Mais de 20 toneladas de óleo são recolhidas em seis praias

Nesta sexta (18), foram atingidas localidades de Tamandaré, Barreiros e Sirinhaém, segundo balanço divulgado pelo governo. Força-tarefa também retirou substância do mar.

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Mais de 20 toneladas de óleo foram recolhidas, nesta sexta-feira (18), em seis praias de três cidades do Litoral Sul de Pernambuco. A informação foi repassada à noite, pelo secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade do estado, José Bertotti. O número é 1.566% maior que o volume de petróleo recolhido na quinta-feira (17), quando 1,2 tonelada foi retirada do mar, no estado.

De acordo com o balanço feito pelo governo, foram atingidas, nesta sexta, as Praias dos Carneiros e Boca da Barra, em Tamandaré; Mamucabinhas, em Barreiros; e Ilha de Santo Aleixo, Aver o Mar e Guaiamum, em Sirinhaém. Além disso, a força-tarefa recolheu, no mar, 600 litros de óleo, perto da Ilha de Santo Aleixo.


Manchas de óleo atingem Praia dos Carneiros, em Tamandaré

Inicialmente, Bertotti informou que a quantidade de óleo encontrado nesta sexta era menor do que o volume removido na quinta-feira (17), quando as manchas chegaram a São José da Coroa Grande. Ao realizar o balanço, ele confirmou que as 20 toneladas foram achadas nas praias e também nos estuários dos Rios Una, em Barreiros, e Formoso, em Tamandaré.

“Foram usadas mantas absorventes para remover os 600 litros que estavam no mar. Ontem, tivemos um toque de óleo [fragmentos] no Rio Persinunga, em São José da Coroa Grande, que recebeu barreiras de contenção, junto com o Rio Una e Rio Formoso, que tiveram toques hoje. Também há um sistema de contenção no Rio Maracaípe (em Ipojuca)”, afirma o secretário.

Críticas

O secretário fez críticas ao governo federal, durante a entrevista coletiva, realizada no Palácio do Campo das Princesas, sede do governo estadual, no Centro. Ele disse que os materiais usados na contenção do óleo acabaram e que aguarda resposta da União para continuar o trabalho.

“Recebemos o recado da Marinha e eles não têm mais equipamentos o suficiente para fazer a contenção das manchas. Fiz o pedido na quinta-feira (17) e, até agora, não recebemos resposta. O governo precisa cumprir o plano instituído em 2013. Nosso trabalho vai continuar, mas o governo federal precisa fazer a parte dele”, afirma o secretário.

O secretário afirmou, ainda, que, devido à falta de barreiras de contenção da Marinha, o governo deve contratar empresas que forneçam o material. Além disso, os Portos do Recife e de Suape cederam boias para conter as manchas.

Equipes com a barreira de contenção em São José da Coroa Grande, no Litoral Sul, na quinta-feira (17) — Foto: Wellington Pereira/TV Globo

"Tomamos a iniciativa de contratar as barreiras. Temos autorização do governador e o Ministério Público Federal disse que podemos contratar, porque essa conta será paga em última instância, quando o governo federal descobrir quem foi o causador da mancha. Enquanto não, é o governo federal que tem que mandar essas barreiras, que não chegaram. Nós não recebemos essa resposta do governo", declara Bertotti.

O secretário declarou que seria possível monitorar, de forma mais precisa, a localização das manchas, se houvesse trabalhos da Força Aérea, em alto-mar.

"Outra omissão do governo federal é que eles não estão monitorando o alto-mar e quem pode monitorar o alto-mar é a Força Aérea. O governador procurou o major-brigadeiro daqui e ele disse que ia pedir autorização para o superior. Já solicitamos, por ofício, para o comandante da Força Aérea para fazer o que já devia ter sido feito", diz.

Também nesta sexta, o Ministério Público Federal (MPF) ajuizou uma ação coletiva entre os nove estados do Nordeste, todos atingidos pelas manchas, pedindo que a Justiça Federal adote, em 24 horas, um plano de emergência sobre a situação.

Para o MPF, a União está sendo "omissa" ao protelar medidas protetivas e não atuar de forma articulada, dada a gravidade do acidente e dos danos causados ao meio ambiente.

Funcionários da Prefeitura de Tamandaré, no estado de Pernambuco, trabalham na retirada de óleo da praia dos Carneiros, nesta sexta-feira (18). — Foto: BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM/ESTADÃO CONTEÚDO

Voluntários

O secretário José Bertotti disse que a limpeza das praias mobilizou equipes de voluntários. Segundo ele, houve a atuação de 200 pessoas ligadas aos governos e prefeituras e, em Tamandaré, 300 representantes da sociedade civil.

Para a operação, foram utilizados um helicóptero da Secretaria de Defesa Social (SDS); um drone da Casa Civil; 30 viaturas; oito caminhões, sendo cinco de transporte militar e três de carga; três tratores e três barcos, sendo um catamarã, uma lancha e um navio-patrulha da Marinha.

Grupos de trabalho

A Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) e a Ordem dos Advogados do Brasil em Pernambuco instituíram um grupo de trabalho e uma comissão especial, respectivamente, para apurar a origem das manchas de óleo.

Segundo a Fundaj, um satélite deve ser usado, em parceria com Universidade de Toulouse, na França, para processar imagens das manchas. O sistema é o mesmo utilizado no monitoramento da tragédia de Brumadinho (MG).

A Procuradoria-Geral de Justiça, do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), criou o Gabinete de Gestão de Crise Ambiental (GGCA) para monitorar as ações de controle das mancha de óleo que está contaminando as praias pernambucanas.

Marinha

Por meio de nota, a Marinha informou que, logo depois de serem avistadas manchas de óleo na Praia dos Carneiros, providência foram tomadas.

"Na praia dos Carneiros, 108 fuzileiros navais se uniram aos voluntários, agentes do Ibama e de outros órgãos para coletar os resíduos. O Navio Patrulha Goiana identificou e recolheu mancha de óleo nas proximidades de Tamandaré", disse a nota.

A Marinha solicita que informações sobre manchas de óleo sejam repassadas para o telefone 185.


Manchas de óleo sujam Praia dos Carneiros, no litoral Sul de Pernambuco

Origem

De acordo com pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a origem do óleo pode estar em uma área a cerca de 700 km do litoral brasileiro, entre Sergipe e Alagoas. O local foi apontado por pesquisadores do Instituto de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia da instituição.



Óleo atinge a Praia de Carneiros e o MPF aciona a União por omissão

Danos

As manchas voltaram a surgir no estado na quinta (17), em São José da Coroa Grande. Peritos da Polícia Federal foram à cidade recolher amostras do material que chegou à praia. Um inquérito federal investiga a origem das manchas, que atingem todo o Nordeste.

Segundo o biólogo marinho Clemente Coelho Junior, professor da Universidade de Pernambuco (UPE), a limpeza de arrecifes é "praticamente impossível" porque eles são porosos e absorvem a substância. O dano na barreira perto da Praia de Carneiros, por exemplo, foi em uma área reduzida, mas não se sabe a dimensão do desastre ambiental na região.

Equipes trabalharam na limpeza da Praia dos Carneiros, no Litoral Sul de Pernambuco, nesta sexta-feira (18) — Foto: Wellington Pereira/TV Globo

O capitão da Marinha Gilson Cunha, que faz parte de uma equipe que saiu do Rio Grande do Norte para auxiliar os trabalhos em Pernambuco, apontou que o clima ajudou no avanço do óleo pelo litoral pernambucano, por causa da força do vento.

O secretário de Meio Ambiente de Tamandaré, Manoel Pedrosa, afirmou que vai fazer uma parceria com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) para verificar o impacto ambiental da nova mancha de óleo no município, que tem, segundo ele, o maior experimento de recuperação "recifal", um trabalho de 20 anos na produção de peixes e lagosta.

Óleo chegou a Praia dos Carneiros, em Tamandaré, no Litoral Sul de Pernambuco, nesta sexta-feira (18) — Foto: Reprodução/WhatsApp

Monitoramento

As primeiras manchas surgiram no fim de agosto, em Pernambuco. A limpeza das áreas atingidas em 19 praias de dez municípios foi concluída no dia 25 de setembro.

Para monitorar as novas manchas de óleo em Pernambuco, o governo estadual instituiu, nesta sexta-feira (18), uma Sala de Situação no Palácio do Campo das Princesas, no Centro do Recife, formada por representantes das secretarias de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Estado, da Defesa Civil e da Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH).

Mancha de petróleo apareceu no mar de São José da Coroa Grande — Foto: Reprodução/TV Globo

A força-tarefa está com dois postos avançados para atuar e monitorar as manchas no estado. O primeiro foi instalado em São José da Coroa Grande, próximo à divisa com Alagoas.

O segundo, foi montado em Maracaípe, praia paradisíaca do município de Ipojuca, no Grande Recife. A prefeitura municipal instaurou, na cidade, um gabinete de crise para acompanhar a situação do óleo. Além de Maracaípe, o município é rota turística também pelas praias de Porto de Galinhas e Muro Alto.

Óleo atingiu a Praia dos Carneiros, em Tamandaré, no Litoral Sul de Pernambuco, nesta sexta-feira (18) — Foto: Clemente Coelho Junior/WhatsApp

Ação federal

Na quarta (16), o monitoramento de imagens de satélite da costa brasileira para investigar a origem das manchas de óleo no Nordeste não encontrou indícios da substância na superfície marinha.

No mesmo dia, a Petrobras anunciou que 200 toneladas de resíduos de óleo foram recolhidas em praias do Nordeste. A empresa disse que, desde 12 de setembro, mobilizou 1,7 mil agentes ambientais para a limpeza das praias e 50 funcionários para planejar a resposta ao desastre ambiental.

Segundo o balanço do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), 76 municípios foram afetados em todos os nove estados do Nordeste: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.



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