Menino haitiano vai reencontrar a mãe após três anos no Brasil

Os sequestradores de Virgile foram identificados pela Polícia Federal e denunciados

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Depois de quase três anos no Brasil, afastado da família, o menino haitiano Virgile, encontrado na Estação Itaquera do Metrô na zona leste de São Paulo vai finalmente encontrar a mãe. Na segunda-feira (12), o adolescente embarca para a Guiana Francesa, finalmente com o passaporte de seu país e o visto francês que permitirá que more no país vizinho. Vítima de uma rede de extorsão e tráfico de pessoas, o garoto foi abandonado pelos traficantes no Brasil e caiu em uma outra rede - a da burocracia internacional.

O pequeno haitiano chegou ao País em dezembro de 2009, com 11 anos, depois que a mãe, Dieula Goin, enviou dinheiro para que sua família no Haiti mandasse o filho encontrá-la na Guiana Francesa. Sem saber, os familiares entregaram o garoto aos bandidos. O coiote capturou Virgile e mais 12 crianças haitianas no bairro Fond de Negres, em Porto Príncipe, capital de seu país. Na sequência, viajaram em um voo da Copa Airlines - as cópias das passagens foram obtidas pela Polícia Federal brasileira.

O grupo fez conexão na Cidade do Panamá e desembarcou em Lima, no Peru. Dali, todos foram para Buenos Aires, na Argentina, onde tomaram um ônibus para o Rio de Janeiro. Na primeira tentativa de entrarem no Brasil, foram barrados em Foz do Iguaçu (PR). No dia seguinte, o grupo cruzou a fronteira e rumou para São Paulo, onde o sequestrador telefonou para a mãe e exigiu mais US$ 2 mil para entregar Virgile. Mas Dieula não tinha o valor e, por isso, os coiotes deixaram o menino no Brasil.

Os sequestradores de Virgile foram identificados pela Polícia Federal e denunciados pela procuradora Ana Carolina Previtalli Nascimento, sob acusação de introduzir clandestinamente estrangeiros no País (1 a 3 anos de prisão) e abandono de menor (6 meses a 3 anos). O líder dos coiotes, Jean Paul Samuel Myrthil, ainda foi acusado de extorsão mediante sequestro (4 a 10 anos). O juiz decretou prisão preventiva de cinco deles - que estão foragidos - e encaminhou o caso à Interpol.

Ao ser encontrado sem documentos e sem falar português, o garoto foi levado a um abrigo em São Paulo, onde foi amparado pelo juiz Paulo Fadigas, da Vara da Infância e Adolescência. Uma investigação revelou a rede de tráfico e encontrou a mãe do menino na Guiana Francesa.

Burocracia

Dieula Goin é casada e residente regular do país e poderia levar para lá os filhos. No entanto, seu filho estava no Brasil sem documentos, retidos pelos traficantes. O Brasil chegou a emitir um passaporte emergencial para estrangeiros, mas o governo da França se recusava a dar o visto, alegando que esse não é um documento oficial para a União Europeia. Ao mesmo tempo, o governo do Haiti não emitia um novo passaporte porque a família do garoto não possuía mais seus documentos.

O passaporte foi emitido apenas em junho, depois de mais de dois anos de pressão do Itamaraty. O assunto chegou ao presidente haitiano, Michel Martelly, que decidiu resolver o caso antes de visitar o Brasil durante a Rio+20 - uma vez que havia temores de que ele fosse publicamente cobrado.

Com o documento em mãos, a Vara da Infância conseguiu o visto francês e a garoto, agora com 14 anos, embarca para encontrar a mãe em uma semana. Depois de três anos no Brasil, quase não fala mais o creole nativo do Haiti, apesar de a Justiça brasileira ter organizado constantes contatos entre ele e a mãe por computador - na maior parte das vezes, ele precisava ser ajudado por um intérprete. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.



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