Os juros seguem nas alturas, por José Osmando

Mesmo diante de evidências de que o cenário econômico comporta taxas de juros satisfatórias ao crescimento do país, o presidente do BC, insiste em manter patamar elevado.

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Campos Neto, presidente do Banco Central e Haddad, Ministro da Fazenda | Reprodução
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Quem esperava que o debate ocorrido no Senado entre os Ministros Fernando Haddad, da Fazenda, Simone Tebet, do Planejamento, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, pudesse abrir um sinal de que as estratosféricas taxas dos juros Selic pudessem baixar, adequando-se à realidade brasileira, quebrou a cara. 

Mesmo diante de evidências de que o cenário econômico nacional comporta taxas de juros civilizadas e satisfatórias ao crescimento do país, o presidente do BC, reiterando o seu permanente tom de deboche, insiste na tecla de que a fixação da Selic é um critério apenas técnico e que não pode ser contaminado por qualquer outro interesse, mesmo que seja o superior interesse nacional. E estica o dedo na cara de todo mundo de que a ameaça de elevação da inflação impede baixar os juros. 

Nos doze meses encerrados em março, o índice de inflação recuou de 5,65% para 4,65%, encaixando-se, pela primeira vez, desde janeiro de 2021, dentro da banda de variação da meta. Valorização importante do real e queda dos preços das commodities, se mantidas, podem acelerar a desinflação. 

Aliado a isso, no esforço de apresentar ao Congresso um novo arcabouço fiscal, como fez recentemente, o Governo Lula tem trabalhado para criar e manter um cenário de segurança, com controle de gastos e aumento da arrecação necessária aos investimentos. Conforme acaba de ser anunciado pela Fundação Getúlio Vargas, o IGP-M (Índice Geral de Preços-Mercado) recuou bem além do esperado, ao apresentar uma queda de 2,17% em 12 meses.  

Impactos

É a primeira vez desde fevereiro de 2018, que a taxa em 12 meses fica negativa. No mês de abril, o indicador teve queda de 0,95%. A manutenção, portanto,  dos juros nessas alturas, por imposição do Banco Central do indobrável Roberto Campos, contraria o interesse público. 

São muito claros os sinais que se acendem todo dia pelo país inteiro, de desaceleração da economia, da redução drástica da produção industrial, paralisação de importantes setores de serviços, e de uma forte ameaça aos empregos. Isso é reflexo indescutível das elevadas taxas de juros mantidas pelo BC, que estão impossibilitando o setor produtivo de obter empréstimos e financiamentos para seus negócios, tal a exorbitância que os bancos estão sendo, sempre mais, motivados a aplicar sobre seus tomadores de dinheiro. 

Ameaça

Ontem mesmo, o Ministro Fernando Haddad, durante o debate no Senado, alertou que haverá problemas na arrecadação da União e dos Estados se a desaceleração da economia continuar. 

Ora, se todo o esforço do Governo, com o arcabouço fiscal apresentado ao Congresso, é controlar os gastos e possibilitar a elevação de receitas, de modo a fazer o Brasil voltar a crescer, fica claro que uma ameaça real à diminuição das receitas, como consequência da desaceleração da economia, será um desastre sem tamanho. 

Interesses contrários

Desde que Roberto Campos ganhou autonomia, independência e rebeldia no comando do BC, por quatro vezes consecutivas a Selic é mantida neste patamar de 13,75%, o mais alto desde 2016, quando chegou a 14,25%. 

A prática debochada com que Roberto Campos Neto mantém sua condução no BC, serve para demonstrar duas coisas: primeiro, que as elevadas taxas de juros não interessam ao país, mas agrada soberbamente aos donos do capital; segundo, que a independência do BC, como se prova, não interessa ao crescimento do Brasil. A manutenção dos juros em um patamar tão alto contraria o interesse nacional, pois encarece o crédito e segura os investimentos necessários para a retomada do desenvolvimento do país.



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