Jovem vende chocolates eróticos para quitar dívida e voltar estudar

Os mais baratos custam R$ 2; os mais caros, R$ 20. A expectativa dela é arrecadar R$ 1,2 mil até a Páscoa.

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A prestadora de serviços Ana Alice Sandoval, de 24 anos, viu na Páscoa a oportunidade de garantir renda extra para quitar a dívida que tem em uma faculdade particular de Brasília e voltar a cursar enfermagem. A jovem faz delivery de chocolates eróticos – que variam entre pirulitos nos formatos de vagina e pênis, silhueta de mulher nua, casal praticando sexo oral e pênis recheado – em estações do Metrô. Os mais baratos custam R$ 2; os mais caros, R$ 20. A expectativa dela é arrecadar R$ 1,2 mil até a Páscoa.

O dinheiro, conta, será juntado aos R$ 2,6 mil já emprestados pela avó. Moradora do Riacho Fundo I, Ana Alice cursava o quinto período quando ficou desempregada e precisou largar o curso. As aulas deste semestre começaram há duas semanas.

"Como eu havia pagado a matrícula, continuei estudando na esperança de arrumar um emprego e pagar [as mensalidades, de R$ 815]. Como não consegui, aí tive que parar, não tinha dinheiro para o acordo. Aí a faculdade me caracterizou como clandestina, e agora preciso pagar para voltar a estudar", brinca.

A ideia da venda de "chocolate erótico" surgiu depois de a garota começar a trabalhar com produtos de sex shop e ser questionada se sabia de alguém que vendia produtos do tipo.

Para concretizar a ideia, Ana Alice visitou lojas de festas e embalagens do Taguacenter. Lá encontrou as forminhas usadas para confeccionar as guloseimas. A receita aprendeu com a mãe, que já sabia fazer bombons em casa. Ela conta que usa chocolate meio amargo e ao leite para evitar que o resultado final, junto com recheio, fique enjoativo. Entre as opções estão mousse de maracujá, leite ninho, prestígio e marshmallow.

Os produtos mais leves têm 30 gramas e os mais pesados, 138 gramas. Segundo a prestadora de serviços, 99% dos compradores são mulheres. Os alvos costumam ser maridos e amigas ou brincadeiras em chás de lingerie. A duração dos produtos é de até 15 dias, desde que guardados na geladeira.

Na semana passada, ela disse que já tinha 30 encomendas, variando entre os recheados e os pirulitos, para serem entregues até o último sábado (28). "Os que mais saem são os [pênis] recheados com leite ninho e com prestígio, pois os recheios são brancos e, assim que você morde, eles escorrem", explica a jovem.

As entregas geralmente acontecem pela manhã, já que a garota trabalha das 14h às 20h e aproveita o período da noite para preparar os chocolates. Ela conta que tem usado redes sociais para divulgar o trabalho e que as vendas costumam aumentar quando clientes dividem a "experiência".

"Quando alguma delas comenta que comprou o chocolate, comeu e amou, aí tenho um pico nas vendas", afirma Ana Alice. "Sem minhas clientes eu não alcançaria a divulgação que eu alcanço. Algumas são bem extrovertidas que até postam fotos comendo o 'dito cujo'."

A prestadora de serviços diz ainda que eventualmente é alvo de piadas e ouve que é "tarada" por causa da atividade. Ela garante não ligar para as brincadeiras e não se constranger quando tem de falar sobre sexo ou precisa explicar sobre quaisquer produtos eróticos.

"As pessoas ainda veem o sexo como tabu, eu o vejo diferente", conclui Ana Alice.



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