Argeninos em crise ficam em hipnose com novela brasileira, Avenida Brasil

Novela brasileira Avenida Brasil é o programa mais visto no país vizinho

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Quem caminha pelas ruas de Buenos Aires logo percebe rostos conhecidos dos brasileiros estampando capas de revistas locais, e eles não tem a ver com a crise econômica pela qual passa o país. Carminha, Nina e Jorgito, o novo nome de Jorginho ? trio de protagonistas da novela brasileira Avenida Brasil ? estão por toda a parte e fazem a cabeça dos argentinos.

A trama de João Emanuel Carneiro chega a sua reta final no País hermano. E é líder de audiência por lá, no canal Telefe, desde sua estreia, em 16 de dezembro de 2013, todos os fins de tarde, quando é exibida.

Sucesso mundial

A Argentina é um dos 124 países para os quais a trama foi vendida ? o folhetim já foi dublado para 18 línguas.

A trama de 179 capítulos, que terminou sua exibição no Brasil em 19 de outubro de 2012, já foi tema de reportagem até da revista Forbes, que informou que a novela teve custo de US$ 91 milhões para ser produzida, mas já gerou lucro de US$ 2 bilhões, o que faz de Avenida Brasil o produto televisivo brasileiro mais rentável da história.

Vício na novela

O farto público da novela na Argentina é composto de gente como a pedagoga portenha Romina Mauriz. Fã de tramas brasileiras como O Clone, ela logo se viu ?viciada? em Avenida Brasil. A argentina ?ficou viciada? na trama que ?mistura vingança e amor?.

? As atuações são ótimas. Adoro as caras e bocas que a Carminha faz. Ela é a melhor. A personagem provoca mais riso do que raiva.

Romina conta que a novela lhe fez mudar a percepção que tinha sobre o Brasil.

? Antes pensava que o Brasil era praia, dança e boa comida. A novela mostra que o País tem tantos problemas quanto aqui na Argentina, com ricos e pobres.

Ela revela que o êxito da trama no País fez a novela ganhar mais intervalos comerciais. Antes, ?quase não tinha publicidade?, lembra a telespectadora. E conta que a ida recente do ator Cauã Reymond a Buenos Aires causou muito impacto midiático. ?Ele é muito sexy?, define. Romina só reclama que a parte da trama que se passa na Argentina, onde a protagonista Nina foi criada, é muito pequena.

?Eles deveriam ter gravado cenas em Buenos Aires. Isso chamaria ainda mais público. E também a irmã da Nina não parece argentina de verdade.

Leia o blog de Miguel Arcanjo Prado

Curiosidade sobre o fim do folhetim

A fotógrafa brasileira Michely Ascari, que estuda desenho de imagem e som na Universidade de Buenos Aires, já percebeu o sucesso da trama em seu cotidiano. Ela conta que ?foi uma loucura? chegar à Argentina e ?perceber a repercussão que a novela estava causando?.

? As pessoas me perguntam se eu vi a novela e se podia adiantar algo dos personagens e até querer saber o final.

Ela, que não acompanhou a trama no Brasil, conta que se diverte com a dublagem. Agora, não tem sucesso sempre que algum argentino descobre que ela é brasileira.

? Geralmente, são vendedoras de lojas ou garçonetes que me perguntam. Eles querem saber da Carminha, da Nina e do Jorginho.

A brasileira afirma que ?acha ótimo? o sucesso brasileiro em terras estrangeiras.

? Acho que o recente investimento em novos tipos de pensamentos, formatos e qualidade de produção dentro desses tipos de mídia estão dando resultados.

Leia o blog de Miguel Arcanjo Prado

Qualidade e público universal

Para Claudino Mayer, doutor em Ciências da Comunicação e em Teledramaturgia pela ECA (Escola de Comunicações e Artes) da USP (Universidade de São Paulo) e autor do livro Quem Matou... O Romance Policial na Telenovela [Editora Annablume], a novela brasileira despertam tanto interesse internacional ?porque é um produto de excelente qualidade: texto, fotografia, bons atores, produção e trilha sonora?.

? As telenovelas brasileiras falam a língua do povo. Percebemos que em outros países também há povos com seus anseios, carências, dificuldades, reivindicações. Esse ?povo?, independente da cultura, vai se identificar com algum tipo de ações de Avenida Brasil. A trama tem elementos que dialogam com outras culturas, porque parte de sua temática se assemelha com o cotidiano de muitos outros países.

Para o especialista, João Emanuel Carneiro conseguiu na novela dar destaque a personagens secundários, que conseguiram ?se sobressair junto da ação narrativa principal?. Ele cita como exemplos o núcleo do Bairro do Divino, onde vivia a periguete Suelen (Ísis Valverde). Para Mayer, o fato de a trama começar na Argentina, de onde Nina abre mão de seu status para vingar-se de Carminha no Brasil, ajudou a catapultar a trama naquele país.

? Avenida Brasil tem vilões bem humorados e carismáticos, Carminha e ?Nina?, se revezaram nos papeis. Carminha era a vilã oficial, mas Nina demonstrou também elementos de vilania, que é comum em pessoas do mundo real. E elas só tomaram tal dimensão por causa da interpretação das duas atrizes. Já o Jorginho, que na Argentina virou Jorgito, é o perfil do herói idealista latino. Por isso, ele faz tanto sucesso também na Argentina.

Para o pesquisador, Avenida Brasil ainda reflete parte da história recente que se passou na Argentina, como a descoberta recente de adoção de filhos de militantes políticos de esquerda por nomes poderosos do País durante a ditadura militar. O sucesso deve ser observado com cuidado pelos produtores e autores de novela no Brasil.

? Podemos dizer que Avenida Brasil empolga os argentinos por trazer fortes elementos com o ?mundo? que eles conhecem muito bem, que é o mundo do melodrama: sequestro, adoção de filho, vilão com características de herói, amores entre familiares. O sucesso de audiência na Argentina ajuda em novas produções brasileiras para que os autores ?não se esqueçam? que o texto deve ser escrito pensando sempre que público não está apenas no Brasil.



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