Prejuízo de bancos com calotes cresceu 39% no 1º semestre

os empréstimos atrasados que os bancos foram obrigados a registrar como novos prejuízos cresceram 46%.

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O crédito farto que vem financiando o consumo dos brasileiros desde 2009 fez as perdas dos bancos com calotes dispararem.

Segundo dados da Austin Rating, somente no primeiro semestre deste ano, os empréstimos atrasados que os bancos foram obrigados a registrar como novos prejuízos cresceram 46% (39% descontada a inflação) em relação ao mesmo período de 2011, somando R$ 38 bilhões.

Se for descontada desse montante a fatia de prejuízos antigos que os bancos conseguiram recuperar e créditos vendidos a instituições não financeiras, o valor cai para R$ 24 bilhões. Mas representa aumento de 64% (56% descontada a inflação) sobre o primeiro semestre de 2011, de acordo com o Banco Central.

A tendência, segundo analistas, revela que os clientes que contraíram empréstimos e ficaram inadimplentes estão tendo dificuldade em quitar a dívida atrasada.

"Esses dados evidenciam a incapacidade de pagamento dos devedores, sejam empresas ou indivíduos", diz Luis Miguel Santacreu, analista da Austin Rating.

Os bancos são obrigados pelo BC a rebaixar a classificação dos créditos em atraso usando letras. O pior nível é o H que aponta atraso superior a 180 dias.

Por determinação do BC, as instituições financeiras também precisam fazer uma reserva (chamada provisão) para cobrir possíveis perdas com esses empréstimos.

Apesar dessas provisões -que têm impacto negativo no resultado dos bancos-, os créditos atrasados continuam sendo considerados um ativo, ou seja, é um valor que a instituição emprestou e espera receber de volta.

Depois de 360 dias, esse cenário muda. A recuperação do crédito inadimplente passa a ser considerada improvável e ele tem de ser registrado como prejuízo.

Se o departamento de recuperação do banco conseguir reaver parte desse crédito no futuro, pode reverter o prejuízo em seu balanço.

Apesar das perdas crescentes com inadimplência, os bancos continuaram apresentando lucros elevados. Mas passaram a racionar mais a concessão de novos empréstimos.

Segundo técnicos do governo, isso não afetará a sustentabilidade do modelo de crescimento adotado pela presidente Dilma Rousseff.

A expectativa é que uma maior cautela nas concessões paute o comportamento dos bancos, até por conta das medidas adotadas pelo BC que inibem empréstimos muito longos para compra de produtos como automóveis.

Mas, para a equipe econômica, crédito e consumo deverão ser os responsáveis pela retomada da atividade econômica em 2013, depois do desempenho ruim este ano.

O mercado interno consumidor, nas palavras de um integrante da equipe econômica, é o maior "antídoto" contra o impacto negativo da crise financeira internacional no crescimento da economia brasileira.

Mas, para alguns analistas, o modelo de crescimento sustentado pelo crédito pode ter atingido seu limite.

"A inadimplência vai continuar alta e isso vai limitar a expansão do crédito. Esse cenário não vai mudar enquanto os juros cobrados pelos bancos continuarem em níveis tão altos", diz o economista Roberto Luis Troster.



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