Filho do ditador Kadhafi diz não temer intervenção na Líbia

Conselho de Segurança da ONU aprovou ação militar na Líbia.

Saif al-Islam, filho de Kadhafi. | AP
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O filho de Muammar Kadhafi, Saif al Islam, considerado sucessor do ditador na Líbia, disse nesta sexta-feira (18) que ?não tem medo? de uma intervenção militar internacional após a resolução aprovada na noite de quinta-feira (17) pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, permitindo o uso da força para proteger os civis líbios.

?Estamos em nosso país e com nossa gente. E não temos medo?, afirmou Saif al Islam Kadhafi, herdeiro político de seu pai, em declarações à emissora americana ?ABC?, após a aprovação do texto da ONU.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou nesta quinta a criação de uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia e a adoção de ?todas as medidas necessárias? para proteger civis contra as forças do governo Muammar Kadhafi, o que na prática autoriza ações militares.

A Otan analisará nesta sexta a nova situação na Líbia após o Conselho de Segurança da ONU ter autorizado o uso da força contra o regime de Kadhafi.

A resolução na ONU foi aprovada por dez dos 15 integrantes do conselho. Brasil, China, Rússia, India e Alemanha se abstiveram. Não houve votos contrários à medida, que era defendida por França, Inglaterra, Líbano e os Estados Unidos.

O anúncio foi recebido com comemoração por milhares de manifestantes antigoverno na cidade de Benghazi, segunda maior cidade líbia que se tornou o reduto da oposição a Kadhafi.

A medida foi saudada com fogos de artifício, gritos e tiros para o ar, segundo a TV árabe Al Jazeera. Nesta quinta, o ditador anunciou que as forças governamentais atacariam a cidade na noite desta quinta. O ministro francês das Relações Exteriores, Alain Juppé, advertiu que não há muito tempo para intervir. "Pode ser uma questão de horas".

A Líbia estima que a resolução da ONU "ameaça a unidade" do país e constitui um "apelo aos líbios para que se matem", disse o vice-ministro líbio das Relações Exteriores, Khaled Kaaim. "Esta resolução traduz uma atitude agressiva da comunidade internacional, que ameaça a unidade da Líbia", declarou.

Segundo o vice-ministro líbio, a decisão é resultado de um "complô" da comunidade internacional "guiado pela vontade de países como França, Grã-Bretanha e Estados Unidos para dividir a Líbia".

Justificativa brasileira

A justificativa para a abstenção brasileira na votação, lida pela embaixadora Maria Luiza Viotti durante a sessão, diz que o país não está convencido de que "o uso da força" levará "à realização do nosso objetivo comum ? o fim imediato da violência e a proteção de civis".

"Estamos também preocupados com a possibilidade de que tais medidas tenham os efeitos involuntários de exacerbar tensões no terreno e de fazer mais mal do que bem aos próprios civis com cuja proteção estamos comprometidos", diz o texto, divulgado pelo Itamaraty.

A justificativa diz ainda que a posição brasileira não deve ser interpretada como "endosso do comportamento das autoridades líbias ou como negligência para com a necessidade de proteger a população civil e respeitarem-se os seus direitos".

Sanções

O embaixador britânico na ONU, Mark Lyall Grant, afirmou antes que a resolução irá ampliar as sanções sobre o governo de Kadhafi, sem especificá-las.

O rascunho da resolução obtido pela agência Reuters antes da votação pede para que haja congelamento dos bens da Libyan National Oil Corp. e do banco central líbio devido a vínculos com Muamar Kadhafi.

Os Estados Unidos, anteriormente relutantes à ideia de uma intervenção militar, disseram nesta quinta-feira que o Conselho de Segurança da ONU deveria considerar a adoção de medidas mais duras do que a imposição de uma zona de exclusão aérea na Líbia.

"Estamos discutindo muito seriamente e comandando os esforços no Conselho a respeito de uma gama de ações que acreditamos ser eficazes para proteger os civis", disse a embaixadora dos EUA na ONU, Susan Rice, na noite de quarta-feira em Nova York. "A visão dos EUA é que precisamos estar preparados para contemplar os passos que incluem uma zona de exclusão aérea, talvez indo além dela", afirmou.

Suspensão

Mas o debate internacional sobre eventuais ações militares pode se arrastar, dando a Kadhafii tempo para dominar a rebelião, que já dura cerca de um mês.Nesta quinta-feira (17), o exército líbio anunciou que, a partir de domingo, supenderá suas operações militares contra a insurreição para que "os terroristas possam entregar suas armas".

A TV estatal líbia disse que disparos e explosões foram ouvidos no aeroporto próximo a Benghazi. Se confirmado, seria o primeiro combate nos arredores da cidade onde a revolução começou, e um sinal do sucesso da contraofensiva governista.

Os confrontos em torno de Ajdabiyah, uma cidade estratégica na rodovia litorânea, contiveram o avanço do Exército rumo a Benghazi, mas os militares alertaram aos cidadãos que pretendem avançar para a cidade, e recomendaram aos moradores que deixem as áreas controladas pelos rebeldes.

A TV Al Arabiya disse que cerca de 30 pessoas já foram mortas nos combates em Ajdabiyah. Nos arredores da cidade, há carros queimados nos acostamentos, e as forças do governo exibem à imprensa estrangeira os seus canhões, tanques e lançadores móveis de foguetes -- um poderio bélico muito superior ao que é usado pelos rebeldes.

A TV estatal informou que as forças do governo capturaram também Misrata, terceira maior cidade líbia, 200 quilômetros a leste de Trípoli. Rebeldes e moradores, no entanto, negaram a afirmação.



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