Repressão aos protestos antigoverno já matou 640 na Líbia

Opositores dominam leste, ditador diz que não renuncia, e pressão cresce

Protesto nesta quarta-feira (23) | Reprodução
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

Pelo menos 640 pessoas já morreram na Líbia desde 14 de fevereiro nos protestos contra o regime de Muamnar Kadhafi, anunciou nesta quarta-feira (23) a Federação Internacional para os Direitos Humanos (FIDH).

O número representa mais que o dobro do balanço oficial do governo da Líbia, divulgado na véspera, de 300 mortos.

A FIDH, com sede em Paris, menciona 275 mortos na capital na Líbia, Trípoli, e 230 na cidade de Benghazi, epicentro dos protestos, no leste do país.

As informações vindas do país deflagrado são frequentemente contraditórias, e há estimativas de que o número de vítimas seria maior.

O país se encontra em meio ao caos desde o começo dos protestos, com relatos de que a região leste está totalmente em mãos dos manifestantes. O governo líbio argumenta que as manifestações são orquestradas por elementos ligados à rede terrorista da al-Qaeda.

A equipe da France Presse viu rebeldes - na maioria armados - na estrada próxima ao litoral mediterrâneo que vai da fronteira com o Egito à cidade de Tobruk, a 150 quilômetros mais a oeste.

Por todas as partes há insurgentes com a bandeira da independência de 1951, anterior ao regime de Kadhafi.

A rebelião, parcialmente inspirada nas revoltas das vizinhas Tunísia e Egito, onde governos ditatoriais caíram, se alastrou para Trípoli, a capital, no oeste.

A pressão internacional contra o coronel, no poder desde 1º de setembro de 1969, também cresce.

O presidente da França, Nicolas Sarkozy, pediu à Europa que suspenda todos os laços econômicos com a Líbia e adote sanções contra o país, depois da forte repressão aos protestos da oposição.

"Eu gostaria de ver a suspensão de relações econômicas, comerciais e financeiras com a Líbia até o próximo aviso", disse.

Sarkozy afirmou que, entre as possíveis medidas, estavam o julgamento dos responsáveis, a proibição de viagem deles à União Europeia e um monitoramento de suas transferências de recursos.

A chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, anunciou no Cairo a suspensão das negociações iniciadas em 2008 com a Líbia para um acordo de cooperação, que incluía um importante capítulo comercial.

Sanções seriam estudadas pelo bloco ainda nesta quarta.

Na véspera, o Conselho de Segurança da ONU pediu o fim da violência, e a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, disse que seu país tomará medidas "no tempo certo".

Kadhafi diz que fica

Também na véspera, o coronel Kadhafi fez um raivoso discurso televisionado, em que reafirmou que só sai do poder morto e prometeu destruir os opositores como se fossem ratos.

Mas a fala do ditador não intimidou os manifestantes, que mantiveram os atos de rua contra o regime nesta quarta.

Vários países, inclusive o Brasil, organizam-se para retirar seus cidadãos que estão na Líbia.

A União Europeia (UE) está preparada para retirar 10 mil de seus cidadãos que se encontram na Líbia nas próximas horas e dias, incluindo por via marítima, anunciou nesta quarta-feira o Executivo comunitário.

Também aumentam as deserções de políticos e diplomatas ligados ao regime, além de líderes religiosos e tribais.

Dois militares ejetaram-se de um caça, que caiu, para evitar um bombardeio a Benghazi, segundo uma fonte militar.

"Êxodo bíblico"

O chanceler italiano Franco Frattini disse temer um "êxodo bíblico" de imigrantes procedentes da Líbia, além de considerar impossível imaginar o futuro no caso de queda do regime.

"Sabemos o que nos espera quando o regime líbio cair: uma onda de 200 mil a 300 mil imigrantes. Dez vezes mais que o fenômeno albanês dos anos 90", afirmou, antes de destacar que estas são estimativas "otimistas".

Ele afirmou que o número de mortos até agora no país pode chegar a mil.

A Cruz Vermelha também alertou para um "risco catástrofico" de êxodo em massa de líbios para a Tunísia.



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES