Lugo recusa reconhece autoridade politica de Franco e anuncia seu “gabinete paralelo”

Ele ainda acrescentou que “não é possível definir o que vai acontecer no Paraguai nos próximos meses”

Avalie a matéria:
Fernando Lugo- ex presidente do Paraguai | Divulgação
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

Em entrevista coletiva nesta segunda-feira (25), Fernando Lugo, presidente deposto do Paraguai, recusou reconhecer Federico Franco como novo mandatário e anunciou um ?gabinete paralelo? no país para voltar ao poder. Ele ainda acrescentou que ?não é possível definir o que vai acontecer no Paraguai nos próximos meses?.

Com isso, a postura de Lugo, que logo após sua deposição -- ocorrida na última sexta-feira (22) -- reconheceu o novo presidente, sofre uma reviravolta.

"Federico Franco -- não o chamo de presidente -- não tem autoridade para convocar o presidente Lugo para ser o mediador dos conflitos internacionais?, afirmou o ex-bispo, referindo-se às declarações de Franco, que disse que o procuraria para tentar resolver os problemas diplomáticos pós-destituição.

?Aqui houve uma quebra institucional do processo democrático, e esta quebra é reconhecida pela maioria da comunidade internacional?, continuou, em alusão aos países latino-americanos que não reconheceram seu impeachment.

?Nós nos submetemos ao julgamento político, mas não vamos dar o gosto aos promotores da morte, que provocaram a morte de camponeses e policiais?, acrescentou, assinalando que o ambiente em frente ao Congresso pode ter causado enfrentamentos, feridos e mortos.

As declarações de Lugo foram dadas em Assunção, na sede do Partido País Solidário (PPS), que integra a Frente Guasú. O ex-presidente esteve reunido no local com ministros que também foram depostos, além de apoiadores, em uma espécie de gabinete de governo paralelo.

O ex-bispo confirmou que tentará estar na Cúpula do Mercosul, na próxima quarta-feira (27), em Mendoza. ?O presidente Lugo está solicitando a presença na reunião para explicar pormenorizadamente o que aconteceu aqui?, disse, fazendo autoreferência.

Ele também voltou a dizer que aceitou a destituição para evitar um massacre, mas afirmou que mudou de postura por conta de ?um descontentamento nacional e internacional.?

Sobre a possibilidade de antecipar as eleições paraguaias, marcadas para abril de 2013, Lugo diz que isso cabe à Justiça Eleitoral. ?Isso não depende do presidente Lugo.?

A reunião entre Lugo e seus conselheiros foi convocada para articular o que o ex-presidente chamou de restauração da democracia. Na prática, a ideia é alinhavar de maneira objetiva seu retorno ao poder. Deputados e senadores aliados de Lugo tentam buscar maneiras de reverter o quadro político atual.

A criação do gabinete paralelo ocorre em um momento no qual as pressões externas ao Paraguai se intensificam. Argentina, Equador e Venezuela retiraram seus embaixadores do país; Brasil, Uruguai, Chile e Colômbia convocaram os seus representantes no Paraguai para consultas.

Vários outros países da América Latina, inclusive a vizinha Bolívia, não reconhecem o governo de Franco. No domingo (24), Hugo Chávez, presidente venezuelano, suspendeu as provisões de petróleo ao Paraguai.

O Mercosul decidiu suspender o Paraguai da próxima cúpula, a se realizar a partir de quarta-feira (27) em Mendoza, na Argentina. Lugo, por sua vez, afirmou que irá ao encontro. A Unasul (União das Nações Sul-Americanas), que se reúne na semana que vem no Peru, também suspendeu o Paraguai.

Preocupado com o isolamento, Franco afirmou que iria procurar Lugo para obter ajuda no diálogo com os países vizinhos, mas o ex-bispo disse que não atenderá o pedido. ?É um governo falso. Os cidadãos não aceitam um governo que rasgou a institucionalidade da República. Não se pode colaborar com um governo que não tem legitimidade dos cidadãos?, afirmou.



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES