Jornalistas americanos serão deportados hoje da Venezuela

Presidente não gostou do teor de perguntas feitas pelo jornalista Jorge Ramos, da Univision Noticias. Ele interrompeu gravação, mandou confiscar equipamento e deter equipe.

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Seis integrantes de uma equipe da Univision Noticias ficaram retidos por cerca de duas horas no Palácio Miraflores, sede da presidência da Venezuela, na tarde de segunda-feira (25). Segundo a emissora, a maior rede de televisão hispânica dos Estados Unidos, a ordem partiu de Nicolás Maduro. A equipe será deportada nesta terça-feira (26).

O jornalista Jorge Ramos, um âncora veterano nascido no México, disse em entrevista à Univision que perguntou a Maduro sobre a falta de democracia na Venezuela, a tortura de presos políticos e a crise humanitária do país.

Nicolás Maduro em evento em que anunciou chegada de ajuda humanitária da Rússia, em 18 de fevereiro (Reprodução/Venezuelan Presidency / AFP / G1)

Depois de ver um vídeo de jovens venezuelanos comendo restos de alimentos retirados de um caminhão de lixo, o chefe de estado interrompeu a gravação, mandou confiscar o equipamento e deter os profissionais. Veja o vídeo que a equipe tinha mostrado a Maduro:

Em 2015, Ramos teve problemas com Donald Trump, sendo expulso de uma entrevista coletiva com o então pré-candidato à presidência dos EUA.

Ramos, que já tinha entrado em choque com Trump sobre temas como imigração e deportação, se levantou para fazer uma pergunta e foi ignorado pelo magnata, que cedeu a palavra a outro jornalista. Ele insistiu e Trump se irritou: "desculpe-me, mas o senhor não foi chamado, sente-se".

"Tenho o direito de fazer uma pergunta", retrucou Ramos, ao que Trump respondeu: "volte para a Univisión". Ramos foi então retirado da sala pelos seguranças.

Detenções curtas e deportações se tornaram comuns na Venezuela, especialmente quando repórteres que enfrentam atrasos para conseguir permissões oficiais para trabalhar no país buscam atalhos para exercer a atividade jornalística.

Ao menos sete jornalistas estrangeiros foram presos no país em janeiro depois que o líder da oposição Juan Guaidó se autoproclamou presidente interino, impondo a Maduro o seu maior desafio político desde que sucedeu Hugo Chávez no poder.

Grupo de Lima

Vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, e o líder da oposição e autoproclamado presidente da Venezuela, Juan Guaidó, participam de reunião do Grupo de Lima, em Bogotá, na Colômbia, nessa segunda-feira (25) (Reprodução/Luisa Gonzalez/ Reuters) 

Representantes do Grupo de Lima pediram nesta segunda-feira (25) soluções pacíficas para a crise humanitária na Venezuela. Em reunião em Bogotá, capital da Colômbia, o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, reforçou apoio ao autoproclamado presidente interino venezuelano, Juan Guaidó, e prometeu novas sanções ao regime de Nicolás Maduro.

No encontro, os países integrantes do Grupo de Lima aceitaram a Venezuela – representada por Guaidó – como novo membro da associação. Entre os participantes da cúpula, estava o vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão.

O Grupo também pediu que o Tribunal Penal Internacional "leve em consideração a grave situação humanitária na Venezuela, a violência criminosa do regime de Nicolás Maduro contra civis e negação de acesso a assistência internacional, que constituem um crime contra a humanidade", segundo uma declaração lida pelo chanceler colombiano, Carlos Holmes Trujillo.

Comparação com a Coreia do Norte

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, disse nesta segunda-feira (25) que não se pode comparar a ditadura da Coreia do Norte e a situação da Venezuela, país cujo regime, segundo o chanceler, "está oprimindo seu povo de uma maneira brutal, fazendo seu povo passar fome".

Em entrevista ao repórter Victor Ferreira, da GloboNews, nesta segunda-feira (25) logo após uma reunião na Colômbia para discutir a crise humanitária na Venezuela, Araújo foi questionado se a situação no país asiático não seria semelhante. E respondeu: "Enfim, mas não sei se necessariamente é com esse grau de brutalidade que se viu neste final de semana [na Venezuela]. São situações que não necessariamente se podem comparar".

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, também participou da entrevista. Ele foi perguntado sobre o fato de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, manter diálogo com o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, com quem vai se encontrar nesta semana, mas não com Nicolás Maduro, presidente da Venezuela.

"São situações distintas, né? A questão entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte está muito centrada na questão nuclear, uma vez que a Coreia do Norte é uma potência nuclear. O caso da Venezuela é distinto. Não sei se o presidente Trump, em algum momento, gostaria de ter uma conversa com Maduro; e também não sei se o Maduro aceitaria conversar com ele", disse Mourão.

Desertores do regime

Mais de 170 militares venezuelanos já desertaram para Colômbia e Brasil (Reprodução/JN /G1)

Balanço divulgado pelas autoridades migratórias colombianas nesta segunda-feira (25) informa que 167 militares venezuelanos desertaram e entraram na Colômbia nos últimos dois dias. Somando-os com os sete que desertaram para o Brasil, são pelo menos 174 homens que abandonaram as forças bolivarianas até o momento.

Dados oficiais do governo venezuelano, no entanto, dizem que o efetivo da Força Armada Nacional Bolivariana varia de 95 mil a 150 mil. Ou seja, o percentual de militares que deixaram o país nos últimos dias fica abaixo de 0,2%.

Os números oficiais de efetivos não contabilizam as milícias bolivarianas apoiadas pelo regime de Nicolás Maduro. O presidente chavista tem apoio do alto comando militar, que manifestou repúdio à autodeclaração de Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela pouco depois de o oposicionista prestar juramento para o cargo, em 23 de janeiro.



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