“Está faltando chão”, afirma neta após morte de Oscar Niemeyer

“É claro que ele é um ícone. Mais do que arquitetura, tem o trabalho que ele fez em favor da democracia”, disse.

Oscar Niemeyer. | Reprodução
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A neta do arquiteto Oscar Niemeyer, Ana Lúcia Niemeyer, disse nesta quinta-feira (6) que, para a família do carioca, "tá faltando chão". Niemeyer teve uma infecção respiratória e morreu na noite de ontem (5), aos 104 anos, no Hospital Samaritano, em Botafogo, zona sul da capital. Ele estava internado desde o dia 2 de novembro, vítima de complicações renais e desidratação.

"Eu moro em Brasilia, fiquei indo e vindo [entre Rio e Brasília]. Até a semana passada, tínhamos esperança. Ele estava lúcido. Havia uma previsão, inclusive, de ele ir para o quarto esta semana", comentou ela.

"É claro que ele é um ícone. Mais do que arquitetura, tem o trabalho que ele fez em favor da democracia e da justiça social. Acho isso tão importante quanto a obra arquitetônica."

"A vida dele era trabalho, ele só pensava nisso. A arquitetura é a representação física, mas tem a ideológica também. A Fundação Oscar Niemeyer vai lutar para manter isso vivo", falou Ana Lúcia, referindo-se à ideologia comunista do avô.

O corpo do arquiteto foi embalsamado durante a madrugada de hoje no laboratório da Santa Casa de Misericórdia, no bairro de Inhaúma, na zona norte do Rio. No início da manhã, foi levado em cortejo de volta ao hospital.

De acordo com informações do hospital, por volta das 11h o corpo será levado, também em cortejo, para o Aeroporto Santos Dumont, de onde seguirá para Brasília em um avião da FAB (Força Aérea Brasileira), que deve sair ao meio-dia. O velório será no Palácio do Planalto, e o enterro deve ocorrer na sexta-feira (7) à tarde, no Cemitério São João Batista, em Botafogo.

O Comitê Intergovernamental para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), fez hoje um minuto de silêncio em memória do arquiteto. A homenagem, a pedido do governo brasileiro, serviu para lembrar o prêmio Unesco que ele recebeu em 2001, na categoria Cultura. Niemeyer participou da concepção da sede das Nações Unidas em Nova York, matriz da Unesco e projeto de seu mestre, Le Corbusier.

O médico intensivista e clínico Fernando Gjorup, que nos últimos anos foi o médico do arquiteto, disse que Niemeyer morreu às 21h55 ao lado membros da família, entre eles netos e sobrinhos.

"De ontem para hoje, o paciente apresentou uma piora. Os exames de sangue já vinham mostrando isso. Hoje pela manhã, o estado de saúde piorou ainda mais e ele precisou da ajuda de aparelhos para respirar", disse Gjorup.

Muito abalado, o médico declarou que o arquiteto morreu vítima de infecção respiratória.

Gjorup declarou ainda que Niemeyer, neste último mês, onde ficou internado por 33 dias no Hospital Samaritano, nunca falou em morte, sempre falou da vida. "Ele teve que ser entubado e ventilado por aparelho e à noite ele não tolerou e veio a falecer".



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