Governo avança na ‘guerra cambial’ e real é desvalorizado

Mesmo tomando-se períodos um pouco mais longos, o real se destaca pela depreciação a partir de 2011

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Há sinais de que o governo brasileiro pode, afinal, estar vencendo algumas batalhas importantes na "guerra cambial" anunciada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. Desde o final de fevereiro, quando o governo intensificou a estratégia para desvalorizar o real, a moeda brasileira foi, disparada, a que mais se depreciou não só no G-20, grupo das economias mais importantes do mundo, mas também em relação a outras nações relevantes.

De 28 de fevereiro até a última sexta-feira, o real perdeu 9,5% do valor. A segunda maior queda nesse período foi a da rupia indiana, com 5,79%. Austrália e África do Sul, por sua vez, tiveram desvalorizações de, respectivamente, 3,89% e 3,82%. Chile e Colômbia, de 1,76% e 0,26%.

Mesmo tomando-se períodos um pouco mais longos, o real se destaca pela depreciação a partir de 2011 (com oscilações). Desde o dia 3 de novembro, a moeda brasileira caiu 8,5%, sofrendo também a maior desvalorização naquele grupo de nações do G-20 e outros países relevantes.

Levantamento da gestora de recursos JGP mostra que, enquanto o real se desvalorizou 11% desde o início de 2011 (até a última segunda-feira), um grupo de países exportadores de commodities, como o Brasil, teve uma queda média das suas moedas de apenas 1% no período. O grupo inclui países como Austrália e África do Sul.

Os países exportadores de matérias-primas destacaram-se nos últimos anos justamente pela valorização das suas moedas, na esteira do boom das commodities puxado pela demanda asiática, e especialmente chinesa.

Eficácia. Segundo o economista e consultor Affonso Celso Pastore, ex-presidente do Banco Central, a combinação de compras agressivas do BC no mercado à vista e o fechamento dos canais de entrada de capitais até cinco anos estão fazendo com que a política do governo, de desvalorização do real, funcione.

"Eles foram fechando cada uma das portas, e, quando fecharam todas, a intervenção no mercado à vista adquiriu eficácia em produzir depreciação", ele diz.

O Banco Central, de fato, intensificou sua ação no mercado de dólar à vista desde o final de fevereiro, introduzindo a alternativa de fazer dois leilões diários recentemente.

Desde 20 de fevereiro, a média diária de compra de dólares está em torno de US$ 140 milhões, comparado a praticamente nada antes no ano. O ritmo atual aponta um acúmulo de reservas (que chegaram a US$ 371 bilhões na quinta-feira, 19 de abril) de quase US$ 3 bilhões por mês.

Em 2011, a média de compra diária ficou próxima a US$ 200 milhões, maior que o ritmo dos dois últimos meses. Mas, como observa Augusto Vanazzi, economista do JGP, desde o final de fevereiro o BC comprou US$ 8 bilhões a mais do que o fluxo de dólares que entrou no País, pressionando a cotação do câmbio.



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