Cresce demanda por tratamentos para câncer entre refugiados,ONU

Foco de assistência tende a ser combate a doenças infecciosas e desnutrição, mas câncer é problema grave nesse grupo.

Avalie a matéria:
Países têm dificuldade em lidar com o câncer | Getty/BBC
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

Existe uma "alta demanda" por tratamentos para câncer entre refugiados, que tende a crescer e difícil de ser suprida - de acordo com especialistas. Doenças infecciosas e desnutrição são, naturalmente, o foco da assistência de saúde oferecida. Mas crises humanas em países de renda média mudaram o perfil dos refugiados.

O câncer é um problema sério nesse grupo, um problema com o qual países que recebem refugiados têm dificuldade em lidar - disse o Alto Comissário para Refugiados da ONU à revista científica "Lancet Oncology".

Esquemas de financiamento inovadores e até medidas preventivas - como a oferta de mamografias em campos de refugiados - poderiam ajudar, ele sugeriu. Uma equipe liderada pelo médico Paul Spiegel analisou pedidos de financiamento feitos a um comitê de assistência excepcional do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR).

O comitê avaliou 1.989 pedidos de tratamento para refugiados na Jordânia feitos entre 2010 e 2012. Por volta de um quarto (511) dos pedidos envolvia câncer, a grande maioria, cânceres de mama e de intestino.

Cerca de metade dos casos foi aprovada e recebeu financiamento. Pedidos foram rejeitados quando o paciente apresentava prognóstico ruim ou se o tratamento era caro demais. As quantias individuais mais altas aprovadas foram US$ 4.626, em 2011, e US$ 3.501, em 2012.

Pressão sobre anfitriões

Spiegel disse: "Países do Oriente Médio receberam milhões de refugiados, primeiro do Iraque, depois da Síria". "Essa entrada em massa (de refugiados) pressiona os sistemas de saúde em todos os níveis". E acrescentou: "Apesar da ajuda de organizações internacionais e doadores para expandir instalações de saúde e pagar por mais profissionais e medicamentos, (a oferta) não tem sido suficiente".

"O peso da absorção dos custos tem recaído de maneira desproporcional sobre os países anfitriões". "Por exemplo, o Ministério da Saúde da Jordânia arcou com uma conta estimada em US$ 53 milhões pela assistência médica a refugiados nos primeiros quatro meses de 2013".

Spiegel e sua equipe pedem melhorias na prevenção e no tratamento do câncer entre refugiados por meio de esquemas inovadores de financiamento e oferta de melhor assistência nos campos. Entre as medidas sugeridas estão a oferta de mamografias e a criação de registros computadorizados para evitar a interrupção dos tratamentos.

Até agora, respostas a crises se baseiam em experiências de refugiados na África Subsaariana, onde doenças infecciosas e desnutrição são prioridade. "No século 21, situações envolvendo refugiados duram mais tempo e cada vez mais ocorrem em países de renda média, onde os índices de doenças crônicas, incluindo o câncer, são mais altos".

"O tratamento e o diagnóstico do câncer em emergências humanas ilustra uma tendência crescente (de demanda por) assistência para doenças crônicas, mais caras, algo que parece estar fugindo à percepção, mas muito importante, já que o número de refugiados está crescendo".



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES