Mianmar liberta da prisão domiciliar Aung San, Nobel da Paz de 1991

Prisão domiciliar da ativista pró-democracia terminou neste sábado (13).

Aung San Suu Kyi | Reprodução G1
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As autoridades de Mianmar libertaram neste sábado (13) a líder opositora Aung San Suu Kyi, símbolo da dissidência à junta militar, poucos dias depois de eleições parlamentares muito criticadas pelos países ocidentais.

A condenação de 18 meses de prisão domiciliar, que a vencedora do Nobel da Paz em 1991 cumpre atualmente, a última de uma longa série de punições, chegou ao fim.

O governo já havia adiantado que iria libertar Suu Kyi, que há mais de 20 anos simboliza a resistência democrática pacífica em Mianmar.

Sua libertação era aguardada por cerca de mil pessoas que faziam vigília próximo à sua casa e à sede de seu partido, a Liga Nacional pela Democracia (LND). Forças de segurança retiraram as barricadas que cercavam sua casa, e os policiais que guardavam a casa deixaram o local.

Testemunhas disseram que, logo após a retirada, Suu Kyi recebeu a visita de seu advogado e de um médico dentro de sua casa. Ela chegou ao portão da casa e acenou para a multidão.

Eleições

A libertação da opositora acontece poucos dias depois das primeiras eleições no país em 20 anos, celebradas no último domingo.

Os países ocidentais e a oposição criticaram o processo e denunciaram fraudes. Mas o partido ligado à junta militar que governa o país ignorou a censura internacional e alegou ter recebido 80% dos votos para as futuras assembleias nacionais e regionais.

Há alguns meses, analistas previram que o regime comandado pelo generalíssimo Than Shwe terminaria libertando Suu Kyi, que foi mantida afastada das eleições.

Mas também lembram que o homem forte da junta, que detesta a dissidente, a libertou duas vezes antes de determinar sua prisão novamente.

Em maio de 2009, Suu Kyi estava prestes a ser libertada quando um americano conseguiu nadar até sua casa em Yangun, às margens de um lago. Em agosto do mesmo ano, ela foi condenada a mais 18 meses de prisão domiciliar.

Apesar dos pedidos da ONU, a junta militar que controla o país recusava-se a se reunir com secretário-geral Ban Ki-moon, que, na ocasião, visitou especialmente Mianmar para isso.

Suu Kyi sempre clamou inocência, denunciando o caráter parcial das acusações atribuídas a ela pelo governo birmanês.

Ela é filha do herói da independência do país, o general Aung San, que foi assassinado, é vista como poderosa ameaça pela ditadura militar.

Nascida em 19 de junho de 1945, Aung San Suu Kyi iniciou seus estudos em Yangun e os continuou na Índia, onde sua mãe foi nomeada embaixadora em 1960. Depois, estudou em Oxford.

Assistente da Escola de Estudos Orientais em Londres, ela se casou em 1972 com o acadêmico britânico Michael Aris, com quem teve dois filhos.

Retornou a Mianmar em abril de 1988. Sua volta ao país coincidiu com o início de uma revolta popular contra a repressão política, marcada pelo declínio econômico.

"É um ícone que inspira as pessoas", sempre sujeitas ao reino do medo, dizia Sunai Phasuk, da Human Rights Watch.

Isolamento

Mesmo com a libertação, Suu Kyi está politicamente mais isolada do que nunca. A vitória eleitoral de 1990 de seu partido parece cada vez mais longe.

O resultado da votação de 20 anos atrás nunca foi reconhecido pelo regime ditatorial, e a líder opositora passou 15 dos últimos 20 anos privada da liberdade.

Mas a vitória deu legitimidade a Suu Kyi em Mianmar e no exterior. O principal objetivo da junta militar nas eleições de domingo era tentar reduzir esta legitimidade.

Suu Kyi boicotou as eleições, assim como a LND, que foi oficialmente dissolvida. Em tais condições, o futuro político da dissidente é incerto.

Em outro problema para o governo, a junta militar acusou de "terroristas", que cometeram "atos subversivos para perturbar a estabilidade do Estado", os rebeldes da etnia Karen que enfrentaram o Exército no leste do país.

Os combates provocaram a fuga para a Tailândia de 20 mil pessoas. Quase todas já retornaram, mas a tensão persiste em um país onde muitas minorias étnicas não têm uma relação pacífica com o governo central.



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