Uso de celulares ganha espaço no orçamento das famílias e até na economia do país

O número de telefones fixos ficou estagnado em cerca de 40 milhões de linhas

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Uso de celulares em alta | Divulgação
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Os gastos com telefonia celular pesam cada vez mais no orçamento das famílias brasileiras, e o setor ganha espaço na economia nacional, apesar da crise. Isso porque cada vez mais pessoas em cada família têm o aparelho. Com o aumento do uso da telefonia móvel, muitas residências acabam por dispensar o telefone fixo.

Com população de cerca de 190 milhões de pessoas, o Brasil tinha em maio mais de 157 milhões de linhas de celular, segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Desde maio de 2004, foram mais de 100 milhões de novas linhas. No mesmo período, o número de telefones fixos ficou estagnado em cerca de 40 milhões de linhas.

O economista Anselmo Luís dos Santos, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), destaca três fatores que explicam o crescimento dos chamados serviços de informação, como telefonia e internet. ?Os serviços vêm aumentando sua participação na economia em geral. Se a economia não afundar, essa tendência vai continuar?, diz ele.

Além disso, entre 2004 a 2007, a renda dos brasileiros aumentou, segundo Santos. Com isso, aumentaram os gastos com serviços, tanto em termos proporcionais (porcentagem dos gastos totais) quanto em absolutos. ?Os gastos com celular e internet aumentam muito quando sobe a renda?, explica ele.

Ele explica que famílias de baixa renda gastam grande parte do seu orçamento com alimentação, habitação e transporte. Mas, quando a renda aumenta um pouco, como aconteceu nos últimos anos, as famílias diversificam seus gastos e passam a usar serviços como celular, plano de saúde, cabeleireiro e alimentação fora de casa.

No período, o acesso ao crédito também se ampliou, diz o economista. ?Isso potencializou o acesso a produtos como celular e computador, dando sustentação aos gastos com serviços relacionados, com a entrada de pessoas que antes não tinham acesso a eles?, explica.

Mais barato

André Valle, especialista em tecnologia e professor do programa de MBAs da Fundação Getúliio Vargas (FGV) do Rio, diz que, por conta da concorrência no mercado de telefonia celular, o custo dos serviços vem caindo.

?Com o custo mais baixo, aumenta o volume de celulares. Só não tem celular hoje quem não quer, por opção?, diz ele. Ao mesmo tempo, o serviço passa a representar uma parcela maior do orçamento. ?Antes o brasileiro gastava muito pouco com itens ligados a telefonia. Hoje, isso começa a pesar.?

Estudo do Ibope, concluído em janeiro deste ano, mostra que o gasto mensal médio do brasileiro com celular é de R$ 41. Outro estudo da empresa indica que só 16% dos brasileiros não têm celular.

Seviços x indústria

Como mostraram os números do PIB, o setor de serviços cresceu 1,7% no primeiro trimestre de 2009 em relação ao mesmo período de 2008. Na mesma comparação, indústria e agropecuária tiveram retração, de acordo com dados do Produto Interno Bruto (PIB) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Entre os serviços, os de informação cresceram 5,4%, desempenho que o IBGE atribui à telefonia móvel e aos serviços de informática. ?Os subsetores de serviços que tiveram crescimento foram aqueles que não são ligados à produção industrial?, diz Amanda Tavares, da Coordenação de Contas Nacionais do IBGE.

Ao mesmo tempo, a produção industrial de telefones celulares vem sendo reduzida. Em abril, a queda foi de 45% em relação ao mesmo mês de 2008, segundo dados da pesquisa de produção industrial do IBGE.

Para Valle, essa diferença entre o crescimento de serviços de celular e a produção de aparelhos se deve ao fato de que o mercado está saturado. ?Hoje o mercado de aparelhos é de renovação, e não de clientes comprando o celular pela primeira vez.?

A redução da oferta de crédito, necessário para a compra de aparelhos mais caros, e os estoques altos da indústria explicam a produção menor de aparelhos, na avaliação de Santos.

Mais prático

O assistente administrativo Jonas Candido e sua família não conseguiram a instalação do telefone fixo na chácara em que moram, em Jundiaí. Mas ele diz que, hoje, não tem mais interesse no telefone fixo. Para as quatro pessoas da família, são três celulares: ele e a irmã, que trabalham fora, têm um aparelho cada. O terceiro celular fica em casa com seus pais.

?Acho o celular mais prático, mais seguro e econômico. Com ele consigo controlar melhor os gastos?, diz Jonas. Além disso, o celular ?de casa? pode ser levado pelos pais quando eles saem. Assim, todos podem ?se achar? a todo momento. Jonas, que tem celular há nove anos, diz que seu gasto ?está sempre em ascensão? e passou de cerca de R$ 70 para R$ 150 por mês nos últimos anos.

Guilherme Pereira, advogado que mora em Brasília com um amigo, diz que pensou em instalar um telefone fixo quando se mudaram, mas desistiram. ?Nós dois estudamos e ficamos o dia todo fora, não tem ninguém em casa para ficar atendendo telefone?, diz ele. O advogado relata que nunca teve nenhum transtorno por não ter telefone fixo. ?Até os ?delivery? aceitam.?

O advogado acredita que seus gastos com celular vêm subindo um pouco nos últimos anos. ?Mas quando minha renda aumentar, quero comprar um smartphone e ter um plano de dados para o celular?, diz ele.

Para ligar para a família em São Paulo, ele usa o serviço de VoIP (voz sobre IP, ou telefonia pela internet), que é gratuito para ligações de computador para computador. ?Às vezes eu ligo do meu celular no telefone fixo da casa da minha mãe e peço para eles ligarem o computador e entrarem no Skype, para conversarmos?, conta ele.



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