“Há uma guerra diária contra a verdade nas mídias”, diz jornalista

A jornalista revelou escândalo envolvendo o Facebook

|
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

Ao ser reconhecida na última quinta-feira (8) com uma das categorias do Prêmio para Liberdade de Imprensa da Repórteres Sem Fronteiras (RSF), a jornalista britânica Carole Cadwalladr alertou que há uma "uma guerra contra a verdade" acontecendo todos os dias nas mídias sociais. A força e a quantidade desses ataques, disse, é "impossível de dar conta". A repórter é autora das reportagens investigativas publicadas no The Observer, versão dominical do The Guardian, que revelaram a coleta de dados de usuários do Facebook pela Cambridge Analytica para uso em publicidade política segmentada, que teria influenciado a eleição dos Estados Unidos e Brexit, em 2016.  

Carole, premiada na categoria "O espírito da RSF" disse considerar uma "vergonha" o fato de o governo do Reino Unido não ter apoiado uma convocação capaz de levar o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, a uma conferência com os parlamentares britânicos, informou o site Press Gazette. O bilionário foi convidado a falar no Parlamento do Reino Unido por quatro vezes. Rejeitou todos os convites. O trabalho de Carole, compartilhado com o Channel 4 News e o The New York Times, levou o fundador do Facebook, a dar respostas ao Congresso dos Estados Unidos no início deste ano. Mais recentemente,  Zuckerberg foi convocado a dar informações diante de um grande comitê sobre desinformação na internet formado por parlamentares britânicos e canadenses.

Em reverência aos demais premiados pela RSF, que enfrentam ambientes hostis, a  jornalista disse que "vemos o autoritarismo em todo o mundo atacando a liberdade de imprensa". Carole, que tem sofrido assédio em represália a seu trabalho, disse que o mesmo comportamento está presente no Reino Unido. “A persistência de Carole – em face de ameaças legais e uma onda de ataques e abusos por parte daqueles que ela está reportando – tem sido notável”, disse o editor do The Observer, Paul Webster. "Suas investigações esclareceram uma das questões mais importantes do nosso tempo: a ameaça emergente aos nossos processos democráticos".

Rebecca Vincent, diretora da RSF no Reino Unido, disse que a reportagem sobre a interferência na campanha do Brexit e na eleição norte-americana ressaltou a importância vital das instituições democráticas e da necessidade de protegê-las – incluindo a própria mídia. “A reação severa que Carole continua a enfrentar é um testemunho do impacto de sua reportagem, e estamos orgulhosos de homenageá-la com este novo prêmio especial."

Também foram premiados a indiana Swati Chaturvedi, na categoria Coragem, por reportagem investigativa na qual revelou esquema do partido do primeiro-ministro Narendra Modi (BJP), que mantém um exército de assediadores para atacar jornalistas nas redes sociais, informou o Portal Imprensa. Swati foi vítima desse grupo, mas conseguiu coletar testemunhos provando a existência da rede de "yoddhas" (guerreiros em hindi), como seus integrantes são chamados por Modi.

Na categoria Impacto, venceu o maltês Matthwe Caruana Galicia. O jornalista já havia conquistado o Pulitzer de 2017 por seu trabalho sobre os Panama Papers dentro do Consórcio Internacional de Jornalismo Investigativo (ICIJ), ainda segundo o Portal Imprensa. Ele deixou a instituição para lutar por justiça no caso da morte de sua mãe, a também jornalista Daphne Caruana Galicia, assassinada na explosão de uma bomba colocada em seu carro. A filipina Inday Espina-Varona levou a premiação Independência. Ela liderou várias investigações em seu país sobre prostituição de menores, violência contra mulheres, questões LGBT e a Frente Moro de Libertação.



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES