Operações de resgate em mina na Turquia se encerram com 301 mortos

Após desastre em mina, milhares de turcos protestam contra o governo

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As operações de recuperação das vítimas chegavam ao fim neste sábado (17), quatro dias após a catástrofe mineradora de Soma, que alimenta a ira contra o governo do primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, a três meses da eleição presidencial.

Um dia depois de uma violenta intervenção policial contra milhares de manifestantes que exigiam, a poucos quilômetros do lugar da tragédia, a renúncia do governo, o balanço do maior acidente industrial da história da Turquia já superava os 300 mortos.

"O balanço é de 301 mortos. (...) Ainda restam dois mineiros presos no fundo", declarou à imprensa o ministro da Energia, Taner Yildiz.

O acidente minerador de Soma provocou desde terça-feira (13) uma intensa comoção em todo o país e desencadeou uma nova revolta contra o governo islamita-conservador do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan, acusado de ter descuidado da segurança dos mineiros e de ser indiferente ao seu sofrimento.

Empresa mineradora rejeita responsabilidade por explosão em mina na Turquia

A polícia turca dispersou violentamente na tarde de sexta-feira (16) com canhões de água e bombas de gás lacrimogêneo 10 mil pessoas que protestavam em Soma para denunciar as condições de trabalho dos mineiros.

Erdogan ? que dirige a Turquia desde 2003 e pode anunciar sua candidatura à eleição presidencial de agosto ? atribuiu o acidente a uma fatalidade, e rejeitou as acusações de negligência.

"Os acidentes foram parte da própria natureza da mina", havia afirmado.

Mas a 15 dias do primeiro aniversário da onda de protestos que abalou seu governo em 2013, esta alegação foi considerada depreciativa pela oposição turca e alimenta críticas e tensões, em um contexto de escândalos.

As fotografias dos protestos também não acalmaram os ânimos.

Segundo imagens divulgadas nas redes sociais, o chefe de Governo, famoso por perder a calma, teria dado um tapa em um manifestante, uma informação desmentida na sexta-feira pelo porta-voz de seu partido para a Justiça e o Desenvolvimento (AKP), Huseyin Celik.

A foto de um dos assessores do primeiro-ministro chutando um manifestante, enquanto dois policiais fortemente armados seguravam a vítima no chão, provocou grande impacto em uma Turquia de luto.

As críticas ao governo, acentuadas em dezembro pela publicação de um escândalo de corrupção que resvalou no Executivo e no próprio primeiro-ministro, não afetaram o governante Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP), que venceu as eleições municipais de 30 de março.

Após a vitória, ninguém duvida que o homem mais carismático da política turca vai disputar a próxima eleição presidencial dos dias 10 e 24 de agosto.

Por sua vez, em sua edição deste sábado o jornal Milliyet afirma que um relatório preliminar sobre as causas da catástrofe aponta a falta de detectores de monóxido de carbono na mina.

O presidente da companhia mineradora, Alp Gürkan, muito criticado pela imprensa após a catástrofe, havia se vangloriado em 2012 de ter conseguido reduzir custos de produção em sua mina.



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