Egito: Em meio à crise, liderança do partido do governo renuncia

Após 12 dias de protestos, pressão para saída imediata de Mubarak cresce.

Protestos seguiam neste sábado (5) na Praça Tahrir. | AP
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

A liderança do Partido Nacional Democrático, do governo do Egito, renunciou neste sábado (5), segundo a TV estatal.

Gamal Mubarak, filho do contestado presidente Hosni Mubarak e seu herdeiro político, está entre os que saíram, no que parece ser mais uma tentativa de conciliação do governo com o crescente movimento oposicionista.

Hossam Badrawi, considerado da ala liberal do partido e que estava "escanteado" por conta de suas críticas ao governo nos últimos anos, assume como novo secretário-geral do comitê central.

Ele, que tem boa relação com os oposicionistas, entra no lugar de Safwat el-Sharif, considerado um político bastante impopular e próximo a Mubarak.

A TV Al Arabiya disse que o próprio Mubarak renunciou à presidência do partido, mas ainda não havia confirmação oficial disso.

Mais cedo, o premiê egípcio, Ahmed Shafiq, disse que o governo já começou a negociar com alguns grupos de oposição e está tentando atrair outros para obter uma transição negociada do poder no país em crise.

Questionado se a Irmandade Muçulmana -importante grupo islâmico de oposição- entraria nas conversas, Shafiq disse: "Uma vez que os outros entrem, eles também vão entrar, ou ficarão sozinhos".

Abdel-Rahman Youssef, membro da juventude que protesta nas ruas do Cairo, confirmou que ele e outros líderes se reuniram com Shafiq na noite de sexta para tentar discutir a transição.

Uma das propostas, segundo Youssef, seria passar o poder para o recém-nomeado vice-presidente, Omar Suleiman, para, de alguma maneira, Mubarak renunciar ou ser afastado.

O ministro de Finanças, Samir Radwan, disse à BBC que o vice-presidente Suleiman iria se reunir com alguns representantes da oposição.

O oposicionista egípcio Mohamed ElBaradei disse que quer discutir uma transição política "sem derramamento de sangue" com o Estado Maior do Exército, em entrevista à revista alemã "Der Spiegel".

Impasse

Depois de 12 dias de crise política, o país enfrenta um impasse.

Pressionado por protestos de rua e por líderes internacionais, Barack Obama à frente, o presidente Mubarak, de 82 anos e há 30 no poder, recusa-se a sair imediatamente, argumentando que o Egito enfrentaria o "caos".

Já os manifestantes temem deixar as ruas, por acreditar que a falta de pressão iria dar margem a que Mubarak tomasse apenas medidas "cosméticas" para tentar se manter no poder.

Milhares de pessoas seguiam acampadas na Praça Tahrir, a principal do Cairo, que se tornou um símbolo da revolta. O clima, ao contrário dos primeiros dias de protestos, era pacífico.

O Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos calculou que pelo menos 300 pessoas morreram e 4.000 ficaram feridas nos confrontos entre manifestantes e forças de segurança.

O governo tenta trazer o país, cuja economia foi bastante afetada pelos protestos, de volta à normalidade.

A TV estatal informou que os bancos e tribunais iriam voltar a abrir no domingo, primeiro dia útil da semana no Egito. A Bolsa de Valores ainda não abriria.

Mubarak reuniu seus principais ministros da área econômica neste sábado. A reunião incluiu o primeiro-ministro e os ministros de Finanças, Petróleo, e Comércio e Indústria. O presidente do Banco Central do Egito também participou.

Em Munique, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, apelou a todos os países da região que façam "reformas democráticas verdadeiras".

Incidentes

Ao mesmo tempo, uma explosão atingiu o importante gasoduto que abastece Israel e Jordânia, na província do Sinal. Os motivos e as consequências do acidente ainda não estavam claros, mas a TV estatal falou em sabotagem.

E a TV americana Fox News informou que o vice-presidente Suleiman escapou de um atentado.

Uma igreja de Rafah, no Sinai, fronteira com a Faixa de Gaza, incendiou-se neste sábado, segundo a France Presse. As causas do incêndio ainda eram desconhecidas, mas testemunhas disseram ter visto homens armados e ouvido uma explosão.

Grupos islâmicos pediram, nos últimos dias, a seus militantes que aproveitassem a crise egípcia para realizar atentados na região, segundo grupos de monitoramento.



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES