Produtos típicos do semiárido têm subida de preço

30% dos municípios que aderiram ao Seguro Safra não conseguiram cadastrar os agricultores porque faltou engajamento com eles.

Setanejos sofrem com os prejuízos. | Rubens Oliveira
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A seca que assola o estado causa prejuízos até para quem não foi diretamente afetado por ela. A alta no preço de legumes como frutas e verduras atinge tanto a capital quanto os municípios do interior. A situação está tão crítica que em certas localidades o quilo da abóbora chega a custar R$ 10.

Como a produção do estado está praticamente parada, os feirantes são obrigados a comprar hortifrutos em outros estados, como Pernambuco e Paraíba. Como o produto é adquirido por um valor mais alto, o custo para o consumidor final aumenta, junto com as dificuldades para quem mora no interior.

Paulo Carvalho, Secretário de Política Agrícola da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Piauí (Fetag- PI) alerta que as perdas com a estiagem não são exclusividade do semiárido, que registra déficit de 90% na produção. No recorte litorâneo, as perdas chegaram a 50%. Segundo ele, há possibilidades de reverter a situação em favor da comunidade, mas falta empenho dos prefeitos municipais.

?Sinto que falta vontade de alguns prefeitos em melhorar a vida do morador rural. A maioria das políticas públicas são feitas pelo Governo Federal e a equipe estadual se encarrega de fazer os repasses. Não há movimentação dos municípios nesse sentido. Falta planejamento, falta vontade política?, denuncia.

Segundo ele, as barragens poderiam ser usadas para dar uma sobrevida à agricultura cambaleante do Piauí. Como algumas ainda possuem níveis aceitáveis de armazenamento de água, o problema poderia ser resolvido com projetos de irrigação por parte das prefeituras. Entretanto, Paulo afirma que os moradores são vítimas de politicagens.

?Cerca de 30% dos municípios que aderiram ao Seguro Safra não conseguiram cadastrar os agricultores porque faltou engajamento com o povo, que ficou sem receber o benefício porque o prazo encerrou. Em outros estados, como Ceará e Pernambuco, há mobilização dos políticos. Independente de partido, em épocas difíceis todos se juntam para encontrar uma solução que beneficie a população?, diz o secretário.

Sertanejos sofrem com os prejuízos

Os agricultores do semiárido do Piauí sofrem com a perda das colheitas do feijão e mandioca por causa da longa seca. O segundo semestre registrou queda superior a 70% na produção e a expectativa para os próximos meses não são nada animadoras, já que de acordo com pesquisas metereológicas, é esperado que não chova pelos próximos três meses.

Paulo Carvalho, sindica-lista da Fetag, afirma que está fazendo tudo o que está a seu alcance para resolver esta querela, mas como a federação não possui um aparato técnico para elaboração de propostas e licitações, não resta muito a fazer.

?Estamos fazendo nosso papel e cobrando do poder público constantemente. Os municípios têm a obrigação de garantir esse suporte para os agricultores?, explica. Em alguns municípios da região de São Raimundo houve chuvas neste mês, mas foram passageiras.

Medidas amenizam problemas da seca

Segundo relatório do Ministério da Integração, o governo piauiense investiu mais de um milhão de reais na recuperação de 200 poços no estado. Planeja-se investir ainda R$ 4,8 milhões. Entre junho e outubro, o programa Bolsa Estiagem destinou R$ 22,129 milhões para famílias carentes, enquanto o Seguro Safra deve ultrapassar R$ 60 milhões em auxílios.

Na contratação de carro-pipa, o investimento é de R$ 6,184 milhões. Um total de 500 veículos faz a distribuição contínua de água nas regiões mais afetadas pela estiagem e o auxílio continua pelo tempo que for necessário. Outros R$ 39 milhões garantem a construção de cisternas e pequenas barragens em municípios da região seca.

De forma imediata, o Governo do Estado pretende ampliar o programa de distribuição de carnes para mais municípios. A compra será feita através do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e intermediada pela Conab. O incentivo busca diminuir os impactos da seca e reduzir o número de animais mortos pela falta de água e comida. Os produtores se beneficiarão com a venda do animal a preços competitivos e a iniciativa deve beneficiar 10 mil pequenos criadores ainda este ano.



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