Risco do Brasil para os investimentos descola sob os países emergentes

Análise feita por economistas do banco de investimentos americano JPMorgan mostra que o Brasil está sendo mais mal avaliado

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A combinação de inflação elevada e crescimento econômico fraco, com risco de recessão, está afetando a percepção de investidores estrangeiros sobre o Brasil.

Análise feita por economistas do banco de investimentos americano JPMorgan mostra que o Brasil está sendo mais mal avaliado, em comparação a outros países, desde que passou a turbulência acionada pela retirada dos estímulos nos EUA, em 2013.

Para Júlio Callegari, diretor-executivo da gestora do JPMorgan, isso tem relação com a relativa estagflação; pela qual passa o país, ou seja, atividade estagnada com inflação alta.

Em apresentação a clientes, o economista ressaltou que o crescimento anêmico do Brasil não é pontual. É resultado de uma atividade industrial parada desde a crise global de 2009.

O quadro agora se agravou. Não só a gente não crescia mas agora a gente vê uma certa contração [da economia], disse.

Segundo ele, o primeiro semestre foi ruim e o segundo foi piorado, em junho, com os feriados da Copa.

Isso reforçou a tendência de queda da produção industrial, que deve levar a uma contração do PIB no segundo trimestre, com o risco de uma recessão, afirmou.

Além disso, diz ele, a inflação tem se mostrado teimosa e resistente, apesar do represamento de preços administrados, como combustíveis e tarifas de ônibus.

O mercado espera uma normalização da inflação, para 6% [hoje, ela está em 6,51% em 12 meses]. Mas ainda assim, para um país que não registra crescimento relevante, é preocupante, afirmou.

O JPMorgan administra US$ 1,7 trilhão em investimentos. No Brasil, são R$ 20 bilhões sob sua gestão.

A análise do banco de que o mercado está de mau humor com o Brasil se baseia na avaliação do risco-país, medido pelo CDS (Credit Default Swaps), um seguro contra calote que tem cotação negociada no mercado financeiro.

Passado o susto inicial com a mudança da economia global e a provável migração de recursos para os EUA, na esteira da recuperação americana, os investidores voltaram aos emergentes, atrás de retornos mais polpudos.

Também retornaram ao Brasil, com aplicações tanto em títulos quanto em ações.

Mas o risco de aplicar no país ficou mais alto. Segundo o JPMorgan, o Brasil não recuperou o mesmo patamar de risco que havia antes da turbulência. México, Colômbia e até a Itália, que tem uma dívida pública bem maior do que a brasileira, viram seu risco recuar aos níveis de 2013. No Brasil e na Rússia, ele permaneceu mais alto.

Na Rússia, houve questões geopolíticas, em razão da crise militar com a Ucrânia. No Brasil, os fatores são locais.

Além da economia, entra na conta o risco eleitoral. Para Callegari, a disputa está acirrada e o resultado, imprevisível, apesar de o mercado ver com bons olhos a eleição da oposição.

Qualquer recuperação da candidatura de Dilma durante a campanha pode voltar a trazer estresse para o mercado, observa, acrescentando que a proteção à oscilação política está em aplicações ligadas ao dólar e à inflação.



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