Em entrevista a revista, ex de Fernando Collor diz que ele participava de magia negra com fetos humanos

Em entrevista a revista, ex de Fernando Collor diz que ele participava de magia negra com fetos humanos

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A ex-primeira-dama Rosane Malta foi por 22 anos a companheira de Fernando Collor e sua cúmplice em rituais de magia negra e reuniões secretas realizadas quase sempre na Casa da Dinda, em Brasília. Separada há nove anos por meio de um divórcio litigioso, ela guarda mágoas profundas do ex-marido. Ele se recusa a dividir com ela parte do patrimônio milionário acumulado durante o casamento e a pagar a pensão alimentícia de 30 salários minimos, estabelecida pela Justiça. Depois da separação, Rosane teve depressão e conseguiu superar o problema com a ajuda da igreja evangélica, cujos cultos e obras de caridade ocupam parte da sua programação semanal. Há dois anos, ela decidiu escrever a própria biografia, que se confunde com parte da história do governo Collor e do processo de impeachment sofrido por ele em 1992. Nas 220 páginas do livro que leva o título “Tudo que Vi e Vivi”, Rosane conta os bastidores de um casamento marcado por brigas e ambiciosos projetos de poder.

"Havia vários indícios de que Fernando Collor e Tereza realmente tinham um caso. Alguns gestos davam a entender que sim"

Ela detalha como o casal virou adepto de magia negra, e como Collor participava de rituais que incluíam sacríficio de animais e até o uso de fetos humanos. No livro, relata conversas que ouviu e assegura que o ex-marido mantinha contas bancárias na Suíça e uma conta conjunta com o tesoureiro de sua campanha, Paulo Cesar Farias. Embora não apresente documentos, Rosane diz que suas histórias não são uma narrativa de quem pretende denunciar o ex-marido ou criar fatos políticos. Segundo ela, a ideia é contar sobre sua vida. Isso inclui fatos que presenciou durante o casamento com o primeiro presidente do Brasil eleito por voto popular depois dos longos anos de ditadura.

"Nem a pensão alimentícia Fernando (Collor) paga. Meus advogados dizemque eu sou um caso de exceção à regra, pois no Brasil quem não paga pensão vai preso"

 Istoé - O livro “Tudo  que Vi e Vivi”, é sua biografia, mas é narrada de forma a transformar o ex-presidente Collor no personagem central. Como decidiu contar essas histórias?
 
 Rosane Malta - As pessoas viam uma entrevista minha, mas era um pouco aqui, um pouco ali. Agora eu conto a 
história com começo, meio e fim. Demorei cerca de dois anos escrevendo. A
 ideia era que outra pessoa escrevesse para mim, mas depois decidi eu 
mesma contar com minhas palavras as coisas que vi e vivi naqueles anos.
 

Istoé - Collor deixou a Presidência há mais de 22 anos. Por que você acha que o assunto ainda interessa tanto?
 

Rosane Malta - As pessoas têm um ponto de interrogação sobre o que aconteceu naquela época durante o governo do Fernando. Eu sei que muito se escreveu sobre aqueles anos. Algumas pessoas que fizeram relatos, como o jornalista Claudio Humberto, até participaram do processo de uma forma próxima mesmo. Mas, lendo o que os  outros contam, eu vejo que alguns fatos são verdadeiros, mas em relação  a outros tantos eu não concordo. Decidi então mostrar a minha versão da  história. Colocar com os meus olhos, não apenas a questão do impeachment, mas também o que eu vivi com ele.
 
Istoé -Por que lançar o livro agora?
 Rosane Malta - Eu acho que um conjunto de  fatores fez com que o momento fosse oportuno. Houve a eleição deste ano, por exemplo. As pessoas saíram às ruas para dizer que não estão contentes com o governo e passaram a exigir mudanças. O momento lembra um pouco aquele da eleição do Fernando. Quando ele foi candidato, era 
pós-regime militar. Foi logo depois de as pessoas também terem saído às ruas para mostrar e defender as eleições diretas e democráticas, para votar nos candidatos com alegria. Foi uma fase importante.

Istoé - O senador Fernando Collor acaba de ser reeleito. Houve pressão para que o livro fosse lançado antes ou durante a campanha, numa forma de influenciar o processo?
 
Rosane Malta - Sim, recebi propostas para lançar antes da campanha. Mas eu não queria isso. Eu queria contar a minha história sem parecer que eu estava indo para um enfrentamento com ele. Sou verdadeira. Meu livro não tem o intuito de prejudicar ninguém, muito menos o Fernando. Se eu quisesse fazer isso, já teria feito. Afinal, já estamos separados há nove anos.


Istoé -Mas por que as pessoas acharam que o conteúdo do livro poderia prejudicá-lo? 
 

Rosane Malta - É porque as pessoas nunca ouviram a minha versão completa dessas histórias, sobre qual era o meu ponto de vista. Por exemplo, ninguém soube, até agora, o que eu realmente sabia e pensava sobre os boatos de um caso entre Fernando e a Tereza (Collor). Havia vários indícios de que ele e a Tereza realmente tinham um caso. Alguns gestos davam a entender que sim. 
                                    
Istoé -O que sra. achou de ele ser considerado inocente pelo STF e ter se livrado de todos os processos
 referentes ao seu governo e ao processo que levou ao impeachment? 
 
Rosane Malta -  A gente tem que acatar a decisão do Supremo. Quem sou eu para discutir? O que falo sempre é o que  eu sabia. Por exemplo, o Fernando mantinha contas conjuntas com o PC Farias. O ex-presidente também tinha conta na Suíça. 
                                    
Istoé - Mas o STF concluiu que era difícil provar as acusações contra ele. A sra. consegue mostrar 
alguma prova do que escreve no livro?
 
Rosane Malta - Eu conto o que sei. É o meu ponto de vista. Minha ideia é mostrar a visão de quem estava perto e  dentro de todo processo, como esposa, companheira. Acho que o brasileiro é curioso. Sempre houve uma cobrança grande para que eu contasse minha versão dessas histórias. 

 Istoé -No livro, a sra. detalha os rituais de magia negra dos quais vocês costumavam participar. Como era isso?
 
Rosane Malta -  Realmente decidi falar bastante sobre esse assunto. Eu vi, vivi e participei desses rituais. 
Não me isento disso não. Eu falo a verdade. Eu lembro que li várias entrevistas de ex-mulheres e muitas diziam que não sabiam o que estava acontecendo. Olha, eu sabia muitas coisas, mas outras eu não sabia que 
ele seria capaz de fazer.

Istoé - O que a surpreendeu, por exemplo?
 
Rosane Malta - O Fernando fez magia negra com feto humano. Eu só fui saber depois. Eu jamais participaria de uma coisa dessa e por isso faziam escondido de mim. No livro, eu conto esse caso e ainda incluí testemunhos de quem viu como acontecia. Depois que descobri o que eles faziam, eu questionei o Fernando sobre como ele 
tinha coragem de fazer uma coisa daquelas. Fiquei assustada. 

Istoé - Fez algo a respeito?
 
Rosane Malta - É aquela coisa: a gente está junto, a gente ama, a gente termina perdoando. Fui educada para 
casar e para que o casamento durasse o resto da vida. Então passava por certas coisas e certas situações e relevava muito para segurar o relacionamento e manter o casamento. Depois de algum tempo, o respeito e
 o amor acabaram. Aí não dava mais jeito.

Istoé -Sua narrativa mostra mágoas do seu ex-marido. Foi intencional?
 
Rosane Malta - A história do livro é de uma jovem que casa aos 19 anos com um político e abre mão da sua 
carreira e da própria vida para seguir o seu amor. No final, o que falo é que, embora eu tenha passado por tantas dificuldades, estou de pé. Espero que o livro sirva para dar um exemplo a mulheres com histórias parecidas e que não tiveram forças para continuar. Várias amigas entraram em depressão depois da separação e não saíram mais. Mas me pergunto como pode um ser humano viver durante 22 anos com uma pessoa, que dedicou a vida a ele, e no final não querer deixar absolutamente nada para ela? Nada do que construímos juntos ele acha que eu tenho direito. Como é que pode?
 
Istoé -A sra. também fala da pensão que ele não paga, embora a Justiça tenha entendido ser devida.
Rosane Malta -   Sim, claro. Há nove anos eu luto pelos direitos que eu creio serem meus. Tudo que ele construiu durante o casamento era nosso e deveria ser dividido. Eu ganhei na Justiça o direito de receber uma pensão e eu não recebi nada. Ele recorreu, eu ganhei de novo. Mesmo assim eu não recebi nada. São nove 
anos de luta. Nem a pensão alimentícia ele paga. Meus advogados dizem que eu sou um caso de exceção à regra, pois no Brasil quem não paga pensão vai preso. Mas ele não paga, perdeu na Justiça e tudo continua como antes. Ele simplesmente não cumpre a decisão judicial. É incrível que isso aconteça. Eu via o Fernando fazendo maldades com outras pessoas e não esperava que fizesse um dia comigo. Meu terapeuta um dia disse uma coisa muito correta: eu subestimei a capacidade do inimigo. Foi isso mesmo que aconteceu. 
                                    
Istoé -Hoje a sra. vive sozinha. Algum arrependimento?
 
Rosane Malta -   Depois da separação, eu perdi minha mãe, meus dois irmãos e meu pai em sequência. Sou uma pessoa  que sofreu muito, mas segui em frente. E ainda tem o fato de não ter tido filhos... 
 
Istoé -A sra. se arrepende de não ter tido filhos com o ex-presidente Fernando Collor?
Rosane Malta - Com certeza. Não digo propriamente com ele, mas me arrependo de não ter pensado em mim. Mas ainda quero um filho. É um sonho e isso eu quero fazer. Eu detalho esse drama no livro. Fernando sempre dizia que aquele não era o momento. Ele falava que estava passando por essa ou por aquela fase e precisava de 
mim por inteiro. Era sempre o momento dele. Eu abdiquei de muita coisa. Mas estou me preparando para esse momento. Hoje eu estou solteira, mas continuo acreditando no amor e no casamento. Acredito que, na hora 
certa, Deus mandará uma pessoa especial. As coisas têm uma hora certa para acontecer. Foi assim com o livro. 
 
Istoé -Como o ex-presidente reagiu ao seu livro?
Rosane Malta - Eu não sei nada. Há nove anos que não falo com Fernando. Não tenho contato nenhum com ele desde a separação.  
 
Istoé -Nas últimas eleições, partidos procuraram a sra. para convidá-la a entrar na política. Por que não aceitou?
Rosane Malta - Fui convidada, mas achei que não era o momento. Não quis misturar o lançamento do livro com um momento de campanha eleitoral. Sei que as pessoas diriam que eu estava me aproveitando de uma coisa para promover a outra. Não era isso que eu queria.
                                    
                               



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