Fiocruz alerta para possível retorno de casos de elefantíase no Maranhão

A doença estava extinta no Maranhão desde 1976 e pode estar ressurgindo, segundo alerta da Fiocruz.

Microfilária de Wuchereria bancrofti | USP
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Casos de filariose, doença popularmente conhecida como elefantíase, podem estar ressurgindo no estado do Maranhão, após focos estarem extintos desde 1976. Segundo estudo feito por pesquisadores e estudantes da Fiocruz Pernambuco, mosquitos da espécie Culex quinquefasciatus infectados com o parasita causador da filariose, o Wuchereria bancrofti, foram identificados nas localidades Coreia e Monte Castelo, em São Luís, capital maranhense.

Segundo artigo, publicado na revista científica Plos Neglected Tropical Disease, as taxas de infecção dos mosquitos foram de 1,06% (na localidade Coreia) e 0,37% (na localidade Monte Castelo). Para que pudessem ser considerados focos extintos essas taxas deveriam estar zeradas. Agora, para confirmar ou descartar a suspeita de crescimento da doença na capital maranhense, os pesquisadores reforçam que é preciso investigar a ocorrência de casos entre humanos. 

“Uma vez encontrados mosquitos com o parasita e pessoas infectadas podem não apresentar sintomas ou tê-los de forma mascarada, pode ser que a doença que esteja em expansão na cidade de forma silenciosa. Só investigando saberemos se há um problema, que pode ser focal, nos locais onde foram encontrados os mosquitos contaminados, ou pode estar se expandindo para outras áreas”, afirma o coordenador do Serviço de Referência Nacional em Filarioses (SRNF) da Fiocruz, Abraham Rocha.

Resultados do estudo

Segundo a Fiocruz, o Laboratório Central (Lacen) do Maranhão indicou 11 bairros para coleta dos mosquitos transmissores da filariose. Coreia, Monte Castelo, Areinha, Vila Passos, Fátima, Lira, Centro, Fabril, Liberdade, Camboa e Coroadinho tiveram registros de pacientes, na década de 1970, com microfilaremia (quando larvas e vermes adultos do parasita são encontrados no sangue e/ou nos vasos linfáticos dos humanos). 

No decorrer da investigação, mais de 10 mil mosquitos foram capturados, por aspiração, em 901 residências, sendo pegos de cem a 200 por casa. A maioria (85,5%) eram C. quinquefasciatus. Destes, 60,8% eram fêmeas, que se alimentam de sangue e são capazes de transmitir o parasita para o homem. Segundo a Fiocruz, elas passaram por teste molecular (PCR) para identificar a presença da W. bancrofti no seu organismo.

“Considerando a densidade de mosquitos encontrada nos domicílios e a detecção de mosquitos infectados com o verme em áreas um dia consideradas endêmicas para doença, além das precárias condições sanitárias observadas no entorno das residências, que facilita a propagação desses insetos, agora, é extremamente necessário investigar a doença entre humanos”, reforça a pesquisadora do Departamento de Entomologia da Fiocruz Pernambuco, Cláudia Fontes. 

“Assim, será possível realizar ações para o bloqueio da doença, silenciosa e negligenciada, por meio de tratamento com medicação para evitar que a transmissão se expanda”, complementa.

Medidas adotadas

Cláudia e Rocha alertaram as secretarias de saúde do estado e do município e o Ministério da Saúde sobre a situação. Além disso, notificaram a Organização Mundial da Saúde (OMS), que providenciou testes rápidos de diagnóstico em humanos, um investimento de mais de R$ 25 mil, para juntar ao material disponível no Lacen Maranhão, que tem data de validade até o final de abril. A aplicação dos testes permitirá fazer o bloqueio da doença, uma vez encontrados casos positivos entre a população. 

Mais sobre a elefantíase

A elefantíase é uma doença infecciosa crônica que pode provocar inflamação e acúmulo de líquido em várias partes do corpo, principalmente pernas, braços e testículos, ocasionando em alguns casos quadros irreversíveis. 

As larvas são transmitidas pela picada dos mosquitos Culex, Mansonia ou Aedes, Anopheles. Da corrente sanguínea, elas dirigem-se para os vasos linfáticos, onde se maturam nas formas adultas sexuais. Após cerca de oito meses da infecção inicial (período pré-patente), começam a produzir microfilárias que surgem no sangue, assim como em muitos órgãos. Dentro do mosquito, as microfilárias modificam-se ao fim de alguns dias em formas infectantes, que migram principalmente para os lábios do mosquito. Assim quando o hospedeiro definitivo for picado, a larva escapa do mosquito e cai na corrente sanguínea do homem(seu único hospedeiro definitivo).



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