Ladrões de quadros enfrentam alto risco e mercado restrito para obras

Segundo Interpol, boa parte das obras são abandonadas ou devolvidas após pagamento de regate.

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Obras roubadas são de movimentos artísticos essenciais, diz professorVeja lista com principais roubos de quadros em museus desde 2000Veja imagens dos quadros e da investigação do rouboO furto ou roubo de obras-primas de pintores famosos atrai ladrões em razão dos valores milionários envolvidos, mas também representa grandes riscos e possui um mercado paralelo muito restrito, o que dificulta consideravelmente a venda dos quadros, na avaliação de especialistas.

Stéphane Théfo, oficial da unidade de obras de arte da Interpol, disse à BBC Brasil que "em boa parte dos casos as obras são encontradas porque as companhias de seguros ou proprietários pagam resgates para recuperá-las ou então elas são abandonadas ou localizadas, com a ação da polícia, porque os ladrões não conseguem repassá-las".

O especialista da Interpol não diz quantas vezes isto já ocorreu, mas confirma que pedidos de resgate "acontecem às vezes".

Nos últimos anos, várias obras-primas furtadas ou roubadas em museus internacionais reapareceram "misteriosamente".

Munch

Um dos casos mais emblemáticos é o das telas O Grito e A Madona, do pintor norueguês Edvard Munch, roubadas em 2004 em um assalto à mão armada no museu de Oslo. Elas foram encontradas pela polícia norueguesa em 2006.

Na época, as autoridades não informaram como as duas telas foram localizadas e declararam que nenhum resgate foi pago e ninguém foi preso. O Grito chegou a ser o número 1 da lista de obras de arte mais procuradas pela Interpol.

Em fevereiro de 2008, duas obras-primas, uma tela de Van Gogh e uma de Monet, do Buehrle Museum de Zurique, na Suíça, foram encontradas apenas nove dias após o roubo, em um estacionamento nos arredores de um hospital psiquiátrico, situado próximo ao museu.

Especialistas estimam que um resgate tenha sido pago nesse caso. Mas outras duas telas, dos impressionistas Cézanne e Degas, roubadas na mesma ocasião, não foram até hoje localizadas.

Uma pintura de Picasso roubada em uma galeria de arte em Mônaco, em 2006, foi encontrada apenas três dias depois, sem que fossem dados maiores detalhes. A Interpol informou apenas ter interrompido a procura da obra e do suspeito do crime.

"Às vezes recuperamos as obras rapidamente. Em outros casos, pode demorar 20 até 30 anos", disse Théfo à BBC Brasil.

Lenda

Os investigadores tentam inicialmente descobrir as razões que levaram ao furto ou roubo do quadro. A hipótese de que o crime seja uma encomenda precisa de algum colecionador milionário é, na avaliação da Interpol e também de especialistas, algo que representaria mais uma "lenda".

"Há casos em que os ladrões acham que é mais fácil e menos arriscado do que roubar um banco, mas em muitos casos eles ficam com as obras nas mãos, sem conseguir repassá-las", afirma Théfo.

Ele conta que o quadro O Grito foi roubado por ladrões que queriam desviar a atenção da polícia para assaltar um banco próximo.

"Nenhum colecionador no mundo é estúpido a ponto de investir em um quadro que ele não poderá mostrar para nenhum outro colecionador nem revender sem ser preso", afirma Pierre Cornette de Saint-Cyr, presidente do Museu Palais de Tokyo, de arte contemporânea, em Paris, e também leiloeiro de obras de arte.

Valores

O Palais de Tokyo fica ao lado do Museu de Arte Moderna de Paris, onde foi descoberto, nesta quinta-feira, o furto de cinco obras-primas de Picasso, Matisse, Modigliani, Braque e Fernand Léger, avaliadas pela prefeitura em 100 milhões de euros (cerca de R$ 210 milhões).

"Será virtualmente impossível vender pinturas tão famosas legalmente e as obras furtadas alcançam preços menores no mercado negro", afirma Alice Farren-Bradley, da Art Loss Register, que opera um banco de dados internacional sobre obras de arte furtadas.

Especialistas afirmam que se as obras podem possuir valores altíssimos em vendas legais, o mesmo não ocorre no mercado ilegal.

A polícia francesa conseguiu impedir, em 2008, que quatro quadros de grandes pintores, entre eles um Monet e um Sisley, roubados no Museu de Belas Artes de Nice, no sul da França, fossem enviados aos Estados Unidos, onde alguém tentaria revendê-los.

Embora o valor dos quadros fosse considerado inestimável, o Escritório Central de Luta contra o Tráfico de Bens Culturais da França estimou que se as quatro obras roubadas fossem vendidas, elas totalizariam 20 milhões de euros, bem abaixo do valor em um leilão.



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