Após quatro décadas sem dar sinal de vida, o ex-guerrilheiro uruguaio Amodio Pérez, de 72 anos, reapareceu em entrevista a um jornal do país em que nega ter traído seus companheiros de luta armada, incluindo o atual presidente do Uruguai, José Mujica.
A reportagem foi publicada nesta semana pelo jornal uruguaio El Observador com base em informações fornecidas por um homem que diz ser o próprio ex-guerrilheiro.
Junto com Mujica, Pérez foi um dos cinco fundadores nos anos 1960 do MLN (Movimento de Liberação Nacional-Tupamaros), uma das principais frentes de resistência aos governos eleitos que antecederam a ditadura militar uruguaia.
O Uruguai viveu tempos de tensão política e econômica nos anos 60 e 70, antes do golpe militar, em 1973.
Em 1972, o então presidente do país, Juan María Bordaberry, e uma comissão das Forças Armadas se uniram para "reprimir a guerrilha".
Naquele ano, Mujica foi preso e integrou o grupo chamado "13 reféns". O líder uruguaio só foi libertado em 1985, com o retorno da democracia.
Por muito tempo, Pérez foi considerado "desaparecido" ou "morto" por ex-aliados e também por militares.
Ele teria fugido do país em 1972, acusado por ex-companheiros de revelar ações planejadas pela guerrilha e de delatar a localização do "Cárcel del Pueblo", lugar para onde eram levados os prisoneiros do grupo armado.
Segundo historiadores uruguaios, o ex-guerrilheiro teria ido até o local vestido com roupas militares e, ao lado de membros da repressão do regime, pedido aos ex-companheiros de luta que se entregassem.
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