Tupi já produziu 7 milhões de barris petróleo em 2010

Multinacionais sócias da Petrobras poderão exportar parte do óleo a partir do ano que vem

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Navio-plataforma Cidade de São Vicente | Selmy Yassuda
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A Petrobras inicia amanhã (quinta-feira) o sistema definitivo de produção de petróleo de Tupi, o primeiro bloco desenvolvido no pré-sal de quase seis mil metros de profundidade, na Bacia de Santos. Limitado à fase de testes até dezembro, quando a estatal entregará a declaração de comercialidade à Agência Nacional do Petróleo (ANP), o projeto vai extrair 14 mil barris por dia nos próximos dois meses, a partir do navio-plataforma Cidade de Angra dos Reis.

Paralelamente, a Petrobras manterá o teste de longa duração que já extrai na região 14 mil barris por dia em Tupi a partir da plataforma Cidade de São Vicente, segundo antecipa ao iG o gerente-executivo de Exploração e Produção, José Antônio Figueiredo. Serão produzidos, portanto, 28 mil barris diários até o final do ano.

O volume que será extraído nessa fase de teste é pequeno se comparado à produção brasileira de petróleo, da ordem de 2 milhões diários de óleo. Mas a partir da etapa de produção, quando Tupi passará de bloco exploratório a campo produtor - podendo até mesmo mudar de nome - a produção aumentará para cerca de 75 mil barris diários até o final de 2011, até alcançar a meta de 100 barris por dia em 2012.

Figueiredo revela que em janeiro, quando Tupi passará da fase exploratória para a fase de produção, conforme os trâmites legais determinados pela legislação, a produção do campo a partir da plataforma Cidade Angra dos Reis, que será iniciada amanhã, vai aumentar, sendo gradativamente ligada a outros poços de produção ao longo de 2011. Por outro lado, o teste de longa duração iniciado em 2009, por meio da plataforma Cidade São Vicente, deverá ser finalizado em dezembro.

?Os dois projetos vão conviver até o final do ano. A plataforma Cidade de São Vicente continua no local, para que possamos entender melhor o comportamento do reservatório. São Vicente vai sair em dezembro?, afirmou Figueiredo.

O sistema de produção que será inaugurado nesta quinta-feira, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, deverá permanecer por cerca de 25 anos, segundo o executivo. Figueiredo, juntamente com outros dois executivos da área detalharam, nesta tarde, na sede da Petrobras, o projeto que será inaugurado amanhã em Tupi.

Parte do petróleo de Tupi poderá ser exportada

A Petrobras informou que o bloco exploratório já produziu 7 milhões de barris de petróleo desde maio de 2009, quando o navio-plataforma Cidade de São Vicente iniciou o Teste de Longa Duração (TLD). Todo o óleo foi processado pelas refinarias da Petrobras, tornando-se combustíveis como óleo diesel e gasolina para consumo do mercado brasileiro. Mas a partir do próximo ano, quando o campo pode produzir em escala comercial, parte do petróleo poderá ser exportada.

A Petrobras têm direito de ficar com 65% da produção. O restante é dividido entre as sócias BG e Galp, que formaram parceria com a estatal para investir e desenvolver o bloco BM-S-11, que deu origem a Tupi."Até agora nós comprávamos o petróleo dos nossos sócios. Não sabemos se eles vão querer continuar nos vendendo, ou se vão ficar com o óleo para eles", disse o gerente-executivo José Formigli, durante a coletiva sobre o projeto-piloto de Tupi.

A concessão de Tupi foi leiloada pelo governo Fernando Henrique Cardoso em 2000 para consórcio formado pela Petrobras e as empresas multinacionais. Na ocasião, não se conhecia o potencial exploratório da região. A primeira descoberta foi realizada em 2005 e dois anos depois, após testes, a empresa anunciou o gigantismo das reservas do pré-sal, lideradas por Tupi. Foi então que o governo Lula começou a limitar os leilões de petróleo, deixando de colocar nas rodadas que aconteciam anualmente as áreas mais nobres. Em 2009, o governo Lula decidiu reformular o modelo regulatório para o pré-sal, já que se trata de uma região praticamente com risco exporatório zero. O projeto de lei para a região do pré-sal que transita no Congresso prevê o regime de partilha - pelo qual as empresas não são detentoras do petróleo (como a Galp e a BG são de Tupi) mas sim prestadoras de serviço - no lugar do regime atual de concessão previsto pela Lei do Petróleo de 1998.

Pelo mesmo motivo - a sociedade com outras empresas - a Petrobras não poderá acrescentar às suas reservadas provadas o total de até 8 bilhões de barris estimados em Tupi. O volume será menor, mas expressivo o suficiente para quase dobrar as suas reservas atuais, da ordem de 13 bilhões. Quando a empresa entregar a declaração de comercialidade, em dezembro deste ano, poderá, automaticamente, incluir a jazida a seu patrimônio, em seu balanço financeiro.

Indagado sobre a possibilidade de aguardar as eleições para então iniciar a operação da segunda plataforma em Tupi, Formigli respondeu que sua equipe não alterou o cronograma por causa da disputa presidencial. "Claro que podíamos ter aguardado para depois das eleições. Era só ter atrasado o projeto", afirmou."Conseguimos fazer isso ficar pronto hoje, quanto mais informação sobre o reservatório melhor e quanto antes a operação começar, melhor para as petroleiras, que já contam com receita", acrescentou.

Gás é desafio

Além de ter de aguardar a entrega da declaração de comercialidade, a Petrobras está limitada a produzir 14 mil barris por dia de cada plataforma por causa da quantidade máxima de gás natural que está autorizada a queimar. A partir desse volume, a plataforma extrapola o limite de queima determinado pela agência reguladora. Quando a plataforma de Cidade de São Vicente deixar o bloco de Tupi, em dezembro, a Petrobras terá de reinjetar o gás do poço produtor, para não exceder o limite estipulado de queima de gás. "Teremos bastante tempo para concluir esse sistema de reinjeção de gás", diz Figueiredo.

Além do poço de reinjeção de gás natural e gás carbônico, o sistema de produção de Tupi contará com dois poços reinjetores de água e seis poços produtores de petróleo. Os poços permitem ampliar a produtividade do campo.

Um novo nome para Tupi?

O relatório de declaração de comercialidade delimitará a extensão de Tupi. O bloco BM-S-11, chamado de Tupi, poderá ser dividido em mais de um campo que receberá(ão) novo(s) nome(s). Há descobertas em pelo menos nove pontos do bloco, sendo algumas dividas em prospectos, ou partes denominadas Iracema, Tupi Nordeste e Tupi Sul, além do original Tupi. O novo nome de Tupi poderá ser um de um peixe ou de molusco (há quem diga que será Lula...).



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