Longa brasileiro de animação faz estréia no AnimaMundi

Sabe, gostei mais do que Shrek Terceiro." Com essa frase, um garoto de Florian?polis deu a Al? Abreu e Lia Nunes uma felicidade que n?o tem pre?o. O menino havia acabado de assistir a O Garoto C?smico, filme de Al? e Lia que levou sete anos para ficar pronto e teve um or?amento de R$ 2 milh?es - contra US$ 121 milh?es da nova aventura do ogro do p?ntano. ? o ?nico longa brasileiro do Festival AnimaMundi deste ano, que acontece entre os dias 11 e 15 de julho no Memorial da Am?rica Latina, em S?o Paulo. O filme ser? exibido na quarta, ?s 18h, e no domingo, ?s 16h.

O desenho j? foi exibido em duas sess?es extras em Santa Catarina e duas no AnimaMundi no Rio de Janeiro. Entre seus dubladores, tem Raul Cortez, que morreu h? um ano - foi o ?ltimo trabalho do ator.

Al? Abreu ? cineasta de forma??o e de cora??o e ilustrador por op??o (para pagar as contas). Lia Nunes ? a produtora-executiva do desenho. Ambos t?m ficado surpresos com a rea??o da plat?ia. Ao final da exibi??o, as crian?as pedem aut?grafos, ilustra??o do C?smico, querem tirar fotos e fazem elogios. "Agora, estamos entendendo o ?filho? que colocamos no mundo. ? lindo!", disse Ale ao estadao.com.br. A possibilidade de estar perto do diretor do desenho ?, de fato, um case, um feito in?dito, para a meninada brasileira, t?o acostumada com os desenhos exportados. Quando t?m a oportunidade de ter contato com o cineasta, aproveitam.

Mundos diferentes

Garoto C?smico ? a uni?o de outras duas hist?rias de Al?. Conta a vida de tr?s crian?as, C?smico, Maninho e Luna, que vivem no ano 2.973, na Gal?xia S?tima, no Mundo das Crian?as, um mundo programado, cinza, chato, onde elas s?o formadas para aceitar as coisas como s?o. Um mundo cheio de "hora disso e hora daquilo". A divers?o fica por conta do jogos de videogames.

O ?cone do mundo ? o Capit?o Programa??o. O super-her?i que, entre tantas frases, ensina as crian?as que tudo ? programado, "n?o precisa nem pensar". Numa noite, em busca de mais pontos para conseguir um b?nus na escola, as crian?as se perdem no espa?o e acabam no colorido "mundo do circo", com personagens diversos e regras el?sticas, e t?m contato com o mundo da inf?ncia.

Mas um membro do mundo da programa??o chega para resgat?-los, e da? as crian?as precisam fazer suas escolhas: voltar para a Gal?xia S?tima ou ficar com sr. Giramundos (Raul Cortez), o palha?o Jaj? (Wellington Nogueira, do Doutores da Alegria), a Bailarina (Vanessa da Mata) e Z?z-Tr?z (Belchior).

Ultrapassando barreiras

As apresenta??o no festival AnimaMundi s?o apenas o in?cio da divulga??o do filme. Lia est? negociando com uma empresa para fazer a distribui??o de O Garoto C?smico nas salas de cinema em outubro. "Sabemos que temos uma muralha para ultrapassar e chegar ao mercado. Contamos muito com o boca-a-boca para alcan?ar um p?blico maior", diz Al?.

Ele espera que seja lan?ado em poucas salas, mas que seja mantido pelo menos at? dezembro. Isso se n?o encontrar um blockbuster pela frente. Se isso ocorrer, Garoto C?smico e sua trupe correm o risco de n?o durar mais do que uma semana em cartaz. "? um absurdo dois filmes americanos (Sherek 3 e Homem-Aranha 3) dominaram 80% das salas no pa?s. Dois filmes americanos!!! Acho isso uma vergonha para o Brasil. Por isso que defendo a reserva de mercado", protesta Al?.

At? chegar ?s salas comerciais, o caminho do Garoto C?smico foi longo. Come?ou, claro, com dificuldades. Dos sete anos de produ??o, tr?s anos foram tocados apenas por Al?. Com pouco dinheiro, decidiu fazer sozinho boa parte do desenho em seu est?dio, em S?o Paulo. Tudo que recebia com projetos realizados para campanhas publicit?rias era gasto com o Garoto C?smico. "Trabalhava no filme em minhas horas livres. Quando consegui captar dinheiro p?blico, a produ??o deslanchou. Tinha dinheiro para pagar a equipe, a produ??o, tudo."

Cineasta desde a inf?ncia

O paulistano Al? Abreu, 36 anos, sempre quis fazer desenho animado. O primeiro curta de anima??o, S?rius, fico