Fernando Haddad estuda regularizar apostas esportivas

Na elaboração da medida provisória necessária para colocar ordem no jogo, a equipe de Haddad tem se espelhado em exemplos de outras nações

Fernando Haddad | Diogo Zacarias
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

O Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deu um prazo até o fim de março para que uma medida provisória que regulamenta apostas esportivas seja editada e passe a vigorar no país. 

Autorizada por força de uma lei em dezembro de 2018, no final da gestão de Michel Temer, a chamada aposta por cota fixa passou os quatro anos do governo de Jair Bolsonaro rodando em círculos no campo das negociações à espera das regras e normas que balizassem o setor. Sob novo comando, o Ministério da Fazenda abraçou a ideia. As informações são da Veja

Fernando Haddad, ministro da Fazenda | FOTO: Diogo Zacarias

Do tradicional futebol (incluindo feminino, divisões menores e torneios juvenis do mundo todo) ao jogo de dardos, passando por tênis de mesa, badminton e até os e-sports, entre outras dezenas de modalidades, o segmento movimenta bilhões de reais no país, mas nenhum centavo de impostos chega aos cofres públicos. Em 2018, o faturamento do setor foi de cerca de 2 bilhões de reais. Quatro anos depois, pulou para 15 bilhões de reais e as projeções sempre apontam para cima.

O que também aumentou foram as cotas de patrocínios. Em 2021, o Flamengo fechou um contrato de exposição da marca da Pixbet na parte de cima de sua camisa por 24 milhões de reais por ano. No São Paulo, a Sportsbet.io desembolsa 29 milhões de reais anuais pela cota master de propaganda no uniforme.

Setor movimenta bilhões de reais todos os anos | FOTO: Reprodução

Estudos sobre o tema

Nas últimas semanas, o time de Haddad vem se debruçando sobre o arcabouço da MP e das sucessivas portarias que serão emitidas enquanto a norma principal tramitar no Congresso Nacional.  O modelo definido será o de outorga, ou seja, quem quiser operar no Brasil deverá pagar uma taxa, de cercade 30 milhões de reais (ante 22 milhões de reais aventado pelo governo Bolsonaro), válida a princípio por cinco anos, mas podendo ser maior, com majoração do pagamento inicial.

“O valor da outorga não é problema para quem quer trabalhar. Mas o mercado pede pelo menos dez anos de prazo”, afirma André Feldman, presidente da recém-criada Associação Nacional de Jogos e Loterias.

Tributação

A Fazenda também estuda a forma de tributação. Enquanto as empresas de apostas estarão sujeitas à taxação convencional, de acordo com o faturamento, os apostadores também deverão recolher tributos. A alíquota ainda não está fechada, mas vai variar entre 10% e 20% do prêmio, sem nenhuma faixa de isenção.

Na elaboração da medida provisória necessária para colocar ordem no jogo, a equipe de Haddad tem se espelhado em exemplos de outras nações. Países como Dinamarca e Suécia inspiram o Brasil em uma regulamentação que não gere monopólio, mas que impeça a entrada de companhias sem fôlego financeiro para arcar com todos os custos do negócio.

O governo ainda vai receber dos Estados Unidos ajuda em tecnologia para resolver questões de geolocalização dos apostadores, de forma a coibir entrada de operadores piratas e combater fraudes em apostas estaduais (cada estado também poderá operar no mercado on-line).

Com a determinação de pagamento da outorga e de algumas obrigatoriedades, como capital mínimo e a necessidade de representações físicas e fixas no país, a expectativa do governo é que entre setenta e 100 empresas permaneçam no mercado nacional, número que equivale, no máximo, a 10% dos sites de apostas que atuam por aqui, a maior parte com endereços fora do país e muitas em paraísos fiscais.

Ministério da Fazenda comenta sobre o assunto

O Ministério da Fazenda (MF) prepara uma medida provisória, que será encaminhada à Casa Civil, para regulamentar a operação dos sites de apostas no Brasil. Embora a atividade esteja prevista no país desde a sanção da Lei nº 13.756, no final de 2018, o vácuo de regulamentação – ou seja, a falta de detalhamento sobre como a lei deveria ser aplicada – transformou, na prática, o setor em uma atividade sem regras a serem cumpridas.

A MP vai alterar a lei e sanar algumas lacunas de modo a permitir que o MF inicie a normatização da atividade, regulamentando todas as exigências para o funcionamento dos sites, normas de tributação, sanção, fiscalização de integridade esportiva e financeira de apostas no país, com regras claras estabelecidas em atos normativos específicos.

Essa omissão, que durou quatro anos, gerou uma série de prejuízos. Sem a regulamentação, o governo federal ficou impedido de cobrar impostos e taxas incidentes sobre essa atividade, que movimenta, segundo estimativas, bilhões de reais por ano. 

A falta de regulamentação e de cobrança de taxas também fez com que o Brasil deixasse de estruturar e manter uma rede de monitoração de comportamentos suspeitos, com penalização de responsáveis, protegendo a integridade desportiva de situações como tentativas de manipulação de resultados de jogos. A normatização defenderá também os apostadores e as empresas do segmento. 

A regulamentação exigirá que as empresas de apostas sejam sediadas no Brasil – já que hoje encontram-se no exterior –, aprimorando a fiscalização, a arrecadação e a interlocução com os agentes que atuam no setor. A MP pretende, ainda, coibir que a as apostas sejam utilizadas como meio de realização de lavagem de dinheiro.



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES