembro, desde o início da série.

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Apesar de ter registrado a menor taxa de desemprego no ano --7,7% em setembro-- o mercado de trabalho brasileiro em 2009 vem perdendo qualidade em relação ao ano passado, com queda no nível de formalização e menor entrada de empregados com carteira assinada, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A PME (Pesquisa Mensal de Emprego) aponta que 54,9% dos trabalhadores inseridos no mercado têm carteira assinada, ou estão sob leis trabalhistas. Trata-se do menor nível do ano, e a terceira queda consecutiva --a proporção chegara a 55,7% em janeiro. Ao mesmo tempo, a população ocupada vem crescendo em ritmo inferior.

Na média de janeiro a setembro, 21,1 milhões de brasileiros estavam empregados, o que indica incremento de 0,8% sobre igual período no ano passado. Avaliando esse período de tempo, é o menor crescimento da série, iniciada em março de 2002. De janeiro a setembro de 2008, a população ocupada havia avançado 3,5% sobre igual período no ano anterior, por exemplo.

Nos nove primeiros meses do ano, a taxa de desemprego média é de 8,4%; em 2008, era de 8,1% em igual período. "A queda na taxa de desemprego já era esperada. Mas ela não significa uma recuperação. Para que isso ocorresse, a queda teria que ser mais intensa, com a ocupação mais forte", afirmou o coordenador da PME, Cimar Azeredo. Em relação ao emprego formal, a retração verificada demonstra uma piora na qualidade do mercado de trabalho, avaliou Azeredo.

O IBGE não identificou se esse contingente migrou para o emprego sem carteira ou para o trabalho por conta própria, mas os dados de setembro mostram um crescimento de 2% frente a agosto, ou 55 mil trabalhadores entre os que não têm carteira assinada no setor privado. Em relação a setembro de 2008, porém, houve retração de 6,9%, ou 205 mil trabalhadores. Já os empregados com carteira no setor privado diminuíram 0,3% na passagem de agosto para setembro. Isso significou 29 mil trabalhadores no emprego formal. Na comparação com setembro de 2008, foi constatada alta de 1,4%, ou 134 mil trabalhadores a mais.

A queda no emprego formal é puxada por São Paulo. Na região metropolitana mais populosa do país, o emprego com carteira teve queda de 1% frente a agosto, e de 1,1% na comparação com setembro do ano passado. Para Azeredo, o menor número de pessoas com carteira pode estar associado às demissões na indústria, segmento que tradicionalmente apresenta maiores níveis de formalidade. Na indústria paulista, o número de vagas caiu 3,8% (-73 mil postos) entre agosto e setembro.

Em relação a setembro do ano passado, houve queda de 1,2%, o que significou retração de 22 mil vagas. "O emprego com carteira passou a apresentar níveis mais baixos de crescimento justamente a partir da crise, em setembro do ano passado", observou Azeredo. A boa notícia é que o rendimento real do trabalhador brasileiro já se aproxima dos níveis recordes verificados em 2002.

A renda média de R$ 1.473,70 foi a maior para o mês de setembro, desde o início da série. De janeiro a setembro, a renda média é de R$ 1.338,22, a menor desde 2003 --a comparação exclui 2002, quando o desemprego começou a ser registrado em março. Se for avaliado apenas o período de março a setembro, a renda média de R$ 1.337,56 verificada em 2002 supera em apenas 0,2% os R$ 1.334,44 verificados no período, este ano. "O poder de compra da população ocupada segue crescendo, influenciado pelo aumento do salário mínimo e pela inflação mais baixa. É positivo, visto que estamos saindo de um cenário econômico complicado", comentou Azeredo.



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