“Foto foi a mais difícil que fiz”, diz fotógrafo vencedor do Pulitzer

foto mostra o choro de Taraneh Akbari, depois de um ataque suicida em um templo lotado em Cabul, capital do Afeganistão

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Foto ganhadora do Prêmio Pulitzer de Melhor Foto Urgente | Massoud Hossaini/Afp
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PARIS - "Foi talvez a foto mais difícil que já fiz". A afirmação é do fotógrafo afegão Massoud Hossaini, autor da imagem vencedora do prêmio Pulitzer, em entrevista à BBC.

O fotógrafo da agência de notícias francesa France Presse (AFP) venceu a competição na categoria de melhor imagem de notícia urgente ao registrar o choro de Taraneh Akbari, depois de um ataque suicida em um templo lotado em Cabul, capital do Afeganistão.

Apesar do reconhecimento de seu trabalho, Hossaini disse à BBC que tenta não olhar novamente as fotos que fez em dia 6 de dezembro durante as cerimônias do feriado religioso de Ashura, em que registrou a reação da menina.

"Desde então, tenho feito de tudo para não voltar (a olhar) aquelas fotos que tirei naquele dia. Todas as vezes que penso naquela garota assustada, vestida de verde, chamada Taraneh, sou dominado pelo medo de novo", afirmou o fotógrafo.

Taraneh atualmente tem 11 anos e contou que "quando consegui ficar de pé, vi que todos estavam em volta, no chão, muito ensanguentados. Eu fiquei muito, muito assustada".

"Sei que, quem quer que veja esta foto, vai pensar no fotógrafo, mas espero que eles não se esqueçam da dor do povo afegão", disse Hossaini.

O fotógrafo conta que no dia do evento, "estava tão perto da explosão que fiquei ferido. Meu braço esquerdo ficou ferido."

"Toda a minha concentração foi para tentar capturar o momento. Então eu vi um monte de roupas coloridas e uma menininha, que eu tinha visto antes da explosão. Ela estava gritando em meio ao medo e ao caos. Ela estava cercada de corpos ensanguentados da família dela e amigos", disse.

Mais de 70 pessoas foram mortas na explosão, que coincidiu com o festival muçulmano xiita Ashura e foi o mais grave ataque suicida em Cabul em 2011.

Insurgentes

O comitê do Pulitzer disse que a imagem feita por Hossaini é "dolorosa". O Pulitzer começou a ser distribuído em 1917 e premia os melhores trabalhos de jornalismo e artes.

A família de Hossaini deixou o Afeganistão ainda na década de 1980, durante a invasão soviética, e foi viver no Irã. O fotógrafo voltou ao seu país apenas em 2002, depois da derrubada do Talebã, onde começou a trabalhar em um centro cultural financiado pelo fotógrafo da National Geographic Reza Deghati.

Hossaini trabalha para a AFP desde 2007 e, desde então, tem registrado a luta contra os insurgentes do Talebã no Afeganistão, desde ataques suicidas e combates na capital até reportagens junto com militares da Otan que estão no país.



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