Mesmo com inflação acima da meta, Banco Central deve manter os juros

Inflação passou de 6,5% no acumulado em 12 meses até junho. BC aposta no nível fraco de atividade e nas altas de juros já feitas.

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Com o baixo ritmo de crescimento da economia, o Banco Central deve manter a taxa básica de juros da economia brasileira (a Selic) estável em 11% ao ano nesta quarta-feira (16), segundo a previsão da maior parte dos analistas do mercado financeiro, mesmo com a inflação oficial acima da meta do governo.

No acumulado em 12 meses até junho, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ? usado pelo governo para balizar a meta de inflação ? chegou a 6,52%. O teto da meta do governo é de 6,5%. O governo considera que a meta foi cumprida ou não apenas com base no acumulado em 12 meses até dezembro. Assim, oficialmente, a meta não foi descumprida.

O Banco Central usa a Selic para controlar o aumento de preços. Com taxas maiores, a instituição busca reduzir o crédito disponível e, assim, o dinheiro em circulação. Dessa forma, é possível diminuir a quantidade de pessoas e empresas dispostas a consumir bens e serviços, e os preços tendem a cair ou parar de subir.

Estabilidade para avaliação

Os juros estão em 11% desde o final de maio, quando o Banco Central interrompeu o ciclo de elevação que vinha desde abril de 2013, e a expectativa dos economistas das instituições financeiras é de que a taxa permaneça neste nível pelo menos até o final deste ano.

De acordo com o economista-chefe do banco Fator, José Francisco Lima Gonçalves, o BC está dando uma parada para avaliar o cenário atual da economia. "Depois que faz um ciclo de alta, precisa parar e esperar, para ver os tais dos efeitos defasados, cumulativos do aumento de juros. Não vejo a perspectiva de que a inflação esteja fora de controle", declarou.

Para o professor do MBA Finanças do Ibmec/DF, José Kobori, o BC deve manter os juros para ver o impacto das elevações já feitas. Segundo ele, a instituição demorou para começar a subir os juros no ano passado. "É como se fosse um tiro ao alvo, mas a um alvo móvel, como um disco. Se mirar exatamente onde está, não acerta. Tem de mirar prevendo qual vai ser a trajetória dele. O que o mercado está criticando é que o BC esperou a inflação pegar velocidade e atirou atrasado", disse.

Meta de inflação e previsões

Ao mesmo tempo em que vê os juros estáveis no restante deste ano, o mercado também eleva sua estimativa para inflação oficial, medida pelo IPCA, e, com isso, também cresce a chance de estouro do teto de 6,5% do sistema de metas brasileiro em 2014.

Para 2014, 2015 e 2016, a meta central para o aumento dos preços é de 4,5%, mas o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida. Em 12 meses até junho, o IPCA somou 6,52%, e a previsão dos economistas dos bancos, captada em pesquisa com mais de 100 instituições financeiras na semana passada, subiu para 6,48% para todo ano de 2014.

Os bancos classificados como "top 5" pelo Banco Central, isto é, com maior índice de acerto em suas previsões para a inflação, já preveem um IPCA de 6,58% para este ano. O próprio BC admite que a chance de estouro do teto de 6,5% neste ano está próxima de 50%.

Para José Francisco Lima Gonçalves, do banco Fator, o IPCA tende a ficar um pouco acima do teto de 6,5% do sistema de metas neste ano, ao mesmo tempo em que o Produto Interno Bruto (PIB) ? a soma de tudo o que é produzido no país ? registrará retração no segundo trimestre e terminará este ano com expansão menor do que 1%.

Na avaliação de José Kobori, do Ibmec/DF, a inflação deve terminar este ano exatamente em 6,5%, ainda dentro do limite do sistema de metas, mas o PIB, com um crescimento próximo de 1% em 2014, deve ser novamente "um fiasco". "E isso tem custo político", acrescentou.

A previsão para o crescimento do PIB teve nova queda nesta semana. Os economistas dos bancos já esperam que a economia cresça apenas 1,05% este ano.



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