Rombo das contas externas sobe 190% até setembro, para US$ 35 bi

Investimentos estrangeiros crescem 28% no ano, para US$ 22,63 bilhões.

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O déficit em transações correntes (balança comercial, serviços e rendas), um dos principais indicadores do setor externo brasileiro, quase triplicou neste ano ao somar US$ 35 bilhões de janeiro a setembro, segundo números divulgados pelo Banco Central nesta segunda-feira (25). O crescimento, contra igual período do ano passado, foi de 190%.

Somente em setembro deste ano, o rombo das contas externas foi de US$ 3,85 bilhões. Para todo este ano, o BC manteve a previsão de que o déficit em conta corrente somará US$ 49 bilhões, o que, se confirmado, representará um valor recorde. Para 2011, a expectativa do BC é de que as contas externas piorem mais ainda, com um resultado negativo estimado em US$ 60 bilhões.

Na proporção com o PIB, o resultado negativo das contas externas somou 2,39% de janeiro a setembro deste ano, contra 1,54% em igual período do ano passado, de acordo com dados da aurtoridade monetária.

Crescimento da economia

A principal explicação para a deterioração das contas externas brasileira é o crescimento da economia nacional, que eleva o volume de importações e piora o resultado comercial, e também resulta em maiores remessas de lucros e dividendos ao exterior. O crescimento da economia, junto com o dólar barato, também piora a conta de viagens internacionais - uma vez que mais brasileiros passam a ir exterior em suas férias.

No caso da balança comercial, por exemplo, o saldo positivo, que somou US$ 21,18 bilhões de janeiro a setembro do ano passado, recuou para US$ 12,77 bilhões no mesmo período deste ano - contribuindo para a piora das contas externas. Ao mesmo tempo, as remessas de lucros e dividendos ao exterior passaram de US$ 15,98 bilhões de janeiro a setembro de 2009 para US$ 20,9 bilhões em igual período deste ano, com efeito também negativo sobre as contas.

Outro efeito da expansão da economia, o aumento dos gastos de turistas brasileiros no exterior também contribuiu para a deterioração das contas externas brasileiras. De janeiro a setembro do ano passado, o resultado negativo (gastos de brasileiros no exterior menos despesas de estrangeiros no Brasil) somou US$ 3,59 bilhões, avançando para US$ 7,14 bilhões em igual período de 2010.

Investimentos estrangeiros

Os investimentos estrangeiros diretos, por sua vez, avançaram em setembro, ao somarem US$ 5,39 bilhões. "A surpresa no mês sem dúvida está relacionada com o investimento estrangeiro direto. É muito alto. Para outubro, é muito bom também, com o ingresso já contabilizado de US$ 4,5 bilhões. A expectativa é de fechar [outubro] com US$ 5 bilhões [em investimentos estrangeiros]", disse o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes.

No acumulado do ano, os investimentos estrangeiros diretos totalizaram US$ 22,63 bilhões, com crescimento de 28% frente ao mesmo período de 2009 (US$ 17,67 bilhões). Para todo este ano, a previsão do BC é do ingresso de US$ 30 bilhões em investimentos estrangeiros na economia. Mesmo com a elevação nos investimentos na economia brasileira em setembro e no acumulado do ano, eles não foram suficientes para cobrir o rombo das contas externas, de US$ 35 bilhões até setembro.

Isso quer dizer que o o financiamento das contas externas ficou mais complicado, uma vez que o país precisará se apoiar mais na entrada de capitais para aplicações financeiras (renda fixa e bolsa de valores), considerados mais instáveis, pois podem sair a qualquer momento, ou pegar empréstimos no exterior, para fechar a conta.



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