Gasolina sem reajuste de preços prejudicou setor alcooleiro

Com margens de lucro apertadas, e com aumentos de custos, os preços do álcool subiram e o combustível acabou perdendo competitividade para a gasolina

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O diretor-executivo da União da Indústria de Cana-de-Açucar (Unica), Eduardo Leão, disse que o fato de a gasolina estar sem reajustes de preços há cinco anos é um dos fatores que contribuíram para crise no setor de álcool. Com margens de lucro apertadas, e com aumentos de custos, os preços do álcool subiram e o combustível acabou perdendo a competitividade para a gasolina, que está sem reajustes há alguns anos.

E essa situação levou ao fechamento de muitas usinas e redução de área plantada de canaviais. Em seminário realizado hoje pela manhã no Rio, promovido pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Finança (Ibef), o executivo destacou que o setor alcooleiro teve também vários outros problemas que resultaram na redução da oferta do produto nos últimos anos, como a quebra da safra da cana e a não renovação dos canaviais, com a perda de 20% em sua produtividade.

Ele citou a falta de investimentos para a expansão da oferta de álcool.

- Não vemos surgir novas usinas, e esse é nosso ponto principal na discussão com o governo. Nós competimos com a gasolina na bomba com o álcool hidratado. Mas o grande problema do setor é que esse seu competidor na bomba praticamente não se altera há cinco anos - disse Eduardo Leão.

Segundo o executivo, não existe uma regra que permita se entender o que vai ocorrer no mercado de combustíveis no país. E ao mesmo tempo os usineiros tem custos crescentes de produção (cerca de 34% de aumento nos últimos cinco anos), sem conseguir repassar para seus preços de venda.

- Sem conseguir repassar esses aumentos de custos vem apertando as margens do setor, e o resultado prático que estamos vivenciando é a falta de investimento. O investidor não olha no curto prazo e sim o longo prazo - afirmou o diretor da Unica.

- Para uma plateia com dirigentes de todo o setor de combustíveis desde distribuição à revenda, Eduardo Leão destacou que o investidor quer saber quais são as regras do jogo que vão permitir e lhe garantir uma lucratividade quando ele vai maturar seus investimentos, no médio e longo prazos.

O diretor da Unica explicou que o setor alcooleiro vinha crescendo em um ritmo acelerado com o surgimento de 115 novas usinas de álcool entre 2005 a 2012, e investimentos R$ 40 bilhões, quando veio a crise econômica em 2008. A desaceleração da economia mundial e brasileira pegou os usineiros altamente endividados, e ocorreram inúmeras aquisições e fusões, sem o surgimento, contudo de novas usinas.

- É muito importante que seja feito um trabalho comum, setor privado com governo, para identificar essas medidas, e estabelecer um marco regulatório que deixe as regras muito claras para os os investimentos no setor sejam retomados. É preciso um planejamento mais claro do governo, com regras mais claras com relação a toda matriz de combustíveis, e é preciso um equacionamento para a questão econômica - disse Leão.

Para presidente da BR Distribuidora, álcool volta a ser competitivo em até três anos

Para o presidente da Petrobras Distribuidora (BR), José Lima Neto, o álcool hidratado (combustível) só deverá se tornar competitivo em relação à gasolina dentro de dois a três anos. Esse é o tempo mínimo para o setor conseguir aumentar a oferta do produto com o aumento da área plantada de cana-de-açúcar e de instalação de novas usinas. Com menor oferta de álcool o produto ficou mais caro e perdeu a vantagem em relação à gasolina, o que está fazendo com que a maioria dos consumidores opte pela gasolina. O álcool só é vantajoso se custar até 70% do preço da gasolina.

- A solução no longo prazo é produzir mais (álcool), com a adoção de uma série de medidas. No curto prazo pouca coisa pode ser feita. Se leva dois a três anos para ter soluções mais adiante - destacou Lima Neto.

O executivo destacou ainda que o problema do etanol é de a oferta, e por isso não está competitivo. A quantidade de álcool ofertada nos últimos anos se estagnou ao mesmo tempo que a demanda por combustíveis cresceu muito.

- O problema foi não ter a oferta do álcool e o produto subiu de preços e chegou a custar em alguns postos a custar mais caro do que a gasolina. O programa do álcool e dos biocombustíveis vai ter continuidade, mas o que precisa é fazer investimentos nos canaviais para que o programa do álcool volte a crescer - destacou Lima Neto, ao citar que o consumo de combustíveis continua crescendo a taxas elevadas, desde os últimos anos, acima do Produto Interno Bruto (PIB).



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