MPF denuncia médica sérvia por morte de jovem em cruzeiro

A médica Jasna Tankosic começou o atendimento médico administando glicose na veia de Isabella

Avalie a matéria:
|
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

O Ministério Público Federal em São José dos Campos (SP) denunciou nesta quinta-feira a médica sérvia Jasna Tankosic por homicídio culposo pela morte da estudante de Direito Isabella Baracat Negrato. Para a procuradoria da República, o quadro de coma alcoólico da estudante, que morreu a bordo do navio MSC Ópera, em 19 de dezembro de 2008, não foi diagnosticado corretamente pela profissional, que atendeu a jovem como um simples caso de intoxicação e não adotou os procedimentos médicos corretos. A jovem morreu de asfixia causada por aspiração de vômito.

Segundo a denúncia do procurador Angelo Augusto Costa, Isabella e a amiga Lissa Curado, também estudante de Direito, participavam de um cruzeiro voltado para universitários no navio MSC Ópera. No dia da morte, as duas estavam na piscina e teriam ingerido bebidas alcoólicas. Em torno de 16h, Lissa saiu para atender uma chamada no celular e deixou a amiga conversando com um rapaz desconhecido. Quando voltou, meia hora mais tarde, encontrou a colega inconsciente e coberta de vômito.

Por volta de 17h10, a médica Jasna Tankosic começou o atendimento médico administando glicose na veia de Isabella. A jovem vomitou mais e a médica orientou que Lissa voltasse com Isabella para a cabine, pois ela dormiria a noite inteira. Lissa negou e ficou na enfermaria. Pouco depois, o maxilar da vítima travou e Jasna colocou uma máscara de oxigênio na paciente e mandou que a amiga ligasse para a família da estudante e perguntasse se ela sofria de epilepsia. Às 17h30, Isabella sofreu quatro crises convulsivas consecutivas e a médica pediu que a vítima fosse removida para um hospital, mas o quadro evoluiu para uma parada cardíaca. Jasna tentou reanimar a jovem, inclusive com desfibrilador, mas a vítima não reagiu e faleceu às 19h10.

Segundo o laudo de exame de corpo de delito produzido pelo Instituto Médico Legal, Isabella estava em coma alcoólico, na concentração de 2 g/l de sangue, e o médico legista apontou que a causa da morte foi "asfixia mecânica por aspiração de líquido (vômito)".

Quando um paciente se encontra em coma profundo, a ciência médica prevê que é obrigatória a intubação do paciente para proteger as vias aéreas. Como Isabella não foi intubada, ela aspirou o próprio vômito, o que causou as convulsões e a parada cárdio-respiratória. Segundo a denúncia, o centro médico do navio possuía os instrumentos e medicamentos necessários para salvar a estudante.

Na denúncia, o MPF considera que a acusada contribuiu para a morte, pois "embora tivesse à disposição todos os meios necessários para intervir no curso causal de maneira rápida e decisiva, confiou levianamente em que a adoção do procedimento padrão para os casos de intoxicação alcoólica levaria, por si só, a reversão do quadro extremamente grave de Isabella Bacarat Negrato". Pelos sinais apresentados por Isabella, conclui-se que ela já estava em coma quando chegou ao centro médico do navio.

A médica Jasna Tankosic reside na Sérvia. O MPF requereu à Justiça Federal que o juiz expeça uma carta rogatória para que ela tome conhecimento da ação, caso ela venha a ser aberta. A denúncia foi oferecida no último dia 3 de setembro e está sob apreciação da 1ª Vara Federal de São José dos Campos.

Homicídios habitualmente não são de atribuição do MPF, mas nos casos de crimes contra a vida ocorridos no mar territorial e no espaço aéreo brasileiro, a competência é da Justiça Federal. O caso está na Justiça Federal de São José dos Campos, que detém a jurisdição sobre o município de São Sebastião, em cujo porto o navio estava fundeado.



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES