Up! chega e rompe preconceito contra imagem negativa dos 1.0

Novo compacto da Volkswagen pode surpreender muitos incrédulos no futuro do carro 1.0 litro e entrega desempenho, com um conjunto agradável de se ver

Up! chega para reduzir preconceito contra 1.0 | Reprodução
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O ?carro mil?, que na verdade apenas indicaria a cilindrada do motor, virou sinônimo de carro popular no Brasil, por conta de incentivos tributários no início da década de 1990. Ainda hoje, eles sofrem com o preconceito de proporcionarem pouco conforto e segurança irrisória, enquanto na Europa eles representam modelos econômicos de uso urbano. Aposta da Volkswagen para ganhar mercado, o up! chega ao Brasil para mudar essa imagem negativa, com números para os descrentes, mas também cobra caro por isso ? entre R$ 26.900 e R$ 41 mil.

Há dez anos, as vendas dos chamados carros ?populares?, representavam 57% do mercado de automóveis, enquanto os veículos entre 1.0 l e 2.0 l chegavam a 43%. Em uma década, o gosto e, principalmente, o poder aquisitivo do brasileiro mudou. Em janeiro deste ano, os modelos ?mil? foram apenas 38% dos emplacamentos, ante 61% dos modelos com maior cilindrada, impulsionados por variações entre 1.3 litro e 1.5 litro de lançamentos recentes. No entanto, 2014 guarda mais novidades no segmento de entrada. Além do up!, o Ford Ka também deve contar com motor 1.0 litro de três cilindros.

Como afirmou o presidente da montadora no Brasil, Thomas Schmall, o up! marca uma nova fase da empresa. A renovação tem como objetivo criar um novo ícone, extrapolando um pouco, um ?novo Fusca?, como afirmaram executivos da Volkswagen durante as etapas de lançamento. Embora o objetivo no longo prazo seja difícil de medir agora, no curto o compacto deve mexer com o segmento de entrada do mercado nacional, principalmente enfrentando Fiat Uno e Palio, Ford Ka, Chevrolet Celta e Onix, Hyundai HB20, Renault Clio e Sandero, Nissan March e até mesmo os ?irmãos? Gol e Fox.

Teste

A fabricante acredita que a versão mais popular será a intermediária Move, que custará a partir de R$ 28.300 (2 portas) e R$ 30.300 (4 portas). Foi esta versão que testamos em um percurso entre Gramado e Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. No entanto, o carro veio equipado com diversos opcionais como ar-condicionado (R$ 2.750), chave canivete, retrovisores e vidros dianteiros elétricos (R$ 1.100), direção com assistência elétrica e ajuste de altura (R$ 1.240), o sistema de som (R$ 760), sensor de estacionamento traseiro (R$ 330) e central multimídia com GPS (R$ 1.200). Ou seja, um carro de pelo menos R$ 37 mil.

Por fora ele é igual ao de R$ 28.900, exceto pelas rodas de aro 14 polegadas e pelos espelhos retrovisores e maçanetas na cor do veículo. Ao entrar, pode-se perceber um avanço notável nas escolhas dos materiais para o carrinho ?mil?. O uso de plástico é predominante, mas ele está mais agradável do que nos demais modelos da marca. Os bancos dianteiros ?one shape? são de série para toda a gama, assim como o volante com base achatada e a melhora no ajuste de altura. O Move já tem três indicadores analógicos no painel central, enquanto o básico Take tem apenas o mostrador de velocidade.

Apesar de ter apenas 3.605 mm de comprimento (165 mm a menos que um Fiat Uno, por exemplo), o espaço interno do up! não deixa a desejar na frente e acomoda duas pessoas atrás sem problemas. Embora a Volkswagen tenha aumentado o tamanho em relação ao europeu para carregar até cinco pessoas, em vez de quatro, é difícil pensar em uma viagem de mais de 10 minutos com o carro lotado. Mesmo no primeiro vídeo publicitário, o up! aparece sempre com dois atrás.

O motor 1.0 litro de três cilindros, que já era usado no Fox Bluemotion, faz pouco barulho ao ser acionado e se mostra um bom par com o bom câmbio manual MQ200, que equipa praticamente toda a gama nacional da marca. Em trajetos urbanos não há dificuldade com dois passageiros e ar-condicionado no máximo para suportar os quase 40°C do sul do País. Na estrada, nem mesmo toda a modernidade do propulsor esconde as fraquezas do 1.0 litro. As retomadas são sofríveis e toda ultrapassagem deve ser pensada pelo menos três vezes para não correr riscos com a falta de fôlego do motor acima de 80 km/h ? ainda mais se o motorista seguir as indicações de troca de marcha para economizar combustível.

Mesmo em altas rotações, o som que invade a cabine não chega a incomodar ? ponto positivo que se une à boa dirigibilidade do up!. Pensado principalmente para ser o primeiro carro de jovens urbanos, o compacto mudou de perfil no Brasil e será para toda a família. No entanto, ele garante ao motorista segurança nas curvas e alguma diversão de guiar. Sem o ar-condicionado ligado, os 82 cavalos de potência são capazes de impulsionar o up! com agilidade. Mas foram poucos os minutos em que conseguimos essa proeza, porque logo a cabine começava a esquentar.

Talvez fosse a temperatura incomum desse verão, mas o sistema de resfriamento parece perder capacidade sem as saídas de ar centrais direcionáveis para os passageiros ? no up! ela fica posicionada no painel, jogando ar frio para trás e para cima. Por outro lado, o ar-condicionado pouco influenciou o consumo de combustível, que anotou 13,4 km/l no computador de bordo, em um trecho de cerca de 150 km, com a grande maioria em rodovia. O consumo medido pelo Inmetro foi de 14,3 km/l na estrada e 13,2 km/l na cidade ? o 5º melhor resultado entre todos os veículos testados.

Em resumo, o up! pode surpreender muitos incrédulos no futuro do carro 1.0 litro e entrega desempenho, com um conjunto agradável de se ver. No entanto, essa modernidade pode custar um pouco mais do que ele esteja disposto a pagar. Ou seja, o consumidor fica novamente entre escolher um carro ?pelado?, embora ofereça segurança 5 estrelas e baixo consumo de combustível ?de série?, e uma versão um pouco mais equipada que já encontra outros rivais pela frente - inclusive com motores mais pontentes. O diferencial é que os concorrentes já estão no mercado há anos, com tecnologia um tanto ultrapassada. Mas essa vantagem deve durar poucos meses, já que os novos Ford Ka e Nissan March ganharão novas versões brasileiras em breve.



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