Conversa de filha e mãe que tem Alzheimer comove os internautas

A gravação, publicada no Facebook no dia 25 de maio, já tem mais 500 mil compartilhamentos e 95 mil curtidas

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Mãe e filha estão emocionando o Brasil, através de um vídeo no Facebook | Reprodução
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Ao abrir a página de uma rede social e perceber que várias pessoas compartilhavam o mesmo link, resolvi clicar. A imagem apresenta uma senhora frágil e uma mulher. No primeiro minuto do vídeo, meus olhos se encheram de lágrimas ao ver e entender o que é o amor no gesto de uma filha com a mãe. A gravação, publicada no Facebook no dia 25 de maio, já tem mais 500 mil compartilhamentos e 95 mil curtidas, mostra as duas conversando, antes da dona Anna Izabel Arnaut, 93 anos, tomar o remédio e dormir. O bate-papo, registrado para a filha ter uma lembrança de quem a trouxe ao mundo, se repete quase todos os dias na casa delas, em Belo Horizonte (MG).

Dona Izabel sofre do mal de Alzheimer há 11 anos e, hoje, já não reconhece os parentes. Esse era o momento mais temido pela filha, a aposentada Ana Heloisa Caldas Arnaut, 55. "Eu não viajava, não ficava muito tempo fora, com medo dela se esquecer de mim".

Mas essa hora chegou. "Quando ela começou a esquecer as coisas, fiquei muito apreensiva, pensando como vou reagir quando ela não lembrar mais de mim. Mas isso foi tão natural que, no dia que me perguntou quem eu era, respondi. apenas: "sua filha". Foi assim: Ela: "Quem é o senhor?" (isso mesmo, como se eu fosse homem). Eu disse: "Sou sua filha, Ana Heloisa". Ela olhou bem para mim e disse: "Filha? Eu não sou casada". Eu: (morri de rir)", escreveu Ana, na página que criou para a mãe, "Alzheimer - Minha mãe tem", no último dia 22 e que já conta com mais 60 mil curtidas no Facebook.

Para Ana, o que realmente importa é o sentimento que uma tem pela outra. "Eu sei quem ela é. O carinho ela me dá, o afeto ela me dá. Ela saber que eu sou filha ou não sou, não importa mais. O que importa é que ela sabe que eu existo e que ela gosta de mim. Isso é muito gratificante".

Filha única, a aposentada sempre morou com a mãe. Saiu de casa apenas para estudar, no Rio de Janeiro, por quatro anos. A ligação das duas é muito forte e não se perdeu com a doença. Quando ainda trabalhava, Ana ia sempre ver a mãe no horário de almoço - buscava casas perto do emprego -, e voltava para cuidar dela no fim da tarde. "Tive pessoas muito boas que ficavam aqui em casa. Ela ainda andava, comia com as próprias mãos, porque como descobrimos bem no início, ele (o Alzheimer) foi evoluindo devagarinho". Dedicada, a filha abriu mãe das férias para conseguir a aposentadoria mais cedo e poder cuidar ainda mais da mãe.

Com o passar do tempo, a doença foi avançando e Ana teve que tomar uma atitude firme. "A nutricionista queria colocar sonda nela de qualquer jeito, mas eu fui contra. Conversei com parentes mais próximos e todos me apoiaram: o que eu decidisse seria aceito. Eu decidi não colocar. Me falaram que era só para ganhar peso. E eu pensei que isso eu faria com uma dieta boa. Mas, infelizmente, a nutricionista falou pra mim que eu estava matando aos poucos a minha mãe de fome. Eu mudei a nutricionista e a minha mãe já ganhou uns cinco quilos, sem a sonda", desabafa.

Nesses dias difíceis e no dia a dia, o marido é um ponto forte. "Ele me ajuda a trocá-la, a colocá-la na cama. As últimas refeições é ele quem dá para eu descansar um pouco".

Uma cuidadora também reforça a equipe. "Em 2012, precisei fazer uma cirurgia e contratei uma pessoa", lembra.

Para a vida

"É um aprendizado diário muito grande. A gente vai se desprendendo das coisas, tendo mais amor e carinho com as pessoas. Percebe que existem muitas coisas tão pequenas diante de uma doença grave como essa. A pessoa que tem Alzheimer é uma caixinha de surpresas. A gente nunca sabe o que vai acontecer".

Paciência

"Todo dia eu preciso reconquistá-la. E essa paciência a gente tem que ter. Mas tem dia que a gente fica muito cansada, tem que sair, se afastar, fazer uma respiração. O ioga é muito bom. Já fiz acupuntura. Por esse lado, vou conseguindo tirar o estresse para aguentar o dia dia".

Repercussão

Os várias compartilhamentos, comentários positivos e a página criada para dividir com outras pessoas que têm familiares com essa doença chegaram de maneira inesperada na vida da Ana. "Foi uma surpresa. Eu estava esperando a participação de amigos e alguns familiares, só de pessoas próximas mesmo. Quando eu vi que tinha milhares de curtidas, eu me surpreendi?, contou.

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