Produção da indústria brasileira recua 0,9%, a maior queda desde julho de 2009

Na comparação com fevereiro do ano passado, a indústria caiu 9,1%, a 12ª baixa negativa seguida e a mais forte desde julho de 2009 (-10%). A retração foi influenciada pela queda de cerca de 30% na pro

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A produção da indústria brasileira recuou 0,9% em fevereiro na comparação com o mês anterior, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (1º) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em janeiro, a atividade fabril avançou 0,3%, dado revisado, depois de interromper duas altas seguidas.

Na comparação com fevereiro do ano passado, a indústria caiu 9,1%, a 12ª baixa negativa seguida e a mais forte desde julho de 2009 (-10%). A retração foi influenciada pela queda de cerca de 30% na produção de veículos.

Segundo André Macedo, gerente de Indústria do IBGE, com a entrada do mês de fevereiro, o total da indústria está 10% abaixo do pico da produção industrial. “Ou seja, desde junho de 2013, a gente tem claramente trajetória descendente de uma produção industrial.”

“A questão do efeito-calendário é importante para entender, não a queda, mas a magnitude e o espalhamento desse resultado [queda de 9,1% na comparação anual], até porque a gente tem dois dias úteis a menos em 2015, quando comparado com o ano anterior. Isso acontece por causa do Carnaval, que neste ano ocorreu no mês de fevereiro, e no de 2014, em março”, explicou o gerente.

No ano, a indústria acumula queda de 7,1% – a mais intensa desde fevereiro de 2009 – e, em 12 meses, de 4,5%.

Por setores

De janeiro para fevereiro, recuaram as produções de veículos automotores, reboques e carrocerias (-1,7%), produtos do fumo (-24%) e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-4,2%).

Também registraram recuo os produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-3,4%), de metalurgia (-0,9%), de bebidas (-1,2%), de artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (-2,4%) e de produtos de minerais não-metálicos (-1,1%).

Entre os setores que aumentaram sua produção estão perfumaria, sabões, detergentes e produtos de limpeza (2,0%), indústrias extrativas (0,9%), produtos de metal (2,9%) e produtos têxteis (4,6%).

Na análise das categorias econômicas, os bens de capital (como máquinas e equipamentos) caíram 4,1%, influenciados pela menor produção de caminhões, "ainda afetada pelas férias coletivas em várias unidades". Em janeiro, o avanço havia sido de 8,2%.

Também diminuíram as produções de bens de consumo semi e não-duráveis (-0,5%), de bens de consumo duráveis (-0,4%) e de bens intermediários (-0,1%).

“Eu diria que no início de 2015 permanece o comportamento de intensidade que já marca a produção industrial do ano passado. Este início de ano em nada difere do comportamento de queda que marcou a produção industrial em 2014", disse André Macedo, do IBGE.

Trajetória de queda desde junho de 2013

O gerente do instituto explicou as quedas. “O setor industrial vem claramente numa trajetória descendente desde junho de 2013. Claro que teve aumento nessa intensidade de queda nos últimos quatro, cinco meses. Alguns pontos vão justificando quedas mais intensas em determinados meses, como foi o caso em junho do ano passado, onde o evento Copa do Mundo de alguma forma implicou muito para aqueles resultados.”

“Esse mês, a questão da greve dos caminheiros pode ter de alguma forma afetado o resultado de alguns segmentos pontualmente, o efeito-calendário, o fato de fevereiro ser o mês mais curto por conta do evento Carnaval, algumas paradas programadas ou não também afetam os resultados pontualmente de cada atividade", afirmou Macedo.

Frente ao ano passado

Na comparação com o ano passado, os resultados foram mais negativos, com destaque também para veículos automotores, reboques e carrocerias, que mostraram recuou de 30,4%.

“Veículos automotores é a principal atividade, seja olhando fevereiro contra fevereiro, janeiro com fevereiro, acumulado do ano ou 12 meses. Em todas elas, essa atividade vai estar sempre respondendo como principal impacto negativo... É a terceira vez que veículos mostra saldo negativo nessa comparação de mês imediatamente anterior”.

Entre as razões, André Macedo ressalta “paradas de manutenção, férias coletivas, redução de jornada de trabalho, layoff [redução temporária dos horários ou suspensão dos contratos de trabalho, por parte das empresas], atingindo caminhões também e parte de autopeças.”

Contribuíram negativamente para o desempenho da indústria brasileira as quedas em equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-33,9%), de coque e de produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-6,9%), entre outros.

A produção de bens de consumo duráveis caiu 25,8%, de bens de capital, 25,7% – a mais intensa desde abril de 2009, de bens de consumo semi e não-duráveis (-8,9%) e de bens intermediários (-4,0%).

Neste bimestre, o que mais pesou para o desempenho negativo do índice foi a produção de veículos automotores, reboques e carrocerias, que acumula queda de 24,7%.



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