Má distribuição de médicos prejudica atendimento no PI

e acordo com o Conselho Regional de Medicina, 80% dos médicos que atuam no Piauí estão concentrados na capital

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A ausência de médicos em alguns municípios brasileiros e inclusive piauienses está na pauta de discussões em todo o país, nos últimos dias. Enquanto para uns isso acontece porque faltam profissionais no mercado, para outros a má distribuição desses médicos é que vem causando a escassez deles em muitos pontos do país.

No Piauí, dados do Conselho Regional de Medicina mostram que 80% dos profissionais dessa área no Estado atuam em Teresina e apenas 20% são distribuídos pelos outros 223 municípios piauienses.

Municípios maiores, como Picos e Parnaíba, por exemplo, possuem mais de 100 médicos que residem na cidade. O primeiro, segundo dados do CRM, conta com 126 profissionais, e o segundo com 135. Mas se para eles esse número ainda não é suficiente, para outros, como Água Branca, que possui apenas um médico, e Pimenteiras, que chega apenas a dois profissionais, a situação fica ainda mais difícil.

No meio dessa discussão está a população. Essa a mais prejudicada com a ausência desses profissionais em seus municípios. Laryssa Ribeiro, que mora em Matias Olímpio (PI) e tem um filho de dois anos, conta que é sempre uma frustração buscar um médico no hospital de sua cidade.

Ela afirma que a opção é se deslocar mais de 200 km e buscar esses serviços na capital. ?Até em Teresina é complicado conseguir médico, mas ainda assim é mais fácil do que em Matias Olímpio?, reclamou.

O presidente do CRM, Júlio César Ayres Ferreira, explica que isso acontece porque não há um planejamento no sentido de fixar os médicos no interior do Estado.

A saída, segundo ele, seria a melhoria estrutural e de pessoal dos hospitais, a realização de concursos públicos e uma melhor remuneração. ?Não deve se falar em falta de médicos, o que falta é condições de trabalho para os profissionais no interior do Estado?, pontuou.

População sofre também em Teresina

A população atendida por várias Unidades Básicas de Saúde espalhadas pela cidade está reclamando da ausência de médicos nesses locais. Bairros como Porto Alegre e Esplanada, por exemplo, estão enfrentando esse problema.

Enquanto no Porto Alegre não há médicos atendendo no turno da tarde, na UBS do Esplanada não há a presença desses profissionais em nenhum dos turnos.

Elisane Monteiro, que mora no Esplanada, foi esta semana até o posto buscar o resultado do exame de seu filho e lamenta que agora terá que esperar para marcar uma consulta para mostrar o resultado ao médico.

"Marcar uma consulta aqui é muito complicado, agora, então ,está pior, pois não tem médico em nenhum horário. Agora preciso saber qual o resultado do exame do meu filho e vou ter que esperar eles contratarem um médico", afirmou.

Funcionários da UBS disseram ao Jornal Meio Norte que o local está há mais de um mês sem médico. A diretora da unidade confirmou apenas 15 dias de ausência médica e informou que enquanto não são contratados novos médicos, continua havendo atendimento pela equipe de enfermagem do local. "Nós já fomos informados que a FMS já está providenciando a contratação de médicos concursados", pontuou.

A diretora de Recursos Humanos da Fundação Municipal de Saúde, Liana Martins, já informou que muitos médicos já foram convocados, mas não puderam assumir, pois muitos estão fazendo residência, mestrado ou doutorado fora do Estado.

Mas 24 novas convocações já foram realizadas e está sendo aguardada a posse dos profissionais. "Desses 24, nós temos certeza que dez vão assumir, os outros ainda estão sendo esperados.

O que tem causado a maior demora é o fato de termos que esperar o prazo legal para fazer novas contratações. Quando convocamos um profissional aprovado em concurso, ele tem o prazo de 30 dias para tomar posse e mais 30 para assumir o cargo e, caso não façam isso, só então podemos fazer novas convocações", explicou.

34% das cidades têm moradores médicos

Como a maioria dos médicos reside nas capitais ou nas maiores cidades de seus Estados, essa acaba se tornando uma das maiores dificuldades encontradas para fixar esses profissionais nos hospitais das cidades mais remotas do país. Por causa disso, a população destes locais depende de médicos que vêm de outros municípios.

No Piauí, segundo dados do CRM, apenas 34% dos municípios têm médicos com residência fixa no local onde atuam. Destes, apenas 25 possuem mais de cinco médicos que moram nas cidades onde estão localizados os hospitais onde atuam.

O programa Mais Médicos, do Governo Federal, ampliará a presença destes profissionais nas regiões carentes do país, como os municípios do interior e periferias das grandes cidades. Instituída por medida provisória pela Presidente da República, Dilma Rousseff, a iniciativa ofertará bolsa de R$ 10 mil, paga pelo Ministério da Saúde, aos médicos que atuarão na atenção básica da rede pública de saúde. Terão prioridade na alocação desses profissionais 1.557 municípios de maior vulnerabilidade social, sendo 1.042 no Nordeste e 127 no Piauí.

Caso os médicos brasileiros não supram a necessidade, serão chamados médicos de outros países. No caso dos médicos formados no exterior, só poderão participar aqueles oriundos de faculdades de Medicina com grade curricular equivalente à brasileira, proficientes em Língua Portuguesa, com autorização para livre exercício da medicina em seu país de origem e vindos de países onde a proporção de médicos para cada grupo de mil habitantes é superior à brasileira, hoje de 1,8 médicos/1 mil habitantes.

Já para os municípios, será preciso oferecer moradia e alimentação dos médicos, além de ter de acessar recursos do Ministério da Saúde para constr-ução, reforma e ampliação das unidades básicas. Em todo o Brasil, os investimentos federais só na qualificação destes equipamentos de saúde somam R$ 2,8 bilhões, sendo R$ 85,7 milhões para o Piauí.



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