Israel segue Estados Unidos e anuncia saída da Unesco

Israel irá se retirar da agência a partir de 31 de dezembro de 2017

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Após os Estados Unidos anunciaram nesta quinta-feira que vão se retirar da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o governo de Israel também informou que também irá se retirar da agência a partir de 31 de dezembro deste ano.

A entidade é acusada pelos dois países de adotar um viés anti-Israel e ainda condenam as dívidas elevadas da organização.

O premier israelense Benjamin Netanyahu instruiu o Ministério do Exterior a preparar o terreno para a saída, segundo o gabinete ministerial. Ele acolheu a medida americana: "Essa é uma decisão corajosa e moral, porque a Unesco se tornou um teatro do absurdo. Ao invés de preservar a História, distorce", disse o premier através uma nota do seu gabinete.

O porta-voz do Departamento de Estado, Heather Nauert, informou que Washington pretende estabelecer uma missão de Observação no órgão da ONU em substituição à sua representação nela. A decisão americana também se mostra como um desejo de economizar, já que o projeto orçamentário da gestão Trump para o próximo ano fiscal não prevê a possibilidade de suspensão das restrições financeiras impostas à Unesco.

Os EUA cortaram o financiamento à Unesco após o órgão decidir incluir a Autoridade Palestina como membro em 2011, mas mantiveram o escritório na sede da agência em Paris na tentativa de acompanhar e avaliar as políticas definidas. Israel perdeu seu direito a voto na Unesco em 2013, seguindo o mesmo movimento americano de suspender fundos.

"Essa decisão não foi tomada levemente, e reflete as preocupaçõe dos Estados Unidos com o aumento das dívidas na Unesco, a necessidade de reformas fundamentais na organização e o continuo avanço anti-Israel na Unesco", disse o Departamento, acrescentando que os Estados Unidos buscam "permanecer engajados (...) como um Estado não-membro observador para contribuir com as visões, perspectivas e expertise americanas".

ISRAEL: INÍCIO DE NOVA ERA

Mais cedo, o embaixador israelense na Unesco Carmel Shama-Hacohen afirmou que a retirada dos Estados Unidos da Unesco é como o início de uma nova era, e sugeriu que Netanyahu seguisse o mesmo caminho. Em pronunciamento após o anúncio da decisão americana, ele disse que a agência da ONU se tornou "uma organização absura que perdeu seu caminho a favor de considerações políticas de alguns países".

O embaixador de Israel na ONU, Danny Danon, elogiou a medida de Washington, afirmando que a Unesco se tornou um fórum anti-Israel que já não segue o objetivo inicial. No início deste ano, Netanyahu condenou a Unesco por declarar a cidade de Hebron, na Cisjordânia, como patrimônio mundial da Palestina. Ele acusou a entidade de ignorar a ligação do judaísmo antigo com a localidade, que inclui a cripta de matriarcas e patriarcas da religião.

Israel perdeu seu direito a voto na Unesco em 2013, seguindo um movimento americano de suspender o financiamento à organização devido à inclusão da Palestina como membro.

MEDIDA PREMEDITADA PELOS EUA

O governo do presidente Donald Trump estava se preparando para uma possível retirada há meses, e esperava uma decisão antes do fim do ano, segundo funcionários americanos. Vários representantes diplomáticos que seriam enviados à missão na agência este ano foram informados que seus postos estavam suspensos e aconselhados a buscar outras vagas.

Essa é a segunda vez que o governo americano decide abandonar a Unesco. A gestão do ex-presidente Ronald Reagan tomou tal medida em 1984, afirmando que a agência era a favor da União Soviética. Quase duas décadas depois, no governo de George W. Bush em 2002, os Estados Unidos voltaram a se associar à agência da ONU.

EM MEIO A ELEIÇÕES, UNESCO LAMENTA

A entidade da ONU lamentou a saída dos Estados Unidos. A diretora-geral da Unesco, a búlgara Irina Bokova, afirmou que a medida americana marca uma perda para o multilateralismo e para família ONU.

"Após receber uma notificação oficial do secretário de Estado dos Estados Unidos, o senhor Rex Tillerson, como diretora-geral da Unesco, gostaria de expressar profundo pesar sobre a decisão dos Estados Unidos da América de se retirarem da Unesco", disse Bokova em comunicado. "A universalidade é essencial para a missão da Unesco de construir a paz e a segurança internacionais em face do ódio e da violência através da defesa dos direitos humanos e da dignidade humana".

A agência vota para escolher um novo diretor esta semana, em uma eleição marcada pelos problemas de financiamento e as divisões no órgão sobre a associação palestina. Qatar e Egito trocam provocações na disputa pelo cargo de diretor-geral, para substituir a búlgara Irina Bokova.

A liderança do candidato qatari, Adulaziz al-Kawari, é vista pelos EUA e Israel como um fracasso nos esforços para garantir o cargo a alguém que consideram mais amigável. Esta semana, o embaixador de Israel na Unesco descreveu a trajetória da votação em urnas secretas como "má notícia para a organização e, infelizmente, também para Israel".



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