Egito amanhece sem internet no quarto dia de protestos

Vídeo que mostra jovem sendo baleado teria provocado cortes.

|
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

A internet no Egito seguia fora do ar na manhã desta sexta-feira (28), que promete ser o quarto dia de violentos protestos de rua pela renúncia do presidente Hosni Mubarak, há 30 anos no poder.

Usuários e hotéis em vários pontos do país informavam que o acesso à web estava interrompido.

Um dos maiores provedores da rede no país, o Seabone, baseado na Itália, informou mais cedo que não havia transmissão de dados para dentro ou fora do Egito desde 0h30 no horário local (20h30 de Brasília), segundo a Associated Press.

Repórteres de diversos meios de comunicação do país e blogueiros também relatam sobre o corte no serviço.

As redes sociais têm sido um dos principais meios usados pelos manifestantes para convocar os protestos.

A informação também tem se espalhado pela rede por meio de sites dedicados ao mundo árabe ao redor do mundo. O blog ?The Arabist?, citado pelo americano "Huffington Post", afirma que diversos servidores teriam sido afetados.

?Acabei de receber uma ligação de um amigo no Cairo (do qual não posso citar o nome porque é um importante ativista) me dizendo que nenhum dos seus serviços de internet está funcionando. Chequei com outros dois amigos em diferentes partes da cidades, que confirmaram que a rede não está funcionando?, relata o autor.

O relato também é confirmado por outro blog, ?Mondoweiss?. Ambos os relatos dizem que a internet foi cortada minutos depois de a agência de notícias Associated Press ter publicado um vídeo de um manifestante sendo baleado durante os protestos no Cairo.

Pelo Twitter, repórteres que estão no país também relataram a interrupção na rede. ?Sem internet, sem SMS, qual será o próximo? Celulares e telefones fixos? É demais para a estabilidade?, postou o reporter da rede CNN, Ben Wedeman.

O também americano ?Los Angeles Times? também relata que o serviço de internet via BlackBerry foi cortado no Egito.

ElBaradei

Policiais enfrentaram manifestantes na quinta-feira em duas cidades do leste do Egito, e o político reformista Mohamed ElBaradei, Prêmio Nobel da Paz, regressou ao país para aderir a um grande protesto previsto para esta sexta-feira contra o regime de Mubarak.

Em sinal de que o desafio a governos autoritários está se espalhando pela África e o Oriente Médio, policiais também entraram em confronto com manifestantes no Iêmen e no Gabão.

Em Suez, no leste do Egito, policiais usaram balas de borracha, gás lacrimogêneo e jatos de água contra centenas de manifestantes que exigem a renúncia de Mubarak, no poder há 30 anos. Os participantes do protesto atiraram pedras e bombas incendiárias contra as barreiras policiais. Houve confrontos também em Ismailia, outra cidade do leste egípcio.

Pelo Facebook, os organizadores convocaram protestos ainda maiores para sexta-feira, dia que é parte do fim de semana egípcio. Pelo menos mil pessoas foram detidas no Egito desde terça-feira.

"Vou participar", disse ElBaradei ao embarcar para o Egito. Ele vive em Viena, onde até 2009 dirigiu a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, um órgão da ONU), cargo no qual recebeu o Nobel.

"Eu gostaria que não tivéssemos de sair às ruas para pressionar o regime a agir", disse ele ao defender a renúncia de Mubarak. "Ele serviu ao país por 30 anos, e é hora de que se aposente", afirmou.

ElBaradei eventualmente é criticado no Egito por passar muito tempo fora do país, mas analistas dizem que ele pode servir como líder para o movimento de protesto. O canal de TV Al Arabiya informou, em um breve letreiro exibido na tela, que ele se disse "pronto para assumir o poder durante um período transitório se as ruas exigirem isso."

EUA

A exemplo dos tunisianos, os egípcios se queixam do desemprego, da corrupção e do autoritarismo. Um funcionário do governo norte-americano disse que os protestos são "uma grande oportunidade" para que Mubarak, um dos principais aliados dos EUA na região, promova reformas políticas.

O presidente Barack Obama afirmou em entrevista divulgada no site de vídeos YouTube nesta quinta-feira que a violência não é uma solução para o Egito, fazendo um apelo a governo e manifestantes à contenção.

Obama reiterou o pedido das autoridades americanas a que os manifestantes possam se exprimir livremente.

"O Egito é um dos nossos aliados sobre numerosas questões de importância", disse o presidente, lembrando que falou numerosas vezes com Hosni Moubarak sobre a importância extrema de realizar reformas no governo.



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Avalie a matéria:
Tópicos
SEÇÕES