Após impeachment, Lugo diz que governo de Federico Franco no Paraguai é ilegítimo;veja

Lugo falou à imprensa na frente de sua casa, no bairro de Lambaré, em Assunção

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Fernando Lugo | Divulgação
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O ex-presidente do Paraguai Fenando Lugo disse na tarde deste domingo (24) que não reconhece o governo de Federico Franco e que, portanto, não deve aceitar o pedido do novo presidente para ajudá-lo na tarefa de explicar a mudança de governo a países vizinhos.

Lugo falou à imprensa na frente de sua casa, no bairro de Lambaré, em Assunção, para onde se mudou após o processo de impeachment que o destituiu na última sexta, julgado em menos de 48 horas.

Lugo disse que vai apoiar qualquer "esforço pacífico" para que a ordem institucional seja restabelecida no país.

Segundo emissoras paraguaias, o presidente destituído passou a manhã em reuniões com ex-colaboradores de seu governo, como o ex-chefe de Comunicação, Rubén Penayo, o senador Carlos Filizzola, que foi um dos defensores do presidente no processo no Senado, e ministros que entregaram o cargo após a mudança política.

Discurso surpresa

Durante a madrugada, Lugo havia feito uma aparição pública de surpresa.

O ex-presidente falou a seus partidários em discurso inesperado para cerca de 500 pessoas em frente ao prédio da TV estatal que foi criada durante seu próprio governo, e que foi transmitido.

Ele denunciou sua deposição, afirmando que foi alvo porque tentou "ajudar a maioria pobre" do país.

"O governo está isolando o país", disse. "Eles vão ser responsáveis pela pobreza e pelo retorno da ditadura no Paraguai."

A TV estatal "abriu o microfone" para partidários de Lugo, que demonstraram sua frustração em relação ao que chamaram de "golpe constitucional" ocorrido no país na sexta-feira.

"Aceitei o veredicto injusto do parlamento, pela paz e pela não violência", disse Lugo.

Ele afirmou que tinha informações de que um grupo preparava atos violentos como os ocorridos em 1999, quando sete manifestantes morreram próximo ao Congresso.

"Pacificamente em 21 de abril, o processo democrático continuará com mais força", disse Lugo. "Os companheiros de Brasil, Argentina e Uruguai estão retirando seus embaixadores", disse.

"A ditadura não é somente militar, mas também parlamentar, do capital, do narcotráfico, da violência, e já não queremos isso."

"A pátria nos chama a um protesto pacífico, e eu, como cidadão paraguaio, me junto aqui na rua, na praça, no campo, na cidade, não porque se trate de Lugo", disse.

"Destituíram a democracia, a participação, não respeitaram a vontade popular, e isso é antidemocrático."

Foram feitos apelos por greves e protestos pedindo sua volta.

Em uma entrevista coletiva improvisada, Lugo admitiu que será "muito difícil" voltar ao poder.

"Mas, na política, tudo é possível porque depende da vontade".

O presidente deposto convocou novamente a pacificação com o objetivo de "que a democracia paraguaia se fortaleça".

Ajuda

Na noite deste sábado, o novo presidente paraguaio, Federico Franco, disse em entrevista à agência Reuters que iria pedir ajuda a Lugo para diminuir a tensão provocada pela troca de comando no país.

Ele também prometeu uma ofensiva diplomática para diminuir o que chamou de "desconforto" com os parceiros regionais após o processo relâmpago de impeachment que derrubou Lugo.

Franco disse que provavelmente não irá à cúpula do Mercosul (bloco formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai), que irá ocorrer na próxima semana na Argentina.

"Vamos esperar, ver o que acontece nos próximos dias, vamos sentir a situação e de acordo com isso vamos decidir, mas acredito que o mais importante é reorganizar o país, tudo é muito recente e não é muito prudente sair do país neste momento", disse.

Brasil

O Itamaraty anunciou na noite deste sábado (23) , por meio de nota, que convocou o embaixador do Brasil no Paraguai para consultas. O país também condenou o "rito sumário" de destituição de Lugo.

O Uruguai também anunciou medida semelhante.

A presidente Dilma Rousseff fez reunião ministerial de emergência para discutir a crise.

Mais cedo, o ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota, afirmou que o Brasil deve seguir a posição da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) no caso e não descartou sanções.



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