Fusão de redes varejistas ajuda pouco o consumidor

Negócio beneficia empresas, mas ganhos podem não se refletir em preços mais baixos

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A fusão entre as líderes regionais do varejo, Insinuante - com presença mais forte na Bahia - e Ricardo Eletro - em Minas Gerais - cria uma força mais capaz de lidar com fornecedores e concorrentes, mas isso não deve significar necessariamente preços mais baixos ao consumidor, segundo analistas ouvidos pelo R7.

O grupo Máquina de Vendas, surgido com a fusão entre as duas líderes regionais, pode lidar de forma mais adequada com a indústria e resistir ao avanço de gigantes como Pão de Açúcar, Casas Bahia e Magazine Luíza, disse o consultor de varejo George Washington Mauro, da GWM Consultoria.

- Uma rede menor perde força com o fornecedor. Com um grupo de R$ 5 bilhões de faturamento, cria-se uma oportunidade de concorrer de igual para igual.

Mauro considera ser natural que fusões ocorram no setor varejista, e que a união entre duas empresas de forte presença regional forme uma frente para competir no mercado. Ele afirmou ainda que é preciso esperar para ver como o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) vai reagir ao negócio.

- Não se sabe o que o Cade vai fazer. Ele procura controlar para evitar abuso, mas no fundo o que o governo não quer é que ocorra um problema social, como desemprego, se alguma empresa viesse a fechar.

Já o professor do Centro de Excelência no Varejo, da FGV (Fundação Getulio Vargas), Maurício Morgado, diz que essa força para lidar com fornecedores e concorrentes pode não se refletir em preços mais baixos para o consumidor.

- Isso [a fusão de Ricardo Eletro e Insinuante] não beneficia o consumidor. Podem dizer que sim, mas não acredito, pois são menos opções de escolha. Negocia-se melhor com fornecedores, mas isso não necessariamente será repassado para os clientes.

Para Morgado, do ponto de vista das empresas, é inegável que a fusão trará benefícios.

- O grupo Pão de Açúcar/Casas Bahia ficou muito forte, as pequenas redes regionais precisam ganhar escala para fazer frente a um mercado mais competitivo.

Ele avaliou que a internet pode ser um lugar para encontrar preços competitivos, mas o comércio online no Brasil ainda não é tão expressivo. A própria indústria, por sua vez, poderia tomar a iniciativa de se dirigir diretamente ao consumidor - ele lembrou o caso da americana Dell Computer, que nasceu da venda direta de computadores ao consumidor, e só recentemente se aproximou das redes varejistas.

Essa estratégia, no entanto, é pouco provável, segundo o professor, uma vez que a indústria de eletrodomésticos e eletroeletrônicos no Brasil depende muito do varejo. Segundo ele, para as redes que restam a estratégia pode ser a oferta de serviços diferenciados, mais específicos, ou produtos diferenciados, como faz hoje a rede Fast Shop.

Fusão

Ricardo Eletro e a Insinuante, anunciaram nesta segunda-feira uma fusão que cria um grupo - chamado Máquina de Vendas - com faturamento anual de R$ 5 bilhões e que surge já ocupando o segundo lugar no setor varejista brasileiro.

A rede vai oferecer 20 mil itens para venda pela internet e a meta do grupo é dobrar de tamanho nos próximos quatro anos - hoje as duas redes empregam um total de 15 mil funcionários e devem chegar a 30 mil nesse período, e pretendem passar de mil lojas no país, com um faturamento de R$ 10 bilhões.

A Ricardo Eletro domina o mercado mineiro e a Insinuante é líder no Nordeste. O controle da nova empresa será dividido. A nova rede vai atuar em 200 cidades, em 16 Estados, e no Distrito Federal, e terá 528 lojas, sendo 268 da Ricardo Eletro e 260 da Insinuante.



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