Leia: Maravilha é aquilo que traz orgulho para o povo, revela jornalista Cinthia Lages

A jornalista Cinthia Lages fala do momento ímpar na sua carreira, que foi participar dessa iniciativa.

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Cinthia Lages e o cinegrafista Mário Artur na Serra da Capivara | Efrém Ribeiro
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Descobrir o Estado e suas belezas. A proposta do projeto ?As Sete Maravilhas do Piauí? é mostrar que aqui existem lugares incríveis, bem mais que aqueles que são conhecidos pela população ou mesmo divulgados através do turismo.

Na primeira edição, em 2007, por meio de votação, o piauiense escolheu seus locais preferidos e o que se viu depois foi uma descoberta por parte das pessoas que passaram a olhar para o Piauí de uma forma diferente.

Feita a escolha, foi a vez da equipe do Sistema Integrado de Comunicação Meio Norte abraçar a ?Caravana Meu Novo Piauí? e revelar também por meio de belas reportagens imagens de tirar o fôlego - em um trabalho conjunto TV, Jornal e Portal - lugares desconhecidos. E mesmo aqueles as quais já se ouvia falar, ganharam um novo olhar.

Foram meses de intenso trabalho, com longos períodos de viagem, em que a equipe esteve em lugares distantes e conheceu de perto a realidade de muitas comunidades.

Foram inúmeras participações ao vivo, matérias para o Jornal e Portal Meio Norte, e o resultado de tanto esforço e dedicação foi uma série em DVD, que foi colocada à disposição de escolas, comunidades e da população em geral. A jornalista Cinthia Lages fala do momento ímpar na sua carreira, que foi participar dessa iniciativa.

Jornal Meio Norte: Como foi participar dessa caravana percorrendo todo o Piauí?

Cinthia Lages: Foi uma honra e um privilégio. Um trabalho, cujo aprendizado levarei para toda a vida. É uma das vantagens da nossa profissão, essa capacidade de identificar o novo, render-se a ele e aprender.

JMN: Em quantos municípios vocês estiveram?

CL: Foram 9 meses de trabalho. Passávamos 15 dias viajando e o restante em Teresina. No final, a gente ficava direto porque tínhamos um cronograma a cumprir e, muitas vezes, ele estava sujeito aos caprichos da natureza. Exemplo, tem uma época para produção de mel, para a safra do caju. Nesses casos, não dá para produzir. Só esperar.

JMN: Antes de participar desse trabalho, você acreditava que conhecia o Piauí? E o que mudou depois na sua visão?

CL: Eu tinha uma suspeita que se confirmou. Que o melhor do Piauí são os piauienses. Eu sempre gostei do nosso hino, de autoria do poeta da Costa e Silva. Como todo piauiense,cresci ouvindo. E ele é um hino que louva o homem e a natureza.

Não sei se, influenciada pela poesia, busquei isso. Ou se já estava lá e o poeta sabia exatamente o que escrevia. Mas não, eu não conhecia o Estado. Não naquela dimensão que conseguimos mostrar. Com tanta riqueza e beleza. Lembro que, quando fizemos em 2007 o projeto das 7 Maravilhas, uma pessoa me perguntou como faríamos para ?encontrar 7?. Ele achava que era demais e que não havia tanta coisa assim a ser mostrada.

Fiquei preocupada, porque ele era uma pessoa muito sensata. Mas, junto com todos nós, ele também foi surpreendido não com as 7, mas com tantas reportagens que retratavam tantas belezas escondidas. E, mais que isso, significativas para o seu povo. Porque, para mim, uma maravilha é aquilo que o povo considera que ela seja, que se orgulha.

JMN: E quanto aos piauienses, você acredita que eles conhecem o seu Estado, têm consciência das belezas e potencialidades?

CL: Ele ama e quer amar mais ainda. Essa capacidade que o piauiense tem de defender seu lugar. Acho isso lindo. Um exemplo de amor à terra que o nosso hino também ressalta. Acho que as pessoas se cansaram de viver num Estado que era ?o patinho feio?. Há toda uma geração que está aí para mostrar que não é bem assim. Felizmente. Nossos indicadores começam a mudar, comprovando isso.

JMN: O que mais te surpreendeu?

CL: A relação homem/natureza. Para mim, o grande diferencial do Piauí. Lembro muito de uma matéria feita numa cidade chamada Brejo, onde se produz muito buriti. Para colher o fruto é preciso entrar numa espécie de pântano e lá tem muitas cobras.

Entrevistando uma das mulheres que vive dessa atividade, ela falava com a maior tranquilidade. Que, quando encontrava uma cobra, só passava por cima.

Falou assim, tranquilamente, como se fala de uma barata. É só um exemplo, dentre muitos. Eles até riem quando a gente diz que tem medo de cobra, onça, escorpião, marimbondo... O piauiense, há muito mais tempo que os outros povos, convive com o meio ambiente em harmonia. Cada um na sua.

JMN : Depois da caravana, você acredita que as pessoas descobriram um novo Piauí?

CL: Não tenho dúvidas disso. O projeto cresceu enquanto era executado. E nós, que estávamos no interior, nós da equipe, não tínhamos noção. Só percebemos quando voltamos. A Rede Meio Norte tem o mérito de ter executado o primeiro projeto ? e este foi das 7 Maravilhas ? que mostrou o Piauí belo para os piauienses.

Quem mostrou que temos, sim, muitos lugares, crenças, tradições, histórias, costumes, culturas,que são ricos. O Sistema MN mostrou o Piauí que a gente ama. E foi a primeira vez que isso aconteceu. A história está se encarregando de mostrar isso.

Porque a História é sábia e justa com os pioneiros.

JMN: Foi difícil fazer esse trabalho? Conta um pouco dos bastidores.

CL: Difícil, pelo lado pessoal. Eu tenho, uma filha, que, na época tinha 15 anos. Uma idade difícil. E eu posso dizer que não dei a ela a atenção que merecia. Porque a dedicação era integral. Mas valeu a pena dar um stop na vida por uma causa maior. Fácil não foi. Mas o prazer era tão grande.

Imagine, você saber que está fazendo o trabalho da sua vida? Você se dedica o máximo do máximo. Todos nós da equipe ? é preciso que isso fique claro, porque eu não fiz nada sozinha ? fizemos o melhor que podíamos. Com amor à causa, o que é mais importante.

Os bastidores eram, literalmente, um capítulo à parte. Viraram o encerramento de cada uma das etapas. Eu escrevia as crônicas ? uma licença jornalística, uma vez que eram pessoais, revelavam nossos momentos, o que sentíamos.

Em alguns casos, eu chorava logo que terminava de escrever. Era uma catarse. Outra coisa é que a caravana não era programada. Digo, muita coisa era descoberta depois que chegávamos.

Com a ajuda das pessoas, das produtoras, dos repórteres e de todos da equipe. As pessoa nos procuravam nos hotéis onde ficávamos. Aí está, talvez, o segredo do sucesso deste projeto. Ele foi construído coletivamente. E, como tudo que é assim, mais verdadeiro.



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