“Ele precisava de respeito e não teve”, diz viúva de Champignon

Cláudia está grávida de cinco meses. Aos 35 anos, Champignon ia ser pai de uma menina, a Maria Amélia.

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"Ele precisava de respeito e não teve", diz viúva de Champignon | Reprodução
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O Fantástico entrevistou, com exclusividade, a viúva do músico Champignon, o ex-baixista do Charlie Brown Júnior, que morreu esta semana, em São Paulo.

Para os fãs, foi a segunda perda em seis meses: Chorão, o líder da banda, morreu em março, de overdose de cocaína. O que atormentava champignon? E o que aconteceu na noite da tragédia?

A música marca o início de uma paixão. ?Eu quero o amor exatamente como o dele, exatamente igual ao dele?, diz Cláudia, de 32 anos, que é cantora. Conheceu Luiz Carlos Leão Duarte Júnior, o Champignon, em 2009. E compuseram juntos a canção.

?Ele disse que era a nossa oração. Só quem conhece sabe, o quanto ele era sorridente, o quanto ele era alegre e o quanto ele me fez a mulher mais feliz do mundo?, diz Cláudia.

Cláudia está grávida de cinco meses. Aos 35 anos, Champignon ia ser pai de uma menina, a Maria Amélia.

?Ele queria tanto ver essa bebezinha crescer. Ele estava tão cheio de sonhos, cheio de planos naquele dia. Não sei. Eu vou compreender, eu vou perdoar, mas vai ser difícil de entender?, ela diz.

Na noite de domingo (8), Champignon, a mulher e um casal de amigos jantaram num restaurante. O músico tomou saquê, a tradicional bebida alcoólica japonesa.

?Eu pedi: ?amor, não bebe mais. Vamos embora?. E foi onde ele ficou um pouco nervoso comigo porque eu pedi para o bem dele. Ele estava cantando no carro, estava tranquilo. Aí ele chegou em casa, subiu o elevador, foi direto para o quarto. Falei: ?amor, o que você vai fazer? O que foi??. Ele falou: ?tu vai ver o que eu vou fazer?. Ele não deixava eu entrar no quarto. Falei: ?abre a porta. Você vai embora??. Pensei que ele ia, sei lá, pegar alguma mala, arrumar alguma coisa, ir embora?, lembra a viúva.

Já era começo da madrugada de segunda (9), no apartamento onde Champignon morava com a mulher, no Morumbi, Zona Sul de São Paulo.

Primeiro, o músico atirou no chão. ?Foi onde eu ouvi... meu Deus do céu. Eu ouvi os tiros e minha vida... o coração está batendo hoje por causa da minha filha?, conta Cláudia.

O músico tinha duas armas: uma pistola e uma espingarda calibre 12. Segundo a polícia, elas eram legalizadas e Champignon usou a pistola para se matar.

?Eu nunca vi. Eu sei que ele tinha por causa de defesa pessoal, um tempo atrás, que ele foi assaltado. Eu acho que foi um acidente, uma fraqueza do minuto, do segundo. Acredito até que não foi ele. Foi uma força ruim. Ele não tinha problema com droga. Nem com bebida. Ele gostava de uma cervejinha e, quando bebia um pouco de destilado, eu sentia que ele ficava um pouco alterado. Alterado, assim, ficava diferente. E eu não gostava do comportamento?, lembra Cláudia.

Sete dias antes de morrer, Champignon deu uma entrevista a três produtores da cidade de Santos que estão fazendo um documentário sobre a vida de Chorão.

Ele explicou que, para entrar no Charlie Brown Júnior, teve uma conversa com o guitarrista da banda.

?Eu falei pra ele: ?Pô, tem um problema?. Ele falou: ?Qual??. Falei: ?cara, eu só tenho 12 anos?. Ele: ?o quê? Você tem 12 anos??. Falei: ?ó, eu tenho 12 anos, mas eu toco, malandro?", diz Champignon no vídeo.

Na banda que nasceu em Santos, Champignon conheceu o sucesso e se tornou um dos melhores baixistas do Brasil.

Depois de brigas com Chorão, ele deixou o Charlie Brown em 2005, aos 27 anos. O músico participou de outras bandas, mas não alcançou a fama de antes. Em 2011, por não pagar as prestações, perdeu o apartamento em São Paulo, avaliado em cerca de R$ 300 mil.

?Todo mundo passa por dificuldades em algum momento da vida. A gente tinha um dinheiro para entrar, as coisas iam se ajeitar. A gente vivia bem?, diz a viúva.

Ainda em 2011, Champignon pediu para voltar ao Charlie Brown Júnior. Depois de seis anos, estava, de novo, na banda que o consagrou e ajudou a consagrar.

No dia 6 de março de 2013, Chorão morreu de overdose de cocaína. ?Eu peguei ele chorando várias vezes. Eles tinham uma ligação muito forte?, lembra Cláudia.

Um mês depois da morte de Chorão, os integrantes da banda anunciam que vão continuar juntos. O ?Charlie Brown? mudou de nome. Virou "A Banca", e Champignon passa a ser o vocalista.

?A gente nunca imaginou o "Charlie Brown" sem o Chorão, sacou? Ele é o único Charlie Brown insubstituível. Então, por isso, a gente decidiu mudar o nome da nossa banda?, disse Champignon em um show.

Segundo Champignon, foi o próprio Chorão quem tinha pedido para ele ser o cantor da banda. ?Ele queria parar e falou: ?não, vai aí com o barco e tal?. E, por isso, que eu tomei essa decisão de ir para o vocal. Se não fosse isso, sei lá, a gente ia chamar outro cara para cantar ou cada um ia fazer outra coisa?, disse também em entrevista.

Mas alguns fãs não gostaram da mudança e Champignon foi alvo das críticas mais pesadas.

?Gente crucificando ele, dizendo que ele queria pegar o lugar do Chorão. E ele não conseguia assimilar aquilo porque, na verdade, o desejo dele era estar no baixo, quebrando tudo, tocando muito. Ele estava começando de novo. Ele precisava de aprovação, ele precisava de respeito e ele não teve isso. Eu acho que ele não aguentou as críticas. Ele andava muito chateado. Comentários maldosos, pessoas maldosas. Eu não quero falar sobre isso?, diz Cláudia.

Champignon, que já tinha uma filha de 7 anos de um relacionamento anterior, estava compondo várias músicas ultimamente.

Cláudia lê uma que foi escrita há cerca de dez dias. É quase um desabafo: "Na falta da compreensão, não vamos nos julgar. Nossas vidas, tão prováveis, tão palpáveis, vulneráveis. Tem que ser tão sábio para equilibrar toda essa história".

Cláudia não sabe se a banda de Champignon, com integrantes do Charlie Brown Júnior, vai continuar agora, sem ele.

?Ele tem o meu perdão e da minha filha, e eu pediria nesse momento ao Brasil, aos fãs, uma corrente de oração muito grande, que é o que ele precisa?, diz Cláudia.



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