História: Múmia egípcia de cerca de 2,5 mil anos é identificada no RS

De acordo com pesquisador, é a primeira múmia egípcia identificada no Brasil do século 21. Batizada de Ifet-Neferet, ela ficou no acervo de um museu por 30 anos, sem que ninguém soubesse suas origens.

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Integrando o acervo de um museu no interior do Rio Grande do Sul, a cabeça de uma múmia que foi identificada como de uma mulher egípcia, que viveu há 2,5 mil anos. A múmia de Iret-Neferet estava no Centro Cultural 25 de Julho, em Cerro Largo, Noroeste do Rio Grande do Sul, há mais de 30 anos, sem que ninguém soubesse a sua  real origem. As informações são do G1.

Depois do incêndio no Museu Nacional, no Rio de Janeiro, são os dois únicos exemplares de múmias egípcias conhecidas no país, Segundo o professor Édison Hüttner, que participa do grupo de pesquisadores da PUCRS e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ). A tragédia acabou destruindo seis múmias que haviam sido compradas pela família imperial.  "O Egito tem nas múmias suas raízes mais profundas", observa o professor, ressaltando a importância da descoberta.

A peça, é a primeira descoberta de uma múmia egípcia no Brasil no século 21. Em 1995, estudiosos da área identificaram a múmia Tothmea, em Curitiba, que está resguardada no Museu Egípcio e Rosacruz.

Édison Hüttner/PUCRS

Hüttner conta que encontrou a cabeça quando esteve no Centro Cultural, em 2017, em busca de materiais para outra pesquisa: a que identificou a imagem de São Nicolau, um dos mais antigos exemplos de arte missioneira do Rio Grande do Sul. "Também tem estátuas missioneiras no museu. Estando por ali, vi a cabeça e pensei que poderia ser uma múmia", lembra.

Trajetória

A cabeça que por anos ficou resguardada ao museu no interior do Rio Grande do Sul foi doada por um morador de Cerro Largo, entre o fim dos anos 1970 e o início dos 1980. Hüttner conta que Marcelino Kuntz entregou a peça pouco antes de morrer de câncer.

Ele, por sua vez, havia ganhado a cabeça de um amigo, que era egípcio, durante uma passagem pelo Rio de Janeiro, na década de 1950, conforme informações repassadas pelo museu. A identidade do egípcio não é conhecida, nem como ele conseguiu a múmia.

"Ele [Marcelino] era um intelectual, tinha conhecimento sobre vários assuntos. Ganhou [a cabeça] nos anos 50 e ficou com ela por todo esse tempo. Morou em São Luiz Gonzaga, Santa Rosa, outros municípios. A múmia sempre acompanhou ele", diz Hüttner.

O pesquisador comenta que viu semelhanças entre a cabeça e outras múmias que ele havia visto no Museu do Louvre, em Paris, e no Museu do Vaticano. Ao iniciar a pesquisa, começou a levantar informações que possibilitaram a confirmação da origem.

Tomografia para identificar o olho

O primeiro passo da pesquisa foi submeter a cabeça a uma tomografia, exame que já ajudou a identificar outras peças históricas no estado, no Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul. "Vimos ali um detalhe especial, que vendo ela de fora não era possível enxergar", diz o professor Hüttner, sobre a constatação de que foi colocado no crânio um olho artificial, como faziam os egípcios antes de embalsamar seus mortos.

Divulgação

A peça é composta por rocha e seda. "Ela fica iluminada, como se fosse vidro", diz. A descoberta deu origem ao nome da múmia: Iret-Neferet significa "olho bonito" em egípcio antigo. O professor comenta que evidências, como as faixas características das múmias egípcias e um buraco acima do nariz, usado para remover o cérebro, já demonstravam a origem da cabeça.

Análise dentária para estimar a idade

A múmia é de uma mulher de meia idade, com aproximadamente 40 anos, descoberta possível através da análise de um dente encontrado na cabeça, como explica o professor.

O dente foi removido e enviado a um laboratório nos Estados Unidos, que reconstituiu o que seria a arcada dentária da mulher egípcia, e calcular a idade aproximada dela. Iret-Neferet viveu entre o final do Período Intermediário III (1070-712) e o início do Período Tardio (712-332 a.C.) do Egito.

Conforme os resultados de um exame de radiocarbono, a múmia deve ter cerca de 2,5 mil anos.

A peça deverá voltar para o Centro Cultural, depois de um período em exposição em Porto Alegre. A cabeça de Iret-Neferet poderá ser visitada na Biblioteca Central Irmão José Otão, no Campus Central da PUCRS, de 11 de junho a 28 de julho, gratuitamente.



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