Sapateiro do Papa Emérito se diz pronto para calçar seu sucessor

Sapatos vermelhos já foram confundidos com calçados de grife

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Um dos itens de vestuário do Papa que mais chamam a atenção ? os reluzentes sapatos vermelhos ? foram feitos, pelo menos no período em que Joseph Ratzinger esteve à frente da Igreja Católica, em uma pequena oficina nos fundos de uma loja simples em uma ruela de Roma ? e não se trata de uma filial da grife Prada, como muitos podem imaginar.

"Fico feliz que tenham pensado assim, mas é apenas o meu sapato", diz o imigrante peruano Antonio Arellano, de 43 anos. A lenda sobre a marca do calçado surgiu depois que publicações internacionais, entre elas a revista americana "Esquire", identificaram a grife como parte do gosto requintado de Bento XVI. Em 2008, o jornal oficial do Vaticano chamou a afirmação de "frívola" e negou a origem dos sapatos.

Arellano trabalha sozinho fabricando pares sob medida desde 1998, e tem clientes principalmente na Igreja Católica ? entre eles muitos cardeais, que podem ser eleitos como o novo pontífice.

Na fachada da rua quase deserta, apesar de estar bem próximo da agitação de turistas que visitam o Vaticano, apenas a palavra ?calzolaio? ? sapateiro, em italiano ? indica a presença na loja. A porta tem sinos que indicam ao dono que há um cliente ? muitas vezes, Arellano deixa a loja sozinha, enquanto trabalha em sua oficina nos fundos.

Ao entrar, logo é possível ver os sapatos vermelhos. Eles ocupam lugar de destaque no pequeno espaço, ao lado de uma foto de Bento XVI.

"Quando ele foi eleito, foi uma alegria. Eu falava ?ele é meu cliente", disse Antonio Arellano.

Sapatos para Ratzinger

Arellano começou a fazer sapatos para o então cardeal Ratzinger ainda em 1998, quando abriu a loja e passou a ser procurado por integrantes da Igreja. A oficina fica localizada em uma região cheia de lojas de artigos e roupas católicas, e a circulação de padres, freiras, bispos e outras pessoas com cargos na Igreja é grande.

?Abri o negócio e ele vinha aqui, era meu cliente, assim como ele, outras pessoas, cardeais, monsenhores. Quando ele foi eleito, foi uma alegria. Eu falava ?ele é meu cliente?. As outras pessoas diziam ?ele vinha no meu restaurante?. E todos ficaram contentes, porque ele sempre estava por esta região?, contou o sapateiro.

Depois que foi eleito, Bento XVI não visitou mais a sapataria, mas enviou assistentes com pedidos de novas encomendas. ?Depois que ele foi eleito não veio mais aqui, mas continuei fazendo reparos em seus sapatos. E continuou sempre até o fim, porque depois que ele foi eleito fiz alguns pares de sapato para ele, e depois me encomendaram mais sapatos.?

Cada par de sapatos feito de forma artesanal, sob medida, demora cerca de um mês para ficar pronto ? esse é o prazo dado por Arellano a seus clientes. Enquanto o agora Papa Emérito esteve no comando da Igreja, três pares vermelhos foram feitos e enviados ao Vaticano. O sapateiro também fez pares de uma espécie de chinelo para ser usado em casa ? também em couro, a cor preta, fechados na frente e abertos atrás.

Agora Papa Emérito, Bento XVI passou a usar vestes e sapatos diferentes dos reservados ao Papa. Segundo o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, os calçados de Arellano podem já ter substitutos: ?Parece que o Papa ficou muito satisfeito com os sapatos que lhe presentearam no México, em Leon?, disse ele durante entrevista coletiva no último dia 26.

Mesmo se não se encontrar seu cliente novamente, Arellano guarda boas lembranças. ?Era uma pessoa muito educada, intelectual, uma pessoa que se conhece rapidamente, de poucas palavras. Mas educado, quando entrava sempre falava ?bom dia?.?

Sobre o próximo Papa, ele não tem palpites ? apesar de ter entre seus clientes muitos cardeais, que poderão ser eleitos o novo Papa. Se o sucessor de Bento XVI quiser usar seus serviços, ele diz que ficará ?mais que contente?. ?Se ele precisar do meu trabalho, estou pronto para fazer os sapatos.?



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