Médico piauiense abre empresa de moldes em 3D

Aos 29 anos, o médico teve a ideia pioneira

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A área de saúde se torna, cada vez mais, uma das principais usuárias de Tecnologia da Informação (TI), que auxilia desde o diagnóstico até sistemas de gestão.

Dessa forma, o médico piauiense Bruno Aragão Rocha, formado pela Universidade de São Paulo (USP), tem desenvolvido uma tecnologia de Impressão 3D.

A inovação tecnológica é o aperfeiçoamento e a adaptação de métodos gráficos, usados no desenvolvimento de produtos por empresas de engenharia, que são aplicados em favor da saúde.

Aos 29 anos, o médico teve a ideia pioneira ainda dentro do ambiente acadêmico durante sua residência em Radiologia e Diagnóstico por Imagem: a impressão de imagens de órgãos do corpo humano em três dimensões para facilitar o aprendizado. Pouco tempo depois, o projeto se tornou um negócio e atualmente Bruno Rocha é um dos sócios-fundadores de uma empresa que faz moldes em três dimensões para planejamentos cirúrgicos e outras atividades.

As impressões são feitas a partir de um exame de imagem. A empresa tem outro sócio, que é engenheiro mecânico. É ele quem prepara a imagem para ser impressa.

Esse processo leva de cinco dias a um mês. O custo das peças varia de acordo, principalmente, com seu volume, em geral, custando entre R$ 500 e R$ 2.500.

“Após a realização de vários casos de planejamento cirúrgico para ex-professores meus, percebi que o serviço que eu estava desenvolvendo nos muros da universidade poderia ser de grande utilidade para a população fora da universidade e foi aí que recebi apoio da própria USP através do CIETEC (Incubadora de base tecnológica de São Paulo) para a abertura da empresa”, avaliou.

O médico e empresário esclarece que a impressão 3D na área da saúde pode ter algumas finalidades diferentes. Para ele, a principal delas é o planejamento cirúrgico, principalmente em áreas como Ortopedia e Cirurgia Craniofacial.

Já que a partir disso, pode-se usar a tecnologia de Impressão 3D para replicar órgãos humanos para planejamento cirúrgico e ensino em escala real, além de poder desenhar instrumentais e próteses sob medida baseados na anatomia única de cada paciente.

“Imagine o cenário em que um cirurgião vai retirar um pedaço do osso da sua perna para corrigir uma curvatura e ele pode planejar e treinar sua cirurgia uma semana antes em uma réplica em tamanho real feita a partir do exame de Tomografia Computadorizada. É exatamente isso que possibilitamos”, acrescentou.

Informações anatômicas são convertidas para ambiente virtual

Sobre o funcionamento das tecnologias gráficas desenvolvidas pelo médico, assim como os benefícios para os pacientes, ele explica que sua equipe converte as informações anatômicas disponíveis nos exames de Radiologia para o ambiente gráfico virtual CAD, no qual elas podem ser impressas em 3D.

Recebem os exames de imagem através de uma plataforma web na qual o médico ou o próprio paciente pode enviar a Tomografia Computadorizada, por exemplo, e explicar sucintamente o objetivo do planejamento.

A partir daí, uma equipe composta por médicos radiologistas e engenheiros irá fazer todo o planejamento gráfico e impressão 3D do caso, enviando a peça impressa para a cidade em que o procedimento será realizado.

Para os médicos, esse tipo de tecnologia possibilita um entendimento tridimensional e um planejamento cirúrgico muito mais preciso, aumentando sua confiança, segurança e reduzindo tempos cirúrgicos.

Para o paciente, além dos benefícios diretos do melhor planejamento e menor tempo operatório, essa tecnologia possibilita um entendimento muito melhor sobre sua própria doença e a proposta cirúrgica a ser feita.

"A comunicação médico-paciente fica muito mais efetiva. É muito mais fácil um médico explicar o que vai fazer numa cirurgia com a peça impressa em 3D nas mãos, do que apontando uma caneta numa chapa de tomografia ou tela de computador", pontuou.

Impressões dão suporte para ensino acadêmico

Além do planejamento cirúrgico, a parte educacional tem ganhado muito espaço. O ensino de anatomia óssea por exemplo, pode ser feito todo através de peças impressas em 3D a partir de exames de imagem, minimizando, dessa maneira, a escassez de ossos humanos reais que os cursos de Medicina têm enfrentado nos últimos anos.

"Eu enxergo, num cenário muito próximo, que muitos cursos, especialmente nas faculdades privadas, comecem a utilizar peças anatômicas impressas em 3D para o ensino, possibilitando, por exemplo, que cada aluno possa levar para casa seu próprio material didático de anatomia para estudar.

Eu, por exemplo, já tive que ficar até tarde da noite dentro do laboratório de anatomia estudando todos os buraquinhos da base do crânio para uma prova no dia seguinte, tendo que dividir a mesma peça de cadáver com mais 15 amigos de turma.

Se naquela época eu tivesse acesso a essa tecnologia, eu teria meu próprio crânio, em escala real ou miniatura, para estudar em casa", lembrou. (W.B.)

Médico e empresário: profissões são aliadas

Bruno Aragão considera que o trabalho de criação em 3D não difere muito da atividade que realiza como radiologista e encara apenas como uma aplicação diferente do ofício que aprendeu. Ao fundar a empresa, buscou-se montar uma equipe diversificada com formações complementares.

"Nós contamos com o Dr. Virginio Rubin, médico radiologista; Danilo Barbosa, engenheiro mecânico com ampla bagagem em tecnologia CAD e com MBA pela Fundação Dom Cabral; Dr. Guilherme Noffs, médico ortopedista do Instituto de Ortopedia da USP; e o Fernando Rubin, advogado formado pela USP, responsável pelo setor jurídico e contratos da empresa. Juntos empreendemos e somos responsáveis pelos resultados que temos alcançado e as perspectivas que se abrem", considerou.

Bruno Aragão Rocha nasceu em Teresina. Em 2013, ano que prestou vestibular aos 18 anos, foi aprovado no curso de Medicina da Ufpi e também na USP, em São Paulo e optou por cursar e morar na capital paulista onde reside até hoje. Ele se formou no fim de 2009. Fez especialização também na USP, e, em seguida, começou a trabalhar no Hospital Sírio-Libanês.



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